Estudos apontam que as pessoas que dormem pouco podem desenvolver comportamentos mais egoístas

Eduardo Nobel Por Eduardo Nobel
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Já é banal escutarmos por aí que o ser-humano precisa de noites bem dormidas e de um sono de qualidade. Além de fortalecer o nosso sistema imunológico e consolidar o nosso sistema nervoso, o nosso corpo também libera hormônios – que são essenciais para a melhoria do nosso humor e a nossa sociabilidade – enquanto nós estamos dormindo. Mas você sabia que, ao abrirmos mão de algumas horas de sono durante a noite, podemos passar a ter comportamentos mais egoístas?

Uma pesquisa publicada pela revista PLOS Biology, na última terça-feira (23), apontou que as pessoas que têm uma carga horária de sono reduzida durante a noite possuem uma probabilidade maior de não quererem ajudar uma pessoa quando ela estiver passando por um problema ou necessidade.


Duas pessoas indispostas a ajudar a outra. (Foto: Reprodução/Pinterest)


Tendo isso em vista, pesquisadores da Universidade de Berkley, na Califórnia, realizaram três estudos comportamentais que analisavam esse efeito “egoísta”, trazido pelas poucas horas de sono. Ao final desses estudos, Ben Simon, um dos líderes da pesquisa, constatou que “uma hora de perda de sono é mais do que suficiente para influenciar a escolha de ajudar outra pessoa.”

Em seu primeiro estudo, Ben Simon e seus colegas de pesquisa fizeram uma análise de um banco de dados que continham estatísticas de 3 milhões de doações de caridade entre os anos de 2001 e 2016. Ao observar esses dados, foi descoberto que no período de horário de verão, quando as pessoas perderam uma hora do seu sono, o número de arrecadação das caridades caíram em 10%. Essa diminuição não foi notada nos estados americanos que não aderiram ao horário de verão

O segundo estudo foi feito com a participação de 24 voluntários saudáveis. Os cientistas fizeram uma ressonância magnética para escanear o cérebro dessas pessoas após 8 horas de sono. Logo em seguida foi feito uma segunda ressonância para escanear o cérebro dessas pessoas, após uma noite inteira sem dormir. No fim desse experimento, eles descobriram que as regiões do cérebro que são responsáveis pela rede neural pró-social, que está relacionada em fazer uma pessoa despertar uma empatia por alguém e de entender as suas necessidades, era menos ativa após uma noite sem dormir.

No terceiro estudo, os cientistas mapearam o sono de 100 pessoas, de três à quatro noites. Durante esse experimento, a qualidade do sono desses voluntários foi medida pelos pesquisadores através da quantidade de horas que eles ficavam em sono profundo e quantas vezes essas pessoas acordavam durante a noite. Segundo as descobertas feitas por Ben, a qualidade do sono  afeta significamente a empatia de uma pessoa no dia seguinte.

Ao analisar esses cenários, Ben conclui:  ” Se alguma vez, durante um momento de grande individualismo do qual as pessoas vivem, fosse necessário que existisse um estimulante que despertasse em nós a solidariedade e a gentileza, o ato de dormir se torna a menor maneira para essas pessoas se manifestarem em sociedade com empatia e generosidade.”

Com esse estudo, Ben espera que as pessoas passem a se atentar com as suas horas de sono para que elas possam dar vazão ao fluxo de empatia que corre no nosso organismo enquanto descansamos.

 

Foto destaque: Pessoa sentido os efeitos incômodos de uma noite mal dormida. Reprodução/GE.

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