Empresas americanas são responsáveis por 34% dos investimentos no Brasil

Ao falar de investimentos internacionais no Brasil, a influência dos Estados Unidos não passa despercebida. Dados da Amcham Brasil, divulgados em 28 de julho de 2025, revelam que as empresas americanas detêm 34% do total do investimento direto no Brasil, equivalente a mais de US$ 357 bilhões. Esse capital se concentra, principalmente, em três setores estratégicos para o país: tecnologia, veículos e energia.

O impacto do investimento americano no Brasil

Os investimentos de empresas dos Estados Unidos têm se mostrado essenciais para o fortalecimento de áreas chave da economia brasileira. A tecnologia, por exemplo, recebeu um impulso significativo com a construção de novos data centers e empresas de tecnologia avançada. Já a indústria automotiva segue como um setor importante, com investimentos em fábricas e inovação no desenvolvimento de veículos.

Em um cenário mais amplo, o investimento americano também está direcionado para a infraestrutura energética do país. O apoio das empresas dos EUA tem sido importante no desenvolvimento de energias renováveis e novas soluções para a matriz energética brasileira, além de projetos em gás e petróleo.


Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil (Fonte: reprodução/Buda Mendes/Getty Images Embed)


O efeito multiplicador no mercado de trabalho

Além de gerar avanços tecnológicos e industriais, esses investimentos têm gerado empregos de alta qualidade e com valor agregado para a economia nacional. Estima-se que mais de um milhão de brasileiros estejam empregados diretamente em empresas americanas no país. De acordo com a analista de economia da CNN, Thais Herédia, esses números são reflexo de uma relação estratégica entre os dois países, com vantagens mútuas.

“É um fluxo de capital que traz inovação, além de estimular o crescimento das empresas brasileiras que são parceiras desses investidores estrangeiros”, afirmou Thais, durante sua análise no CNN Prime Time.

Desafios no comércio bilateral

Apesar do cenário positivo, o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos não está livre de desafios. O recente anúncio de uma possível tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, somado a outros entraves diplomáticos, pode afetar essa relação.

Uma comitiva brasileira já se encontra em Washington em busca de soluções que não comprometam o fluxo de investimentos e comércio entre os dois países. O futuro da relação econômica entre os EUA e o Brasil, portanto, depende das decisões políticas que serão tomadas nas próximas semanas.

Fusões em alta indicam cenário promissor, diz JPMorgan

O JPMorgan Chase projeta um cenário otimista para o mercado global de fusões e aquisições (M&A) no segundo semestre, impulsionado pela crescente disposição dos executivos em operar em meio à incerteza dos mercados e políticas globais. Após um período de desaceleração devido à guerra comercial, os volumes de M&A globais dispararam 27% no primeiro semestre, alcançando US$ 2,2 trilhões. Esse crescimento foi notavelmente impulsionado por um aumento de 57% nos “mega negócios” – transações acima de US$ 10 bilhões – conforme dados do JPMorgan, um dos maiores negociadores do mundo.

Proatividade e o Impacto da IA no M&A

Anu Aiyengar, chefe global de consultoria, fusões e aquisições do JPMorgan, destaca uma mudança de mentalidade: as empresas não estão mais esperando por certezas, mas agindo proativamente. Os conselhos estão encorajando as equipes a buscar acordos transformadores, especialmente os mega negócios, para fortalecer cadeias de suprimentos e impulsionar a tecnologia em um mundo instável. A persistência das transações transfronteiriças, apesar dos riscos regulatórios, reflete a necessidade crucial de escala para multinacionais que enfrentam protecionismo político e mudanças tecnológicas rápidas.

A inteligência artificial (IA) é um catalisador significativo para o M&A no segundo semestre. Com o mercado de IA projetado para crescer de US$ 60 bilhões em 2022 para US$ 1,8 trilhão até 2030, e com 40% das empresas norte-americanas já adquirindo ferramentas de IA, o investimento neste setor é massivo. Empresas de tecnologia preveem gastar US$ 1 trilhão em data centers nos próximos cinco anos, evidenciando a busca por inovação e infraestrutura.


Publicação sobre previsão de fusões entre empresas (Foto: reprodução/X/@istoe_dinheiro)

Os Setores promissores são da tecnologia, industrial e energia

Aiyengar enfatiza que o mercado recompensa a escala. Negócios de US$ 500 milhões já não são suficientes para gerar um impacto significativo. “Como os problemas que você precisa resolver são grandes, mergulhar de cabeça não funciona. Você precisa fazer algo significativo”, afirma ela.

