Milton Gonçalves era um entusiasta do esporte e o judô foi crucial na sua vida

Luísa Cury Por Luísa Cury
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Nesta segunda-feira (30) faleceu, aos 88 anos, o ator Milton Gonçalves, nome histórico da dramaturgia brasileira, tendo atuado em inúmeros papéis nos cinemas, na televisão e no teatro, além de ter sido um excelente diretor. A morte ocorreu em decorrência de problemas de saúde que vinha enfrentando após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 2020. Milton, além de amar sua profissão, tinha também outra paixão: o esporte.

Entre diversas narrações para séries especiais e documentários, ele deixou registrada, 2013, a sua admiração pelo judô. Naquele ano, o ator ‘emprestou sua voz’ e gravou a locução do Sensei SporTV, que fez um documentário especial, sobre Keiko Fukuda, discípula de Jigoro Kano e pioneira na divulgação do judô pelo mundo. “Tenho por ela o maior respeito não só como judoca décimo dan, mas uma mulher que teve a coragem de enfrentar a hostilidade” – refletiu ao lembrar que Keiko Fukuda enfrentou preconceitos machistas do Japão dos anos 1930 para se tornar uma referência no esporte.

Milton foi aluno do sensei Fukio Nakano numa tradicional academia, que ficava localizada no centro da cidade de São Paulo. Para ele, os ensinamentos da arte marcial milenar tanto nas vitórias como nas derrotas o ajudaram a travessar os momentos difíceis na vida. “Isso me ajudou psicologicamente a aceitar a derrota como uma coisa factível. Isso está plantado dentro da minha cabeça, do meu coração, porque foi o que ajudou a sobreviver num meio hostil, pobre, duro, teso (tenso). O judô me ajudou a ter mais confiança em mim mesmo” – contou à época. 


Milton Gonçalves com a camisa do Flamengo, clube do qual era torcedor. (Foto: Reprodução/Mundo Rubro Negro)


Além do judô, apesar de ser mineiro de Monte Santo de Minas, nunca escondeu ser torcedor do Flamengo. Numa participação no programa Redação SporTV – do canal por assinatura especializado em esportes da TV Globo -, ele declarou o seu amor ao clube do coração: “Sou mineiro. Mas muito cedo, muito pobre, fomos para São Paulo. Aí um belo dia começa a escolher o time de futebol, então na minha cabeça… porque nós temos uma coisa, que eu vou falar de coração, eu quero falar de coração, nós temos coisas racistas nesse meio, embora não queiramos, nós temos racistas, então no Corinthians tinha negros, nos outros times, não tinha, não era time, negro não jogava futebol. (…) Venho eu para o Rio de Janeiro, estou aqui já há muitos anos, e aqui, aqui é o Mengão! É a minha felicidade, [já] fui vice-presidente social do Clube de Regatas do Flamengo, meus filhos todos vão lá, participam, meus netos vão lá, porque se for para outro não é mais meu neto (risos). Há democracia, mas todos eles, felizmente, são rubro-negros, são Flamengo de chorar e eu também sou” – comentou na ocasião.

Por fim, para além da figura marcante no entretenimento brasileiro, assim, como no esporte, Milton sempre lutou contra o preconceito e foi uma pessoa marcante no reconhecimento do trabalho dos negros.

 

Foto Destaque: Ator Milton Gonçalves durante participação no prgrama Redação SporTV, em 2017. (Foto: Reprodução/GE)

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