No início de julho, a empresa CoreWeave, provedor de nuvem especializado para cargas de trabalho aceleradas por GPU em escala empresarial, realizou um acordo de cerca de R$ 19,12 bilhões com a Core Scientific, um dos maiores proprietários e operadores de infraestrutura digital de alta potência para mineração de bitcoin na América do Norte.
O que mostra a necessidade de energia para o funcionamento da Inteligência Artificial, e por isso o acordo para uso dos serviços de mineração de bitcoin. O acordo prevê o pagamento de R$ 15,84 bilhões anualmente, durante 12 anos, para uso dos data centers, a fim de que o hardware de computação voltado para IA seja hospedado.
Ambas as partes se beneficiaram, com as ações da Core Scientific terem inclusive dobrado no início de junho, indo para US$ 10. Assim, especialistas acreditam que a empresa possa ser uma opção para a Inteligência Artificial.
Acesso à energia barata
Empresas como a Core Scientific, IREN, Hut 8 e Applied Digital, que possuem acesso à energia barata, são cada vez mais valorizadas, devido o uso de serviços de IA aumentando a cada dia, como o uso do ChatGPT, que utiliza 10 vezes mais eletricidade que o Google para suas consultas.
As empresas de IA buscam data centers para utilização, pois, construir um HPC, um data center de computação de alto desempenho, pode levar de 3 a 5 anos, um tempo que essas empresas não possuem, mediante o imediatismo presente não somente no cotidiano, mas em especial quando falamos do ambiente online.
Segundo Adam Sullivan, CEO da Core Scientific, a demanda é inextinguível e, se eles considerassem apenas os contratos atuais, a Core seria uma das 10 principais empresas de data centers nos EUA, por hospedar grande parte da IA do País.
JPMorgan realizou uma pesquisa, a qual relata que, o valor do mercado de 14 mineradoras de bitcoin aumentou em 22% nos Estados Unidos, desde que foi anunciado o vínculo da CoreWeave com a Scientific, enquanto houve uma queda de 12% no bitcoin.
Essas mineradoras possuem o controle de 5 gigawatts de energia, e 3,6GW podem ser direcionados para o HPC, fora o acordo para compra de mais 4,5GW, referentes a usinas de energia que estão em diversas etapas, como de construção e licenciamento. Cerca de 3,4 milhões de residências podem ser sustentadas com toda essa energia nova, durante um ano.
A demanda de energia
Há uma previsão, segundo o Electric Power Research Institute, de que até 2030 a demanda da energia dos data centers aumente em 9% a geração de energia dos EUA.
Entretanto, direcionar a energia não é tão fácil quanto parece e, por mais que essas empresas de mineração possuam HPCs, localizar energia em abundância é uma tarefa árdua.
Desta forma, os contratos atuais são válidos apenas se houver outros elementos que os acompanhem, fora a energia que possuem agora, como a conectividade de fibra óptica, relata o CEO da Applied Digital, desenvolvedora de data centers, Wes Cummins. Isso porque, os cabos de fibra óptica permitem que transferências sejam realizadas em velocidade alta.
Quanto a uma possível resistência, Kevin Dede, analista da H.C. Wainwright & Co., banco de investimento de serviço completo, relata que por mais que seja preciso um ar mais limpo e uma refrigeração melhor para hospedagem das máquinas de IA, as empresas menores de IA podem não ter o mesmo nível de computação de empresas grandes como a AWS da Amazon, e poderiam integrar-se melhor utilizando o serviço dos minerados de bitcoin.