O governo dos Estados Unidos alertou Israel sobre a necessidade urgente de melhorar a crise humanitária na Faixa de Gaza dentro de um período de 30 dias. Caso contrário, Washington pode ser obrigado a interromper o fornecimento de armas ao país, conforme previsto na legislação americana. A carta, assinada pelos principais representantes diplomáticos e de defesa dos EUA, Antony Blinken e Lloyd Austin, destaca o agravamento das condições de vida no território palestino, que enfrenta uma das mais severas crises desde o início do conflito.
Situação crítica em Gaza
A ONU e diversas organizações internacionais têm alertado para o colapso total das condições de vida na Faixa de Gaza. Desde o início da guerra, o número de civis afetados pela falta de suprimentos básicos, como água e alimentos, aumentou drasticamente. Mais de 90% da população está em níveis críticos de insegurança alimentar, e as operações de ajuda humanitária têm sido severamente restringidas pelas forças israelenses, principalmente no norte de Gaza, onde os ataques são mais intensos. Além disso, há relatos de hospitais lotados, com escassez de medicamentos e recursos básicos, agravando o sofrimento dos palestinos.
O bloqueio imposto por Israel dificulta a entrada de itens de primeira necessidade, como alimentos e combustíveis, além de prejudicar a operação de usinas de dessalinização e tratamento de esgoto, essenciais para o fornecimento de água potável. A falta de eletricidade, causada pelo colapso da infraestrutura, tem impedido o funcionamento de serviços essenciais, aumentando o risco de surtos de doenças, como cólera e outras infecções relacionadas à água contaminada.
Organizações humanitárias alertam que a situação das crianças é particularmente alarmante, uma vez que grande parte da população de Gaza é formada por jovens que estão à mercê de condições insalubres e violentas.
Pressão sobre Israel
Na carta enviada ao governo israelense, Blinken e Austin expressam preocupação com o impacto das ações militares de Israel sobre a população civil e a restrição cada vez maior à ajuda humanitária. Os Estados Unidos exigem que Israel permita a entrada de pelo menos 350 caminhões diários de ajuda humanitária em Gaza e que garanta maior segurança para trabalhadores e locais de ajuda. Caso essas demandas não sejam atendidas, Washington pode ser forçado a suspender o envio de armas, conforme estabelecido pela lei americana, que proíbe o fornecimento de armamentos a países que dificultam a assistência humanitária.
Essa ameaça de suspensão do fornecimento de armas é um dos avisos mais duros feitos pelos EUA a Israel até o momento, destacando uma crescente insatisfação dentro da administração Biden com a gestão israelense da crise em Gaza. Embora os Estados Unidos sejam o maior fornecedor de armamentos a Israel, a pressão por parte de organismos internacionais e de aliados ocidentais tem aumentado para que o governo de Benjamin Netanyahu adote medidas para aliviar o sofrimento dos civis palestinos.
A relação entre Washington e Tel Aviv tem se mostrado delicada diante da escalada do conflito. Israel, que depende significativamente do apoio militar dos EUA para suas operações na região, pode ver sua capacidade bélica reduzida caso a ajuda seja suspensa. Isso afetaria diretamente a continuidade de suas ações em Gaza, e também em outras frentes de combate, como no Líbano, além de prejudicar a rivalidade com o Irã.
A carta americana também aponta que a ajuda humanitária que chegou a Gaza em setembro foi a mais baixa do último ano, intensificando a crítica sobre a gestão israelense do conflito e a necessidade de maior cooperação para garantir que as populações civis tenham acesso a recursos essenciais.
A pressão internacional sobre Israel, somada à possível suspensão da ajuda militar, impõe um novo desafio ao governo de Netanyahu para equilibrar as operações militares com as demandas humanitárias crescentes.