Há cerca de quinze anos, Lino Villaventura foi apelidado de “John Galliano da moda brasileira”, uma comparação que dizia muito sobre sua estética dramática, excêntrica e intensamente artesanal. O estilista, conhecido por suas construções em moulage e pelas icônicas nervuras que se tornaram sua marca registrada, sempre transitou entre o experimental e o luxuoso.
Mesmo com o passar do tempo, o espírito de alta-costura de Lino permanece intacto. Em um cenário dominado pela busca por simplicidade, ele segue na contramão, reafirmando um maximalismo que desafia o olhar e transforma o desfile em uma experiência sensorial.
O retorno da exuberância na passarela
Nesta edição da São Paulo Fashion Week, Lino apresentou uma coleção que sintetiza o melhor de seu universo criativo. Os vestidos em volumes tipo casulo, com nervuras e blocos de cores contrastantes, evocam uma estética entre o orgânico e o escultórico. As peças prateadas, com bicos e curvas que parecem saídas do futuro, reforçam sua habilidade de fundir passado e modernidade.
O glamour retrô dos longos rendados trouxe um toque de sofisticação atemporal, enquanto os drapeados excêntricos reafirmaram a ousadia do criador. Um dos momentos mais marcantes foi a entrada da modelo Pathy De jesus, que incorporou com maestria o clima de alta-costura e teatralidade que define o trabalho do estilista.
Desfile de Lino Villaventura durante o SPFW (Reprodução/Instagram/@ambulatoriodamoda)
Entre o artesanal e o visionário
Lino Villaventura segue fiel à sua essência: uma moda que é arte, performance e emoção. Em tempos de minimalismo e uniformização estética, seu desfile se destaca como um manifesto pela beleza do excesso e pela liberdade criativa.
Mais do que roupas, suas criações contam histórias de tecidos moldados à mão, de volumes que desafiam a forma e de um olhar que insiste em ver a moda como expressão poética. Com esta coleção, Lino não apenas reafirma seu legado, mas também lembra que o verdadeiro luxo está na imaginação sem limites
