Sobrinha de tio Paulo é solta e afirma que não percebeu a morte do idoso

Stephany Nascimento Por Stephany Nascimento
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Foto destaque: Em entrevista ao Fantástico, Erika diz que não havia percebido que idoso tinha falecido (Reprodução/Tv Globo).

Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, falou pela primeira vez, em entrevista exclusiva ao “Fantástico”, sobre a morte de seu tio Paulo. A cabeleireira afirmou que não tinha percebido que o idoso havia falecido e que ela estava sob efeito de remédio.

Após ter sido presa pela tentativa de sacar R$17 mil em empréstimo no banco com o cadáver de seu tio Paulo Roberto Braga, de 68 anos, Erika foi solta pela justiça e deixou o presídio de Bangu na última quinta-feira (2). O saque seria realizado em nome do idoso. 

Erika compartilhou que faz tratamento psiquiátrico. O programa exibiu que ela, além de ter dependência em sedativos, também possui quadro de depressão, pensamentos suicidas e alucinações auditivas. 

A sobrinha contou que fazia uso de Zolpidem e que, algumas vezes, tomava mais do que deveria. O remédio, indicado para tratamento pontual de insônia, necessita de receita médica para ser comprado, além de causar dependência. Em alguns casos, o medicamento pode apresentar riscos como o sonambulismo, em que a pessoa faz atividades e pode se esquecer do que fez.

“Não consigo lembrar de muita coisa. Não sei se foi o remédio naquele dia”, falou Erika ao Fantástico. Ela alegou que não havia percebido que o tio estava morto. 

Paulo Roberto Braga estava morto no banco

O “Fantástico” também exibiu imagens das câmeras de segurança da agência bancária, que mostraram Erika levando seu tio em uma cadeira de rodas. Antes de entrarem no local, Erika e Paulo desembarcaram de um carro de aplicativo em um shopping próximo ao banco, no dia 16 de abril. A sobrinha afirmou que dentro do carro tudo parecia bem. 

O vídeo que circulou nas redes sociais mostrou que Erika incentivou o idoso a assinar os papéis para sacar o empréstimo, mas o idoso não respondia aos pedidos. Funcionários do banco estranharam a situação e acionaram uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que constatou a morte de Paulo. Ela diz que só percebeu a morte depois de ser avisada pelo funcionário do SAMU.


Erika levou cadáver de tio ao banco no dia 16 de abril. (Foto: Reprodução/Vídeo/G1)

Antes do episódio no banco, Paulo Roberto ficou internado durante uma semana em uma unidade de saúde estadual. “Pensei que ele fosse ter uma melhora porque era só uma pneumonia”, afirmou Erika. 

No mesmo dia da alta, o idoso foi levado ao banco e a família contou que o empréstimo havia sido concedido, mas o saque deveria ser realizado em outra agência. No dia seguinte, aconteceu o episódio do homem morto no banco que chocou o país.

De acordo com Erika, o empréstimo era um desejo do próprio tio e seria destinado para a construção de uma parte da casa deles. 

“Eu não sou a pessoa que estão falando. Eu não sou esse monstro”, disse Erika tomada por lágrimas durante entrevista do Fantástico.

Polícia Civil do Rio abrirá outro inquérito para investigação

O Ministério Público (MP) denunciou Erika e entendeu que a mulher agiu de forma consciente, voluntária e que mostrou desprezo e desrespeito por Paulo Roberto. A juíza Luciana Mocco aceitou a denúncia, que tornou Erika ré por tentativa de estelionato e vilipêndio de cadáver, caracterizado pelo ato de menosprezar uma pessoa que tenha falecido.

A prisão preventiva foi revogada pela juíza depois de alegar que Erika é ré primária, possui residência fixa e não representa risco à ordem pública em liberdade. Luciana Mocco também entende que Erika é portadora de saúde mental desabilitada e possui uma filha menor de idade com necessidades especiais que precisa de seus cuidados.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu outro inquérito para investigar se houve homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Em liberdade, Erika vai precisar se apresentar mensalmente à justiça para justificar atividades e está impedida de deixar o estado sem autorização. O juízo também deverá ser comunicado caso haja a necessidade de internação para o tratamento de sua saúde mental.

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