Pesquisa revela altos índices de assédio contra médicas no Brasil

Pedro Ramos Por Pedro Ramos
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Uma pesquisa pioneira conduzida pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Paulista de Medicina (APM) revelou dados alarmantes sobre a prevalência de assédio moral e sexual contra médicas no Brasil. Os resultados, divulgados nesta quinta-feira (14), destacam a gravidade da situação e lançam luz sobre uma problemática persistente no ambiente de trabalho dessas profissionais.

De acordo com a 1ª Pesquisa Violência contra a Mulher Médica, 62,65% das médicas no país já foram vítimas de assédio moral e/ou sexual. Além disso, surpreendentes 74,08% testemunharam ou souberam de casos similares envolvendo colegas de profissão. Os dados apontam para um cenário preocupante que demanda ações urgentes.

Agressões verbais e físicas

A pesquisa também revela que 51,14% das médicas já foram alvo de agressões verbais ou físicas, e 72,35% têm conhecimento de episódios similares envolvendo colegas. Os números sugerem uma atmosfera hostil que compromete não apenas o bem-estar das médicas, mas também a qualidade do ambiente de trabalho no setor da saúde.

Surpreendentemente, apenas 44,62% das médicas que vivenciaram situações de agressão relataram o ocorrido à chefia imediata ou à diretoria. Apenas cerca de 10% formalizaram queixas em órgãos judiciais ou policiais. Mais alarmante ainda é o fato de que em apenas 5,40% dos casos houve efetiva apuração e punição dos responsáveis, revelando um desencorajamento generalizado para a denúncia.

Preconceito de gênero


 

O estudo ressalta que cerca de 71% das médicas vivenciaram situações de preconceito de gênero no ambiente profissional (Foto: reprodução/Freepik)


Além do assédio, a pesquisa destaca que 70,48% das médicas enfrentaram situações de preconceito de gênero no ambiente de trabalho. Para 76,37% delas, a igualdade de gênero na carreira é uma realidade distante, e metade nunca foi indicada a um cargo de chefia. Esses números refletem um ambiente profissional marcado por desigualdades persistentes.

Diante desse panorama, a 1ª secretária da AMB, Maria Rita Mesquita, ressalta a importância de ações concretas para melhorar o ambiente de trabalho e promover a igualdade de gênero. Com base nos dados da Demografia Médica, que prevê que as mulheres representarão 56% da força de trabalho médico até 2035, a necessidade de implementar medidas efetivas torna-se ainda mais premente.

Iniciativas da AMB para mudanças

Maria Rita destaca que a AMB disponibiliza um canal seguro no seu site para que as mulheres possam denunciar com privacidade e segurança. Além disso, a associação está organizando uma comissão nacional de mulheres médicas de todos os estados, que se reunirá periodicamente para discutir e implementar ações eficazes contra a violência de gênero no ambiente profissional.

 

Foto destaque: Pesquisa destaca panorama de violência contra mulheres na comunidade médica brasileira (Reprodução/Freepik)

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