Os setores de tecnologia, industrial e energia são os mais promissores para o resto do ano. A Ásia, em particular, dobrou sua atividade de negócios no primeiro semestre, e esse ritmo deve continuar. Contudo, o mercado mais aquecido e caro para aquisições é atualmente o norte-americano, devido ao seu tamanho, resiliência do consumidor e agilidade das empresas, tornando-o atraente em um ambiente volátil.

Domo de Ouro dos EUA aposta em novos parceiros fora da órbita de Musk

O governo Trump iniciou uma movimentação estratégica para reduzir a dependência da SpaceX no desenvolvimento do Domo de Ouro, sistema de defesa espacial avaliado em US$ 175 bilhões, segundo fontes. O governo norte-americano tem buscado alternativas ao estabelecer diálogos com o Projeto Kuiper, da Amazon, e grandes fabricantes do setor bélico. A decisão ocorre em meio ao desgaste público entre Trump e Elon Musk.

Segundo fontes ligadas à Casa Branca e ao Pentágono, a estratégia sinaliza uma abertura para novos parceiros, rompendo com a centralização da SpaceX, responsável por grande parte das operações via Starlink e Starshield.

Ruptura com Musk acelera novas alianças

O Afastamento entre Donald Trump e o bilionário Elon Musk ficou evidente após um atrito público no início de junho. Antes mesmo do episódio, autoridades já demonstravam receio sobre a concentração de responsabilidades nas mãos de uma única empresa. Com isso, empresas como a Rocket Lab e a Stoke Space foram convidadas a disputar contratos futuros do projeto.

Em declaração à Reuters, a SpaceX afirmou não ter interesse direto nos contratos mencionados. No entanto, devido à sua liderança em lançamentos orbitais e experiência com contratos governamentais, a companhia ainda é vista como peça estratégica em etapas futuras.


Presidente Donald Trump, durante declaração à imprensa sobre possível rompimento com a SpaceX (Vídeo: reprodução/YouTube/CNNBrasil)

Amazon e gigantes da defesa entram no radar

Com cerca de 78 satélites em órbita, o Projeto Kuiper, da Amazon, foi consultado para integrar a estrutura de comunicação do Domo de Ouro. A constelação da empresa continua em estágio inicial, mas já desperta interesse por seu potencial em aplicações militares, como rastreamento e resposta a ameaças aéreas.

Além da Amazon, empresas como Northrop Grumman, Lockheed Martin e L3Harris também foram acionadas. Essas companhias devem oferecer tecnologias para alerta e rastreamento de mísseis e até interceptação em órbita. A expectativa é que os contratos sejam licitados individualmente à medida que o projeto avança, estimulando a competitividade e o surgimento de soluções mais ágeis e econômicas.

Pressão por novos satélites e orçamento bilionário

Com o orçamento da Space Force saltando de US$ 900 milhões para US$ 13 bilhões, o Congresso dos Estados Unidos tem pressionado por uma aceleração na produção de satélites pelo setor privado. A expectativa é que parte desse montante seja direcionada a empresas emergentes, especialmente aquelas que oferecem alternativas à SpaceX.

No total, US$ 25 bilhões serão liberados na primeira fase do financiamento autorizado pelo Congresso, dentro do plano fiscal de Trump. A iniciativa busca acelerar o desenvolvimento de camadas orbitais do Domo de Ouro, inspirado no sistema israelense Domo de Ferro, mas com cobertura global e múltiplos níveis de proteção.

Trump sanciona lei sobre stablecoins e impulsiona ações de empresas de criptomoedas

As ações de empresas ligadas ao setor de criptomoedas registraram forte alta nesta segunda-feira (21), impulsionadas pela sanção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao projeto de lei Genius Act, que estabelece um marco regulatório para as stablecoins no país. A legislação, assinada na noite de sexta-feira (18), representa um passo significativo rumo à institucionalização do setor cripto e foi celebrada como uma vitória pelos entusiastas da tecnologia blockchain.

Stablecoins com ativos estáveis

As stablecoins são criptomoedas projetadas para manter paridade com ativos estáveis, geralmente o dólar norte-americano. Com ampla utilização por traders para facilitar transações entre diferentes tokens, essas moedas digitais vinham sendo alvo de debates sobre regulamentação há anos. Agora, com a aprovação formal do Congresso — 308 votos a favor e 122 contra na Câmara dos Representantes, com apoio bipartidário — e posterior sanção presidencial, o setor ganha novas diretrizes e maior previsibilidade jurídica.

