Presidente Lula pede revisão de tarifas a Trump

Presidente brasileiro pediu ao americano que revise tarifas ainda aplicadas aos produtos brasileiros e reforçou a busca por equilíbrio no comércio bilateral

02 dez, 2025
Lula e Bolsonaro conversam por 40 minutos | Reprodução/ Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lula e Bolsonaro conversam por 40 minutos | Reprodução/ Yuri Gripas e Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para pedir a revisão das tarifas ainda aplicadas a produtos brasileiros, mesmo após a retirada parcial das sobretaxas. Na conversa, Lula reforçou a necessidade de reequilibrar o comércio bilateral, destacou o impacto econômico das taxações sobre setores estratégicos do país e defendeu que a normalização completa das tarifas é essencial para garantir previsibilidade, competitividade e a retomada plena das exportações brasileiras no mercado norte-americano.

Reaproximação sinaliza nova fase entre Brasil e EUA

A conversa, realizada na última terça-feira (2), durou cerca de 40 minutos e reforçou a tentativa do governo brasileiro de fortalecer a relação comercial com Washington depois de meses de tensões. Lula destacou a importância da recente decisão dos EUA de retirar a sobretaxa adicional de 40% que incidia sobre itens como carne, café, frutas e castanhas. A mudança foi celebrada pelo Itamaraty e por entidades exportadoras, já que reduziu pressões sobre setores fundamentais para a economia.

Apesar disso, o presidente brasileiro enfatizou que a revisão ainda é parcial. De acordo com dados informados pelo próprio governo, cerca de 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos continuam submetidas a impostos extras que afetam a competitividade nacional. A pauta, segundo assessores próximos, é tratada como “prioridade absoluta” nas negociações diplomáticas.


  Lula conversa com Trump sobre agenda comercial (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN)


Tarifas ainda afetam produtos agrícolas e industriais

As tarifas que permanecem em vigor nasceram de medidas unilaterais adotadas pelos EUA sob justificativa de “emergência nacional” e acabaram impondo custos elevados para produtos brasileiros. Entre os itens ainda prejudicados estão segmentos industriais, bens manufaturados e parte das exportações agrícolas que não receberam alívio tarifário.

Mesmo que a remoção da sobretaxa de 40% tenha beneficiado cadeias produtivas importantes, a parcela ainda taxada compromete a fluidez comercial entre os dois países. Para especialistas em comércio exterior, a continuidade dessas tarifas funciona como um entrave estratégico, sobretudo em um momento em que o Brasil busca ampliar sua presença no mercado norte-americano.

O governo brasileiro acredita que uma revisão mais ampla poderia reduzir desigualdades no tratamento dado aos produtos nacionais, além de estimular a expansão de exportações com alto valor agregado.

Segurança também entra na pauta da conversa

Além das tarifas, Lula e Trump discutiram cooperação no combate ao crime organizado, tema que ganhou força recente na agenda bilateral. A interlocução entre os dois presidentes buscou alinhar ações conjuntas, especialmente no que diz respeito ao tráfico transnacional e ao fluxo ilegal de armas.

A inclusão do tema no diálogo é vista por analistas como uma forma de construir uma relação multifacetada, que não se limite apenas ao comércio — estratégia comum quando países buscam fortalecer laços e facilitar negociações sensíveis.

Para integrantes do governo brasileiro, ampliar a colaboração em segurança pode abrir portas para avanços econômicos, uma vez que demonstra disposição para trabalhar de forma coordenada em frentes consideradas estratégicas por Washington.

Brasil tenta acelerar normalização comercial

A posição do governo brasileiro é de que a retirada das tarifas ainda pendentes representaria um passo definitivo para restabelecer o equilíbrio no comércio bilateral. A expectativa é de que novos diálogos ocorram nas próximas semanas, envolvendo chancelerias e equipes técnicas de ambos os países.

Empresários e representantes de associações exportadoras também acompanham a negociação de perto, temendo que a permanência das tarifas dificulte contratos e limite a competitividade internacional de produtos brasileiros. Para eles, o movimento de Lula ao telefonar diretamente para Trump demonstra que o tema ganhou prioridade política e pode acelerar soluções. Enquanto isso, setores produtivos aguardam novas sinalizações dos EUA. A tendência, segundo interlocutores diplomáticos, é que a revisão total das tarifas seja gradual e dependa de avanços políticos entre os dois governos.

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