Nesta quinta-feira (24), faleceu José Adilson Rodrigues dos Santos, popularmente conhecido como Maguila, aos 66 anos. O ex-pugilista brasileiro sofria de encefalopatia traumática crônica (ETC), uma doença neurodegenerativa causada por lesões repetidas na cabeça, comum entre atletas de esportes de contato.
Maguila deixou um legado como um dos maiores ícones do boxe brasileiro. Em sua carreira, acumulou 85 lutas, vencendo 77 delas, com 61 nocautes. Entre suas conquistas mais notáveis, está o título de campeão mundial da Federação Mundial de Boxe, conquistado em 1995, embora a entidade tenha sido alvo de questionamentos.
A doença que levou à sua morte
A encefalopatia traumática crônica (ETC), também conhecida como demência pugilística, é uma doença neurodegenerativa causada por traumas repetidos no crânio. Inicialmente identificada em boxeadores nos anos 1920, a ETC afeta também atletas de esportes como futebol americano e militares expostos a explosões. Seus sintomas incluem perda de memória, dificuldades cognitivas e alterações de comportamento, e podem levar décadas para se manifestar.
Maguila foi diagnosticado com a condição em 2013, após anos de luta contra os efeitos das repetidas lesões sofridas ao longo da carreira. Nos últimos anos de vida, ele permaneceu internado em uma clínica em Itu, no interior de São Paulo, onde recebeu cuidados especializados.
José Adilson Rodrigues dos Santos
Maguila nasceu em 11 de julho de 1958, em Aracaju (SE), e desde cedo encontrou inspiração no boxe. Admirava ícones como Éder Jofre e Muhammad Ali, cujas lutas assistia em uma TV em preto e branco na casa de vizinhos. Sua paixão pelo esporte o levou a se destacar na categoria dos pesos-pesados, onde se consagrou como um dos maiores nomes do boxe nacional.
Em sua trajetória de 17 anos nos ringues, Maguila enfrentou adversários de renome, como Evander Holyfield e George Foreman. Com um estilo carismático e uma presença marcante fora dos ringues, ele cativava o público tanto por suas atuações quanto por suas entrevistas descontraídas.
Seu apelido, “Maguila”, surgiu de uma comparação feita por amigos com o personagem Magilla Gorilla, do famoso desenho animado da Hanna-Barbera, devido à sua imponência física
Após uma derrota para Daniel Frank em 2000, Maguila decidiu se aposentar. Mesmo longe dos ringues, ele manteve uma forte presença na mídia brasileira, atuando como comentarista no programa “Aqui Agora”, do SBT, e participando do humorístico Show do Tom, onde seu bom humor continuava a entreter os fãs.
Maguila também se aventurou na música, lançando, em 2009, um álbum de samba intitulado Vida de Campeão.
A vida pessoal e o impacto fora dos ringues
Em janeiro de 2006, Maguila sofreu um duro golpe pessoal quando seu irmão, Gilson Rodrigues dos Santos, foi assassinado durante um assalto em São Paulo. O crime chocou o boxeador e sua família, marcando um momento difícil em sua trajetória.
Em 2010, Maguila tentou ingressar na política, lançando-se como candidato a deputado federal por São Paulo, pelo PTN (atual Podemos). Apesar do esforço, ele obteve apenas 2.951 votos e não foi eleito.
Maguila deixa um legado no esporte brasileiro, sendo lembrado não só pelas vitórias nos ringues, mas também por sua personalidade cativante e por sua luta contra as consequências do boxe em sua saúde.