O Genius Act, entre outras medidas, proíbe o pagamento de juros ou rendimentos sobre stablecoins regulamentadas. A mudança gerou uma movimentação estratégica por parte dos investidores, que passaram a buscar alternativas de rendimento em outras criptomoedas, como o ethereum. Segundo relatório do Deutsche Bank, o novo cenário regulatório tem impulsionado o preço do ether, que foi negociado a US$ 3.783,2 nesta segunda-feira, atingindo um de seus níveis mais altos desde dezembro de 2024.

Maior Criptomoeda


Bitcoin, a maior criptomoeda do mundo (Foto: reprodução/o illustration by Cheng Xin/Getty Images Embed)


Já o bitcoin, a maior criptomoeda do mundo, teve alta de cerca de 1% no dia, cotado abaixo de sua máxima histórica de US$ 123.153 registrada na semana passada. A valorização refletiu a melhora no sentimento do mercado diante da sinalização positiva do governo americano.

No mercado acionário, empresas que detêm ativos digitais em seus balanços também se beneficiaram do otimismo. As ações da BitMine, que tem como principal investidor o bilionário da tecnologia Peter Thiel e tem Tom Lee, da Fundstrat, como presidente, subiram 5,3%. Outras companhias com exposição relevante ao ether, como Bit Digital, BTCS e SharpLink Gaming, avançaram entre 3,1% e 12,6%.

A sanção do Genius Act marca um novo capítulo na relação entre o governo dos EUA e o universo das criptomoedas, com potencial de atrair novos investidores e estimular a adoção institucional desses ativos.

Mercado brasileiro tem leve alívio, mas segue atento à ameaça de tarifa de 50% dos EUA

A semana começou com certo alívio para o mercado financeiro brasileiro, em meio à apreensão quanto à possível imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais importados pelos Estados Unidos. Em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que continuará tentando negociar com Washington, mas admitiu que a medida pode entrar em vigor a partir de 1º de agosto, conforme anunciado pelo governo norte-americano. Segundo Haddad, apesar de tentativas de diálogo feitas em maio, ainda não houve qualquer resposta oficial por parte dos EUA.

Mais uma queda do dólar americano

O dólar à vista encerrou o dia com queda de 0,40%, cotado a R$ 5,5651, acompanhando o recuo da moeda americana no cenário externo. Já o Ibovespa avançou 0,59%, aos 134.166 pontos, revertendo parte das perdas acumuladas na semana anterior, quando o índice cedeu 2%. O movimento foi impulsionado, em parte, por notícias corporativas e pelo desempenho positivo das bolsas internacionais.

Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq renovaram suas máximas históricas, com altas de 0,14% e 0,38%, respectivamente, puxadas por ações de megacapitalizadas como a Alphabet. O mercado aguarda a divulgação dos balanços corporativos nos próximos dias. O índice Dow Jones, por outro lado, recuou 0,04%, destoando do restante.


Fernando Haddad ministro da Fazenda (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg via Getty Images Embed)


Guerra comercial e cenário político-jurídico

Haddad também declarou que o governo brasileiro avalia a adoção de medidas de apoio a setores afetados pelas tarifas norte-americanas, reforçando que tais ações não necessariamente implicariam impacto fiscal. A complexidade da negociação, no entanto, vai além do campo comercial. Segundo interlocutores, o presidente Donald Trump estaria condicionando um possível recuo à suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, tema jurídico que foge da alçada do Executivo.

Na última sexta-feira (18), os EUA intensificaram a pressão sobre o Brasil ao restringirem a emissão de vistos para autoridades do Judiciário brasileiro e seus familiares, alegando preocupações com os processos legais que envolvem Bolsonaro.

Destaques corporativos

Entre os destaques do pregão, as ações da Fleury ON dispararam 15,44%, após a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiar uma possível fusão com a Rede D’Or. As ações da Rede D’Or ON subiram 0,4%. Em comunicado nesta manhã, porém, ambas as empresas negaram que haja qualquer acordo fechado. Para analistas do Santander, a eventual união seria positiva, embora não se espere um prêmio elevado, como no caso da aquisição da SulAmérica.

A Petrobras PN teve leve alta de 0,19%, mesmo com a queda de 0,1% no preço do barril de petróleo Brent no exterior. Já a Brava Energia ON recuou 1,49%, após uma sequência de ganhos. A empresa informou que concluiu a conexão dos poços 2H e 3H, que agora estão em fase de testes e estabilização — ambos já haviam operado anteriormente por meio do sistema antecipado FPSO Petrojarl I.

