Nesta sexta-feira (12), foi divulgado um mandado de busca contra o ex-presidente norte-americano Donald Trump, sob investigação por espionagem, obstrução de justiça e ocultação de documentos federais. Ao deixar o cargo, em janeiro de 2021, Trump teria levado uma série de documentos confidenciais da Casa Branca.
O governo norte-americano recuperou, em janeiro, após meses de negociações com a assessoria do ex-presidente, uma remessa com mais de 150 documentos. Na remessa, recuperada pelo National Archive (Arquivo Nacional), estavam arquivos confidenciais que alarmaram o departamento de justiça dos Estados Unidos e levaram a uma investigação criminal em que agentes do FBI entraram na casa de Trump, em Mar-a-Lago, à procura de mais documentos.
Segundo o New York Times, no total, o governo norte-americano recuperou mais de 300 documentos confidenciais levados por Trump quando deixou o cargo. Dentre eles, estavam arquivos da CIA, da Agência Nacional de Segurança e do FBI, dos quais quatro tinham classificação ‘Top Secret’ – o mais alto nível de confidencialidade que um arquivo pode ter nos EUA.
A investigação continua, o que sugere que os oficiais de justiça não têm certeza se já apreenderam todos os documentos levados por Trump.
O ex-presidente não só nega o crime, como entrou na justiça contra o Departamento de Justiça dos EUA. A equipe jurídica do republicano apresentou um documento de 27 páginas a um tribunal da Flórida, acusando a Justiça do país de querer “impedir que o presidente Trump se candidate novamente”. O objetivo do republicano é evitar que os documentos sejam lidos.
Ex-presidente teria levado mais de 300 documentos da Casa Branca. (Foto: Reprodução/New York Times)
Uma relação conturbada com a inteligência dos EUA
Os conflitos de Trump com os serviços de inteligência norte-americanos não são novidade. Durante os quatro anos de mandato, o republicano postava informações confidenciais no Twitter e chegou a levar a palavra do presidente russo, Vladmir Putin, mais a sério do que a de seus próprios serviços de inteligência. Segundo o New York Times, agentes de inteligência do governo ocasionalmente optavam por ocultar detalhes sensíveis e confidenciais do ex-presidente devido ao seu comportamento, enxergando-o como uma ameaça à segurança do país.
Em 2019, Trump postou no Twitter uma foto confidencial da explosão de uma base de mísseis no Irã. Dois anos antes, o então presidente usou a rede social para se defender de acusações da mídia, negando que ele havia interrompido o programa da CIA para armar rebeldes sírios, divulgando a informação confidencial para seus então 33 milhões de seguidores.
Foto Destaque: Donald Trump é investigado. Reprodução/New York Times