Alopecia: Novo estudo identifica novo tipo de queda capilar por uso regular de escovas desembaraçantes

Heloisa Santos Por Heloisa Santos
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A queda capilar pode ter várias causas, mas é geralmente incomum que ocorra entre mulheres na faixa dos 20 a 30 anos. Mais raro ainda quando se trata de uma queda de cabelo difusa e significativa. Mas um estudo recente, publicado no JAMA Dermatology, mostrou que o perigo pode estar mais perto do que se imagina: a escova desembaraçante. “As escovas desembaraçadoras têm cerdas flexíveis de vários comprimentos e pontas arredondadas para controlar os cabelos rebeldes sem força excessiva nas hastes capilares. O estudo relata o caso de três mulheres jovens que sofreram com significativa queda capilar difusa. Todas usaram escovas desembaraçadoras por seis meses ou mais”, explica a Dra. Lilian Brasileiro, médica dermatologista especializada em Medicina Capilar, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e coordenadora e palestrante em eventos sobre tratamentos capilares. Os pesquisadores identificaram um novo tipo de alopecia: tricomalácia difusa adquirida.

De acordo com o estudo, a avaliação física do couro cabeludo de cada paciente mostrou alopecia difusa com fios de cabelo danificados e distorcidos (tricomalácia). O exame tricoscópico revelou a presença de pelos em saca-rolhas nos três casos. “Chamamos de pelos em saca-rolhas quando o fio é puxado, quebra na base e ele enrola perto do couro cabeludo”, explica a Dra. Lilian.

No caso 1, a primeira paciente era uma mulher de 20 anos que apresentava calvície irregular envolvendo todo o couro cabeludo. Ela observou ter usado uma escova de cabelo desembaraçante por cerca de 6 meses. “Os pesquisadores, por meio do exame tricoscópico e de biópsia, revelaram perda de cabelo sem evidência de cicatriz (ou seja, alopecia cicatricial), com 35% dos folículos pilosos com tricomalácia”, diz a médica. “A equipe aconselhou a paciente a parar de usar a escova desembaraçante e ela obedeceu. No entanto, os folículos pilosos distorcidos e cabelos saca-rolhas ainda eram vistos 12 meses depois, mostrando um dano duradouro”, diz a dermatologista.

 No caso 2, a segunda paciente também era uma mulher na casa dos 20 anos que apresentava perda de cabelo difusa e afinamento que havia começado cerca de 1 ano antes. A tricoscopia mostrou numerosos fios de cabelo quebrados intercalados com vários fios de cabelo saca-rolhas. A biópsia do couro cabeludo do paciente também mostrou alopecia não cicatricial.

O caso 3 é de uma mulher com mais de 30 anos que também apresentava calvície difusa; ela relatou que, há mais de um ano, usava uma escova desembaraçadora. Os achados do exame tricoscópico e da biópsia foram semelhantes aos dos pacientes anteriores.

De acordo com a dermatologista, os achados servem de alerta por revelaram o aparecimento de alopecia difusa com tricomalácia adquirida. “A tricomalácia pode estar associada tanto à tricotilomania, calvície irregular geralmente devido a um desejo compulsivo de puxar o cabelo, quanto à alopecia aguda por tração. No entanto, nos casos não havia evidências características da tricotilomania, que geralmente apresenta taxas diferentes no que tange às fases de crescimento e queda dos fios, o que não foi o caso. A distribuição difusa da alopecia e a ausência de características tricoscópicas, como moldes de cabelo, folículos vazios e perda de aberturas foliculares apontaram contra o diagnóstico de alopecia por tração”, explica a médica. “Por isso, eles propuseram que essa forma de alopecia fosse chamada de tricomalácia difusa adquirida, sugerindo que a tração do uso regular de uma escova de cabelo desembaraçadora pode causar tensões de tração únicas nas hastes e folículos capilares, resultando em transmissão desigual de forças mecânicas através das hastes capilares, distorção do folículo piloso matriz, interferência com a deposição de queratina e tricomalácia”, explica a médica.

Como todo o couro cabeludo foi exposto ao uso da escova, os defeitos observados foram difusos, segundo a Dra. Lilian. “O fato de a calvície ter demorado a resolver depois que os pacientes pararam de usar suas escovas de desembaraçar pode estar relacionado ao fato de a natureza de baixo grau das tensões de tração ser insuficiente para empurrar o cabelo para a catágena para redefinir o ciclo do cabelo. Portanto, o folículo piloso permanece na fase anágena e continua a produzir uma haste capilar enrolada e distorcida que se quebra facilmente”, explica.

O manejo dessa condição pode depender da interrupção do uso da escova culpada. “No entanto, eles alertaram que os defeitos da haste do cabelo e os achados tricoscópicos persistiram nesses três pacientes em 2 a 12 meses de acompanhamento, apesar da interrupção da escova de cabelo. Isso sugere que a tricomalácia difusa adquirida só pode se resolver após a passagem de um ciclo capilar completo”, finaliza a médica.

Foto Destaque: Reprodução

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