Governo estuda planos de ajuda a setores afetados por tarifaço

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, concedeu entrevista à CBN nesta segunda-feira (21), onde falou sobre estudos do governo para ajudar setores que forem mais afetados pelo tarifaço imposto pelos EUA, e também sobre a possibilidade da Lei da Reciprocidade ser colocada em prática.

A tarifa imposta pelos EUA é de 50% e tem previsão para entrar em prazo dia 1 de agosto. Haddad informou que o governo está disposto a negociar a tarifa, mas até o momento não há movimentações por parte do governo americano para que ocorram negociações. O ministro ainda ressaltou que pode não haver resposta até o início de agosto. Em paralelo, o governo avalia a adoção de instrumentos de apoio a setores que forem mais afetados e estuda a possibilidade de retaliação econômica, dentro da Lei da Reciprocidade, aprovada pelo presidente Congresso Nacional.

Planos de apoio e exportações

Em sua fala, Haddad declarou que o governo está trabalhando com uma série de cenários de contingência, onde não necessariamente irá acontecer um impacto fiscal caso haja a implementação das medidas. Ele confirmou que elas dependem do presidente Lula e podem incluir uma combinação de diferentes instrumentos de política econômica que impactem pouco as contas públicas. 

Além disso, neste cenário há uma preocupação com as exportações do Brasil para os EUA. Com o tarifaço, as exportações ficariam defasadas, portanto, o ministro defende que o governo vai redirecionar parte das exportações a outros mercados, embora reconheça que isso levaria tempo e que nem todas as empresas iriam conseguir realizar essa realocação. Por fim, ele informou que a equipe econômica irá apresentar ao presidente Lula os possíveis impactos do tarifaço sobre o PIB (Produto Interno Bruto) e a inflação, ainda nesta semana.


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião do G20 (Foto: reprodução/Wagner Meier/Getty Images Embed)


Retaliação do governo

Ao mesmo tempo, o governo brasileiro ainda procura por uma negociação com os EUA sobre a tarifa de 50% até 1º de agosto, mas Haddad ressalta que não descarta a possibilidade do prazo se esgotar sem uma resposta do governo americano. O ministro reforçou que o país não pretende retaliar com punição a empresas ou cidadãos americanos, citando que a Lei da Reciprocidade pode ser utilizada de maneira a não prejudicar a economia brasileira.

A Lei da Reciprocidade Econômica foi assinada por meio de decreto pelo presidente Lula em 14 de julho, como resposta às tarifas impostas pelo governo americano. A lei permite à imposição de retaliações econômicas – incluindo tarifas – em caso de barreiras comerciais unilaterais, financeiras e/ou de investimentos que afetem a soberania brasileira. As tarifas foram informadas por uma carta enviada por Donald Trump – presidente em ofício dos Estados Unidos – ao Brasil e ao presidente Lula.

Trump impõe tarifa de 50% e setores produtivos brasileiros alertam para risco de colapso

Líderes do setor exportador brasileiro soaram o alerta após os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, anunciarem a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Os segmentos de madeira e pescados são os mais preocupados, temendo um colapso caso a medida passe a valer em 1º de agosto. Apesar de reuniões recentes com representantes do governo brasileiro, os empresários avaliam que os avanços nas tratativas seguem lentos e insuficientes.

Desde o anúncio do tarifaço, o governo Lula intensificou o diálogo com lideranças empresariais por meio de um colegiado interministerial, sob comando do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. No entanto, representantes do setor alegam que, embora a iniciativa tenha sido positiva, a ausência de desdobramentos concretos tem gerado frustração e incerteza no mercado.

Impasse nas negociações e tensão diplomática

Paulo Roberto Pupo, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), relatou que saiu da reunião com o governo com a expectativa de que medidas urgentes seriam tomadas. No entanto, segundo ele, o cenário “piorou” nos dias seguintes, tanto pelas declarações públicas de autoridades quanto pela falta de retorno concreto.

Embora tenha elogiado a articulação do governo como bem estruturada, Paulo Roberto Pupo avalia que, desde então, pouco foi avançado nas negociações e que o prejuízo aumenta a cada dia sem uma saída concreta. Segundo ele, o risco de paralisação no setor madeireiro é real, principalmente entre empresas que destinam toda a produção ao mercado norte-americano.

