Moradores de Eldorado do Sul, ilhados, se recusam a abandonar suas casas

Iara Cordeiro Por Iara Cordeiro
4 min de leitura
(Reprodução: Intagram/@ssp_rs/@brigada_militaroficial)

Moradores da cidade de Eldorado do Sul se negam a deixar suas casas e o pouco que lhes restam, com medo de serem saqueados e terem suas casas invadidas. O município, que fica cerca de 12 km de Porto Alegre, foi proporcionalmente o mais afetado pelas chuvas no Estado. Não se tem um levantamento oficial, mas estima-se que dezenas, talvez centenas, de moradores ainda estão em suas casas.

Com previsão de que a lagoa do Guaíba atinja o nível recorde ao subir, o corpo de bombeiros segue buscando moradores e insistindo para que aceitem o resgate e saiam do local com segurança, preservando assim suas vidas.

É muito complexo e muito complicado, porque as pessoas estão com muito receio de deixar as suas residências, deixar os seus animaizinhos, seus pets” comenta Rudinei Silva dos Santos, comandante dos bombeiros voluntários de Eldorado do Sul.

O cenário devastador

O caminho feito pelo barco dos bombeiros, botes e algumas motos aquáticas de voluntários  é tomado pelo mal cheiro de lixo, materiais orgânicos, animais mortos e lojas com suas portas arrombadas, explanando o cenário de completa destruição que assombra a cidade.

Construção de espaços provisórios
Equipe de resgate no sul do país (Reprodução: instagram/@folhadespaulo)


O caminho feito pelo barco dos bombeiros, botes e algumas motos aquáticas de voluntários  é tomado pelo mal cheiro de lixo, materiais orgânicos, animais mortos e lojas com suas portas arrombadas, explanando o cenário de completa destruição que assombra a cidade.


Na laje do segundo andar da casa, Fábio Meneghetti, que está completamente ilhado, tenta explicar para os brigadistas do corpo de bombeiros o motivo de permanecer em sua casa.

 “Eu vou ficar por aqui. Bah, está muito roubo, incrível. Ontem de noite houve tiroteios. Está uma cidade sem lei. Eu não vou arriscar porque está muita ladroagem” afirma Fábio aos bombeiros.

Fábio ainda conta que já presenciou homens invadindo a casa de sua vizinha e que a região é alvo de tiroteios. Acompanhado de seu pitbull, ele diz que tem água e comida, adquiridos através helicóptero que levou cestas básicas para aquela zona, e ainda que improvisou uma bateria de carro para carregar seu celular duas vezes ao dia.

A temperatura está prevista cair para 5ºC e a preocupação com um casal de idosos abrigados ao fundo de uma casa aumenta. O comandante Silva grita para que eles possam ouvir, mas eles negam ajuda e dizem que permanecerão na casa.

Em outra rua é possível avistar João Carlos Velasquez Batista, no segundo andar de seu imóvel inacabado, ele afirma que construiu um cavaletes 2,5 metros para apoiar seu colchão, que tem comida, bolacha e sopa e água potável para viver, que recebe através de doações, além disso, também cuida de um cachorro de grande porte e gatos do seu vizinho, alimentados pela ração também conseguida através de doação. 

João afirma que já bebeu água da enchente, mas hoje está confortável e não há razão para tamanho cuidado.

Eldorado do Sul

Eldorado do Sul tem 40 mil habitantes, segundo o IBGE. O município foi severamente atingido, com mais de 90% da cidade invadida pelas águas. A estimativa dos bombeiros é que 90% da população esteja em alojamentos ou em casa de parentes.

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