Depois de estrear na direção de “Nasce uma Estrela” (2018), que disputou nove estatuetas e ganhou o de canção original, Bradley Cooper tem uma nova aposta, “Maestro”, longa exibido no sábado (2), na competição do 80º Festival de Veneza. O artista é diretor, produtor, corroteirista (com Josh Singer) e também ator principal.
“Maestro” é um daqueles filmes que têm tudo de um Oscar. É uma cinebiografia do maestro e compositor Leornad Bernstein, um dos grandes nomes da música norte-americana.
Em teoria, seu recorte é o casamento de Bernstein com a atriz Felícia Montealegre (Carey Mulligan), evitando a tendência desse tipo de longa de deixar a mulher em segundo plano, além disso, há a transformação física em torno do polêmico nariz protético que Cooper usa, para assim, tentar ficar parecido com Bernstein. Meryl Streep, Nicole Kidman e Gary Oldman ganharam Oscars com ajuda da maquiagem prostética.
A maquiagem de Kazu Hiro (“Planeta dos Macacos”, “O Destino de uma Nação”) é bem-feita e não traz uma distração tanto quanto poderia. Para a principal fase madura do maestro, ela é até útil. Porém, a obsessão com a semelhança física é fútil, já que o Bradley Cooper continua não se parecendo com Leonard Bernstein.
O filme em si
Bradley cai na armadilha de tentar abarcar nas décadas de uma vida em um único longa de duas horas, mesmo com o foco do casamento, que é muita coisa. Para aqueles que não sabem muitas informações sobre a carreira do maestro, ficará na mesma.
A canção para “West Side Story”, que revolucionou os musicais, é apenas mencionada. Já para o público que sabe sobre sua carreira e quer entender mais a importância de Felícia em sua vida e obra, deixa a desejar.
“Maestro”
O diretor optou por usar preto e branco nas cenas da juventude de Leonard e Felicia, há algumas dificuldades nas cenas do casal, desde que se conheceram, em uma festa, até quase o final. O primeiro cartaz, com as imagens de Felícia, dava a entender que o filme teria enfoque nela, mas não chega a tanto, pois tem lacunas no retrato dessa mulher e no do relacionamento.
Teaser Oficial de “Maestro”, filme com Bradley Cooper. (Vídeo: Reprodução/Youtube/Netflix Brasil)
Em alguns, ele opta por uma filmagem bem de longe, que causa um distanciamento do espectador do drama. Só no final, investe nas cenas mais motivacionais, realizadas sob medida para compor o clipe do Oscar.
Mesmo com a boa atuação de Mulling, em especial na parte final, a história do relacionamento não é bem retratada. Bradley Cooper se sai melhor nas cenas grandiosas sobre a carreira de Bernstein, como também no momento em que ele, aos 25 anos, conduz a Filarmônica de Novo York pela primeira vez, ou quando ele executa sua obra “Mass”.
Em geral, o resultado é que “Maestro” não é profundo o bastante na vida, e muito menos na obra, e nem faz um retrato interessante de Leonard, muito menos de Felícia e do casamento. Há alguns bons momentos, é tecnicamente competente, mas falta o essencial: alma.
O filme chega à Netflix em 20 de dezembro.
Foto destaque: Carey Mulligan e Bradley Cooper (Divulgação/Omelete)