Realizado pela Fundação do Câncer, o estudo divulgado para marcar o Dia Mundial da Prevenção ao Câncer do Colo do Útero, celebrado no último domingo (26), revela que todas as regiões e capitais do Brasil estão com vacinação contra HPV (Papilomavírus Humano) abaixo da meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que significa que, até o ano de 2030, o Brasil não deverá atingir a meta necessária para eliminação da doença, que é problema de saúde pública. A pesquisa tem por base os registros de vacinação do PNI de meninas entre 9 e 14 anos, no período de 2013 a 2021, e meninos de 11 a 14 anos, entre 2017 e 2021.
Simulação de coleta de vacina. Reprodução: Freepik
A vacinação contra o HPV terminou no ano passado com cobertura abaixo da meta de 80%. Entre meninas, a primeira e a segunda dose tiveram, respectivamente, 75,91% e 57,44% de adesão. Entre os meninos, os números são ainda menores: 52,26% na primeira aplicação e 36,59% na segunda, segundo balanço divulgado neste ano pelo Ministério da Saúde.
A vacina contra HPV foi introduzida no Brasil em 2014 pelo Ministério da Saúde e hoje é oferecida em duas doses para garotas e garotos de 9 a 14 anos. O imunizante também é ofertado a pessoas de 9 a 45 anos portadoras de HIV/AIDS, transplantados e pacientes oncológicos, considerado grupo de maior risco de desenvolver complicações relacionadas ao papilomavírus. As baixas taxas têm preocupada a pasta do Ministério da Saúde e profissionais de saúde pela associação do HPV ao câncer de colo de útero, de pênis, vulva, canal anal e orofaringe, assim como das chamadas verrugas genitais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o vírus é responsável por mais de 95% dos casos de câncer do colo uterino. A doença mata cerca de 340 mil mulheres a cada ano. No Brasil, o INCA (Instituto Nacional de Câncer) estima 17.010 novos casos em 2023, o que coloca o câncer cervical como terceiro incidente entre as mulheres. A neoplasia é a causa de mais de 6.620 mortes por ano.
O Ministério da Saúde mostra que em muitos estados brasileiros, a cobertura está longe dos 80%. Do total de 5.570 municípios no Brasil, 1.001 (18%) apresentaram cobertura inferior a 50% na segunda dose feminina e 3.251 (58%) na segunda dose ao público masculino.
Entre os fatores apontados para as baixas taxas, estão dúvidas de pais e adolescentes sobre o assunto, questões religiosas, dificuldade de ida aos postos de saúde, além de fake news (notícias inverídicas). Tem ainda o fato de as doenças que o HPV provoca, nem sempre são visíveis e a interrupção da vacinação nas escolas, impacta os números.
Como estratégia de mudar esse quadro, o relatório do Ministério da Saúde, aponta que é preciso intensificar campanhas; monitorar as notícias falsas (fake news), além de apresentar conteúdo com linguagem precisa e capacitar os profissionais de saúde, oferecendo horários alternativos nas salas de vacinação.
Foto Destaque: Reprodução: Freepik.