Segundo dados apresentados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) nesta segunda-feira (27), o Brasil continua sendo, pela 16ª vez, um dos países mais perigosos para a população trans e transexual. Apesar do perigo consecutivo, o dossiê apresentou uma queda em relação ao ano anterior. Mas, ainda apresenta índices altos, marcados por mortes brutais contra essa população.
A pesquisa
No dossiê apresentado pela Antra , dados revelam que a maioria do público vitimizado tem expectativa de vida de até 35 anos, sendo, em sua maioria, jovens, pessoas carentes e nordestinas.
Uma das constatações do estudo é que as mais atingidas são mulheres trans, ou seja, pessoas que se identificam como mulheres, mas foram designadas como homens ao nascer. Além disso, o local mais frequente para a ocorrência da violência são espaços públicos, onde os crimes acontecem com ampla violência e crueldade.
Estados com o índice mais alto
O documento apresentou os estados brasileiros que, por sua vez, têm os índices de violência contra pessoas trans e travestis mais altos do país. Um deles é São Paulo, que registrou 16 casos, seguido por Minas Gerais, que ocupou a 2ª posição, com mais de 10 ocorrências.
Na sequência, o Ceará aparece em 3º lugar, com 11 assassinatos registrados, enquanto o Rio de Janeiro contabilizou 10 casos, ocupando a 4ª posição.
Os estados da Bahia, Mato Grosso e Pernambuco também se destacaram nos números alarmantes, com 8 ocorrências cada. Já os estados de Alagoas, Maranhão, Pará e Paraíba apresentaram índices um pouco menores, sendo 6 e 5 casos respectivamente.
Piauí e Rio Grande do Sul registraram 4 casos cada. Os números seguem caindo em Espírito Santo e Santa Catarina, que contabilizaram 3 assassinatos, seguidos por Goiás, Rondônia e Sergipe, com 2 casos cada.
No Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná, foi registrado 1 caso em cada estado.
Ainda de acordo com os dados do dossiê, não houve registros de homicídios no Acre, Rio Grande do Norte e Roraima em 2024. Por outro lado, o estudo apontou a mesma violência contra brasileiros no exterior, além de 1 caso identificado por brutalidade, sem que a localização exata fosse especificada.
Medidas de solução
Para a solução, a presidente da Antra, Bruna Benevides, destacou que, apesar da diminuição de homicídios no país, a comunidade trans necessita de ações concretas para acabar com a transfobia. Essas ações incluem medidas educacionais, políticas integradas de recursos direcionados e canais de denúncia.
Ela também defendeu que o Estado registre os casos de violência contra pessoas trans, produza dados sobre essa população e fortaleça as instituições sociais para promover a cidadania e garantir os direitos das pessoas trans. Essas estratégias devem garantir igualdade de oportunidades, proteção contra discriminação e desenvolvimento de políticas públicas externas voltadas para a inclusão.