O principal entrave, de acordo com representantes empresariais, está na dificuldade de estabelecer um canal de negociação com a Casa Branca, em meio à relação tensa entre Lula e Trump. A sugestão do governo brasileiro para que o setor privado pressione os importadores norte-americanos foi recebida com ceticismo, sobretudo no ramo de pescados, que vê pouca chance de essa estratégia surtir efeito.


Empresários criticam a falta de avanço nas negociações e temem prejuízos caso tarifaço entre em vigor (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Setor de pescados teme perder mercado construído em décadas

Para Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), a situação é crítica. Com 70% das exportações voltadas aos Estados Unidos, a nova tarifa pode tornar inviável a operação das empresas brasileiras. Diante disso, a entidade solicitará ao presidente Lula uma linha de crédito emergencial de R$ 900 milhões para garantir a sobrevivência do setor enquanto não se alcança uma solução diplomática.

A entrada de peixes brasileiros no mercado europeu está bloqueada desde 2017, o que torna ainda mais urgente a busca por alternativas. Embora haja expectativa em torno do acordo Mercosul-União Europeia, Lobo alerta que essa possibilidade não virá a tempo de evitar perdas imediatas com o tarifaço.

Segundo Lobo, se os produtos brasileiros saírem do mercado norte-americano, será difícil voltar a esse espaço. Ele destacou que anos de investimento foram necessários para construir uma relação de confiança baseada em qualidade e regularidade, e que perder essa posição seria um retrocesso para o setor.

A principal demanda dos setores até o momento, que é o adiamento da aplicação da tarifa, ainda não foi atendida. Empresários defendem que isso seria essencial para permitir um espaço de negociação mais técnico, além de oferecer tempo para que os exportadores se adaptem às novas exigências.

Stablecoins podem crescer mais com volta do IOF

O ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu nesta quarta-feira (16) a favor do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e o mercado pensa em formas de “driblar” o IOF, como através das criptomoedas stablecoins.

Para as operações de crédito, será mantido o decreto do governo de novas taxas para o IOF, por meio da MP (medida provisória). A medida não inclui transações consideradas como “risco sacado”, tal como antecipação de pagamentos para empresas e seus fornecedores, pois o ministro entende que não se trata de uma operação de crédito.

Rumo do IOF

Os ajustes nos impostos é um tópico muito debatido no Palácio do Planalto e no Congresso desde junho, com um lado pensando em beneficiar a maioria da população que trabalha para pagar basicamente todos os impostos do país, enquanto o outro prefere que as coisas continuem como estão, sem cobrar mais de quem recebe mais.

O presidente Lula havia assinado o decreto, mas o Congresso votou a favor de ser retirado. Dado que as partes não chegaram a um acordo, o governo recorreu ao STF, onde Moraes tomou conta do caso e agendou uma reunião para conciliar o Planalto e o Congresso, onde também não houve concordância; assim, foi imposto ao ministro que ele determinasse o percurso do IOF.

Apesar de ainda precisar dos votos dos outros membros, o aumento do IOF já está ocorrendo, com operações já tendo uma taxa mais alta, como enviar dinheiro para o exterior e investir em moedas mais caras, como o euro.


Com o aumento do IOF, as criptomedas stablecoins podem ter uma chance no mercado (Foto: reprodução/ Freepik/@natanaelginting)

Possível mercado para as stablecoins

Para alguns especialistas, uma forma de “evitar” o IOF são as stablecoins, uma criptomoeda que tem como base de crédito uma moeda — normalmente o dólar — ou ouro, em uma proporção 1:1.

As stablecoins são sugeridas por não terem aplicação de IOF, uma vez que não estão no mercado de câmbio. No Brasil, essas moedas ainda não são regulamentadas, sendo consideradas como ativos financeiros pela legislação.

Apesar de alguns especialistas a considerarem uma opção, inclusive por seu custo-benefício, por não haver uma legislação específica que trate os direitos e obrigações de quem vende e compra, as stablecoins não possuem garantia no Brasil.

Essas criptomoedas também respondem aos ativos em que estão atreladas, seja a moeda ou o ouro. Em outras palavras, elas também estão suscetíveis aos riscos do ouro e do dólar, ou de qualquer outra moeda em que tenha sua base.

Câmara dos Deputados dos EUA avalia leis sobre Criptomoedas e cria expectativas no setor cripto-financeiro

A Câmara dos Deputados dos Estudos superou obstáculos para aprovação de legislação sobre criptomoedas, nesta quarta-feira (16). O avanço ocorreu após o presidente Donald Trump intervir, salvando a iniciativa para a primeira lei federal direcionada a ativos digitais.

