Pesquisa revela que 40% dos brasileiros entendem que suas ações causam impacto nos mares

Giovana Sedano Por Giovana Sedano
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Apenas 34% da população entende que suas ações afetam diretamente o oceano, enquanto 24% dos cidadãos do país acreditam que têm um impacto indireto e 40% acreditam que suas ações não afetam o oceano. A maioria dos brasileiros disse que estaria disposta a mudar seus hábitos pelo bem do oceano, mas ainda assim adotaria ações que poderiam impactar negativamente os ecossistemas marinhos.

Os dados fazem parte da pesquisa inédita chamada “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar”, realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Por outro lado, o estudo mostrou que metade dos entrevistados (50%) admitiu que o oceano afeta diretamente suas vidas, 21% acredita que tem um impacto indireto e 26% acredita que não afeta suas vidas. Foram realizadas entrevistas com 2.000 pessoas em cinco regiões do país, com idades entre 18 e 64 anos, de todas as classes sociais. Os resultados serão apresentados na próxima sexta-feira (1º) durante a Conferência do Oceano da Organização das Nações Unidas (ONU) em Lisboa.

“A pesquisa nos permite compreender como a sociedade entende a influência do oceano no seu cotidiano, e, por outro lado, os impactos que suas atividades provocam nos ambientes costeiros e marinhos. De forma pioneira, buscamos identificar comportamentos existentes na população de um país continental e perceber como as pessoas estão dispostas a adotar novos hábitos e comportamentos em favor dos ambientes marinhos”, diz Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário.

Segundo a diretora, conhecer melhor essa realidade é fundamental para desenvolver políticas públicas e estratégias de comunicação e engajamento mais eficientes para sensibilizar a sociedade e promover mudanças.


Ao menos 8 milhões de toneladas de lixo plástico são jogados  aos oceanos a cada ano – perigo para os animais e para o homem (Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo)


Hábitos e ações

Ao detalhar hábitos e comportamentos praticados pelo brasileiro no dia a dia, a pesquisa mostrou a população dividida em relação a algumas práticas sustentáveis. O grupo de pessoas que priorizam com frequência compras com menor impacto na natureza e no oceano, como produtos com menos embalagens e sem poluentes, foi de 48%. Para 22% dos entrevistados, a prática ocorre somente às vezes, e 11% raramente. O total de pessoas que nunca se preocupa com essa questão foi de 18%.

Outro aspecto investigado foi o uso de plásticos de única utilização. Apenas 35% dos brasileiros afirmam sempre evitar o uso de canudinhos e copos plásticos descartáveis, enquanto 12% evitam a maioria das vezes e 20% somente às vezes. O consumo nunca é evitado por 19% dos entrevistados e raramente por 13% dos entrevistados.

“Cerca de 80% da poluição encontrada no mar vêm do continente. Se fizermos projeções a partir dos dados encontrados, chegamos a resultados preocupantes”, salienta Malu Nunes.

Considerando que cerca de 68 milhões de brasileiros (32%) não evitam o uso de copos plásticos e cada uma dessas pessoas faça uso de três unidades de 200 ml por semana, chega-se a mais de 10,6 bilhões de unidades por ano. Cada copo pesa em média 1,8 g, o que significa 19,1 mil toneladas de copos plásticos que o brasileiro usa anualmente. “Só de copo plástico. Quanto disso é reciclado? Quanto chega ao oceano? Muito desse lixo produzimos quando estamos fora de casa. Levar junto um copo reutilizável já é um avanço”, exemplifica Malu.

 

Foto destaque: Oceano Antártico(Reprodução: Mike Hill/Getty Images)

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