Universidade da Paraíba lança solução que revela adulterações em bebidas alcoólicas

Tecnologia desenvolvida por pesquisadores identifica, em minutos, a presença de metanol e outras adulterações em destilados sem uso de reagentes químicos

04 out, 2025
Escolhendo um destilado | Reprodução/	Hispanolistic/Getty Images Embed
Escolhendo um destilado | Reprodução/ Hispanolistic/Getty Images Embed

Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Campina Grande, estão dedicados a encontrar formas de aumentar a segurança no consumo de bebidas alcoólicas. Nos últimos anos, eles criaram uma técnica que permite identificar, de forma simples e rápida, a presença de metanol em destilados. O diferencial do método é a praticidade: em poucos minutos, sem reagentes químicos e a um custo baixo, é possível ter um resultado confiável, com até 97% de precisão.

Além de detectar o metanol, que pode causar sérios problemas à saúde quando ingerido, o sistema também aponta adulterações mais comuns, como a adição de água para aumentar o volume da bebida. A proposta, segundo a equipe, é contribuir tanto para análises laboratoriais quanto para a rotina de fiscalização, oferecendo uma alternativa que alia agilidade e confiabilidade.

Como a tecnologia funciona

A ideia central está no uso da luz infravermelha, aplicada diretamente sobre a garrafa, que não precisa ser aberta. Essa luz provoca alterações nas moléculas do líquido e gera informações que são processadas por um software específico. A partir dessa leitura, o sistema consegue identificar quais componentes pertencem naturalmente à bebida e quais foram introduzidos de forma indevida.

Esse processo torna a análise menos burocrática e mais acessível. Enquanto exames convencionais costumam depender de etapas demoradas e de insumos químicos, a nova metodologia entrega resultados em tempo reduzido. Embora os primeiros testes tenham sido realizados com cachaça (bebida típica brasileira e foco inicial do estudo), os pesquisadores afirmam que o mesmo princípio pode ser aplicado a outros destilados.

Avanços e novas soluções em estudo

O projeto começou em 2023 e, até 2025, já tinha rendido duas publicações na revista Food Chemistry, especializada em química e bioquímica de alimentos. Os artigos detalham a eficiência do método e ressaltam sua importância para ampliar a segurança no setor de bebidas.


O Ministério da Saúde registrou 113 casos de intoxicação por metanol (Vídeo: reprodução/YouTube/@bandjornalismo)

Paralelamente, o grupo vem apostando em novas ideias para aproximar o recurso do consumidor comum. Uma das iniciativas em andamento é o desenvolvimento de um canudo com uma substância que muda de cor ao entrar em contato com metanol.

“A gente está desenvolvendo uma solução em que vai ter um canudo impregnado com a substância química, que ao contato com o metanol, ela vai mudar de cor. Isso vai fazer com que o usuário também tenha uma segurança de, quando estiver consumindo a bebida, de que a bebida não tem o teor de metanol”, comenta Nadja Oliveira, pró-reitora de pós-graduação da UEPB.

A proposta é oferecer um meio simples para que qualquer pessoa possa verificar, no momento do consumo, se a bebida apresenta risco.

Uso em larga escala

O equipamento já mostra potencial para ser incorporado em rotinas de fiscalização e em indústrias que trabalham com destilados. A universidade, no entanto, ainda busca formas de viabilizar a produção em maior escala, de modo a tornar a tecnologia acessível a diferentes pontos da cadeia produtiva.

Com esse avanço, a expectativa é de que o controle sobre a qualidade das bebidas ganhe novas ferramentas, capazes de auxiliar tanto órgãos fiscalizadores quanto consumidores finais. Dessa forma, a pesquisa pode contribuir para reduzir fraudes e aumentar a confiança no que chega às prateleiras.

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