Negociação política viabiliza aprovação de projetos cripto

Para fazer valer o parecer favorável à aceitação da estrutura do pacote, as votações foram realizadas nove horas após a articulação dos líderes, que tiveram que conquistar parlamentares que traziam consigo críticas e reflexões.

A prioridade deve ser dada ao projeto de lei para estabelecer uma estrutura federal para stablecoins. O que fortaleceria o setor de criptomoedas.

O fato é que o projeto já tem a aprovação do Senado e, a Câmara dos Deputados também aprovando, a proposta seguirá para a sanção do Presidente Trump.

Projetos e vantagens das criptomoedas

As stablecoins podem ser pareadas em ativos reais, como moedas fiduciárias ou commodities. Em um exemplo com o dólar, 1 unidade da stablecoin vale o mesmo que 1 dólar, além de serem utilizadas por operadores de criptomoedas, movimentando o mercado de fundos.

As stablecoins vêm ganhando força no mercado há alguns anos por oferecerem transações mais rápidas e com menor custo, em comparação às movimentações bancárias.
Aliás, a Câmara dos Deputados pode estabelecer regras para a estrutura de mercado de produtos cripto, incluindo os casos em que esses ativos são tratados como commodities e, portanto, não ficam sob supervisão da agência reguladora do mercado de capitais.

Mas há um terceiro projeto de lei, apoiado pelos conservadores, que quer proibir o Federal Reserve de emitir moeda digital própria. Esse projeto demonstra o temor de alguns republicanos de deixar que o governo tenha controle excessivo das finanças dos estadunidenses.


Donald Trump (Foto: reprodução/Instagram/@realdotrulmp)

O apoio de Trump

Na terça-feira, os projetos de lei não avançaram devido aos democratas bloquearem a votação processual com apoio de conservadores.
Diante dessa resistência enfrentadas pelos republicanos, o presidente Donald Trump fez uma reunião com os parlamentares que não mais resistiram à votação do projeto, no dia seguinte. Embora, depois disso, ainda houvesse mais conversações dos líderes republicanos com os opositores.

Trump volta atrás após fazer declarações com a intenção de demitir Jerome Powell

Nesta terça-feira (15), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a gerar controvérsia ao comentar sobre o futuro de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. Em um curto intervalo de tempo, Trump fez declarações contraditórias que reacenderam o debate sobre a independência da política monetária nos EUA.

Durante uma reunião com parlamentares republicanos na Casa Branca, Trump teria sinalizado a intenção de demitir Powell, demonstrando insatisfação com a condução da política de juros. No entanto, no dia seguinte, recuou publicamente, afirmando que a demissão era “altamente improvável”. Essa mudança repentina de postura gerou incertezas nos mercados financeiros, que reagiram negativamente à possibilidade de interferência política no Fed.

Taxa de juros no centro do embate entre Trump e Powell

O principal ponto de tensão entre Trump e Powell gira em torno da taxa de juros. Enquanto o presidente do Fed adota uma postura cautelosa, argumentando que cortes prematuros podem agravar a inflação, Trump pressiona por reduções mais agressivas, com o objetivo de impulsionar o crescimento econômico. Essa divergência se intensificou especialmente diante dos impactos da política comercial adotada por Trump durante seu mandato, que, segundo Powell, contribuiu para a instabilidade econômica.

Do ponto de vista legal, a demissão de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, não é simples e apresenta múltiplos desafios. A legislação americana prevê que o presidente do Fed só pode ser destituído em casos de má conduta grave, e não há precedentes claros sobre a possibilidade de o presidente dos EUA tomar essa iniciativa unilateralmente. Ainda assim, Trump já demonstrou disposição para desafiar normas institucionais em outras ocasiões, o que torna o cenário ainda mais incerto e cheio de controvérsias.


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Matéria da Real time sobre a intenção de Trump na demissão de Powell (Vídeo: reprodução/X/CNBC/@roloureirotv)


Desafios à Autonomia Institucional e o Papel do Congresso

A situação levanta questionamentos significativos sobre os limites da autoridade presidencial e o respeito à autonomia das instituições econômicas vitais para a estabilidade do país. Caso a ameaça se concretize, o Congresso poderá ser forçado a se posicionar diante de uma possível crise institucional sem precedentes, com sérias implicações.