Leão admite culpa por invasão de técnicos estrangeiros
Evento contou com homenagem a Carlo Ancelotti e discursos marcados por desabafos e reflexões sobre o futebol nacional; Leão falou sobre os torcedores
Durante o 2º Fórum Brasileiro de Treinadores, realizado na sede da CBF, Emerson Leão voltou a causar impacto com suas opiniões diretas. Ao lado de Carlo Ancelotti, o ex-técnico da Seleção reconheceu que a presença cada vez maior de estrangeiros no futebol brasileiro também é resultado das próprias falhas dos treinadores nacionais. O encontro, realizado na sede da entidade, contou com homenagens a profissionais que marcaram época no comando de equipes do país, além de um momento especial dedicado ao técnico da seleção brasileira, que recebeu uma placa da Federação Brasileira de Treinadores (FBTF) em reconhecimento à sua trajetória.
Apesar do clima inicial de celebração, o evento acabou abrindo espaço para desabafos e reflexões sobre o atual cenário dos técnicos brasileiros. As falas mais marcantes vieram de dois ícones da beira do campo: Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira. Ambos aproveitaram a ocasião para defender o espaço dos profissionais nacionais e questionar a crescente presença de estrangeiros no comando de clubes e até da própria seleção.
Fórum marcado por sinceridade e provocações
O que deveria ser um encontro de homenagens e compartilhamento de experiências, mas acabou se transformando em um palco de debates sobre o futuro do futebol brasileiro. Emerson Leão, sempre conhecido pela franqueza, aproveitou o momento para revisitar sua trajetória e refletir sobre o cenário atual, ao lado do italiano Carlo Ancelotti, um dos convidados de honra.
Durante o evento, Leão recordou que sempre defendeu a valorização dos profissionais locais e reconheceu que, por muito tempo, se opôs à contratação de técnicos estrangeiros no Brasil. No entanto, o tom mudou ao admitir que o problema não está apenas na presença de estrangeiros, mas também na postura dos próprios brasileiros, que, segundo ele, deixaram de se fortalecer como classe.

Carlo Ancelotti é alvo de duros comentários de ex-treinador da seleção (Foto: reprodução/Rafael Ribeiro/CBF
Autocrítica e lições do passado
O ex-técnico reconheceu que os treinadores brasileiros perderam espaço por não acompanharem a evolução do futebol moderno e por falharem na construção de um movimento mais sólido de valorização profissional. Essa reflexão representou uma mudança importante em seu discurso, tradicionalmente mais combativo em relação aos estrangeiros.
Para Leão, a autocrítica é necessária para que os técnicos nacionais voltem a ocupar posições de destaque, tanto em clubes quanto em seleções. O desafio, segundo ele, está em recuperar o respeito perdido, modernizar métodos de trabalho e adotar uma postura mais unida diante das mudanças do mercado.
Ao final do evento, a mensagem foi clara: a valorização dos treinadores brasileiros precisa partir deles próprios. Leão destacou que o avanço de estrangeiros é uma consequência direta de falhas internas, e que o futuro do futebol nacional depende de um esforço coletivo de renovação e aprendizado contínuo.
As palavras do ex-goleiro e técnico reacendem uma discussão antiga, mas necessária: o equilíbrio entre a influência internacional e a preservação da identidade brasileira no comando técnico. Em um ambiente globalizado, Leão defende que o futebol nacional só voltará a ser referência quando aprender a reconhecer, capacitar e respeitar seus próprios profissionais.
