Número de conflitos no campo foi divulgado e Brasil bate recorde em 2023

Bruna Araújo Por Bruna Araújo
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Foto Destaque: indígena em manifestação (Foto: reprodução/João Zinclar/Acervo João Zinclar)

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou, nesta segunda-feira (22), o relatório anual com os dados dos conflitos no campo ocorridos no Brasil. O relatório traz dados sobre as ocorrências de 2023, que bateu recorde em comparação dos anos anteriores até 2014, com um aumento de 60%. Ao todo, foram 2.203 casos, que afetou a vida de 950.847 pessoas. Em contrapartida, o número de assassinatos foi de 31 ocorrências, sendo esse o menor número desde 2020. 

A principais ocorrências registradas foram de: terra, com 71,8%; água, com 11,4%; trabalho 10,4%; e resistência, com 6,3% dos casos. Dentre esses números, o Norte foi a região mais atingidas pelos conflitos, registrando 700 ocorrências, e o Sul a menos atingida, com 88 ocorrências.

Maiores vítimas de assassinatos 

Apesar da diminuição dos números de assassinatos ter ocorrido no ano passado, a região que mais foi afetada, segundo o relatório, foi a Abunã-Madeira, que abrange 32 municípios do Amazonas, Acre e de Rondônia. Os registros demonstram uma permanência dos casos de mortes, com 8 assassinatos, sendo cinco causadas por grileiros, onde todas as vítimas pertenceram ao grupo sem-terra.


Ilustração que sinaliza as regiões que abrange o Abunã-Madeira (Foto: reprodução/Fábio Alencar/Gov)
Ilustração que sinaliza as regiões que abrange o Abunã-Madeira (Foto: reprodução/Fábio Alencar/GOV)

“Prometida como “modelo” de desenvolvimento com foco na sociobiodiversidade, tornou-se epicentro de grilagem para exploração madeireira e criação de gado, com altas taxas de desmatamento, queimadas e conflitos”, segundo o relatório.

Comissão Pastoral da Terra (CPT)

A CPT, criada em junho de 1975, vinculada à Igreja Católica, foi fundada durante a ditadura militar com o intuito de combater as situações vivadas pelos trabalhadores rurais, posseiros e peões na região da Amazônia. Em 1985, como forma de denunciar a realidade, dados sobre os conflitos brasileiros começaram a ser sistematizados e publicados. Todos os anos, o livro Conflitos no Campo Brasil, com os registros de conflitos por terra, violência contra pessoa, trabalho escravo, conflitos pela seca, conflitos gerados pelo uso da água, entre outras dados, são publicados como entidade pública para que todos tenham acesso a tais informações.

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