Chocolate com alto teor de cacau é saudável para idosos com câncer

Letícia Corrêa Por Letícia Corrêa
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É fato que o chocolate proporciona uma enorme sensação de prazer e bem-estar para muitas pessoas, desde que consumido na quantidade ideal. Por esse motivo, já existem diversas pesquisas que relacionam os benefícios do chocolate para a saúde.         

Um estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP demonstrou que a ingestão de chocolate com alto teor de cacau por idosos com câncer em cuidados paliativos, melhora significativamente a saúde e o estado nutricional deles, além da melhoria na funcionalidade do organismo e na diminuição dos sintomas.

Para a médica geriatra, professora da faculdade e orientadora do estudo, Nereida Kilza da Costa Lima, a pesquisa teve como finalidade promover a melhoria do estado nutricional dos pacientes e levar à eles a sensação de conforto e prazer. “Nós queríamos fazer um trabalho de pesquisa que fosse útil para o público-alvo, promovendo melhora nos problemas nutricionais, conforto e prazer. Foi assim que pensamos em estudar o chocolate, que tem uma história antiga na sociedade e que é alvo de estudos na área cardiovascular”, explica.


 

Chocolate traz inúmeros benefícios para a saúde, inclusive de idosos com câncer. (Foto: Reprodução/Freepik)


 

A pesquisa teve como foco 46 pacientes idosos com câncer em cuidados paliativos com uma média de 67 anos de idade e em tratamento no Serviço de Oncologia e Cuidados Paliativos do Hospital das Clínicas da FMRP. Desse modo, todos os voluntários receberam tratamento padrão e foram divididos em três grupos, um com pessoas que não receberam o chocolate, outro com pessoas que consumiram 25 gramas diárias de chocolate com 55% de cacau e por último, aquelas que ingeriram a mesma quantidade de chocolate branco.

As informações sobre o estado de saúde dos pacientes foram comparadas antes e após a intervenção do estudo durante quatro semanas. É o que explica a nutricionista e autora do estudo, Josiane Cheli Vettori. “Nós coletamos os dados sociodemográficos e informações do estado de saúde, com exames laboratoriais e da avaliação nutricional dos participantes antes e após quatro semanas da intervenção, usando ferramentas específicas e validadas na comunidade científica”, detalha.

Antes do estudo, foi revelado que 43,5% dos pacientes estavam em risco de desnutrição ou estavam desnutridos antes do início da pesquisa, e ao receberem o tratamento com chocolate de alto teor de cacau, os índices nutricionais obtiveram significativa melhora no quadro de saúde desses pacientes. “No final do estudo, observamos que os índices das avaliações nutricionais foram aumentados significativamente. A elevação teve significância clínica e não houve indivíduo classificado como desnutrido após a intervenção, evidenciando que, possivelmente, a intervenção nutricional pode ser capaz de reduzir a perda de peso em pacientes com câncer em estágio avançado e melhorando o estado nutricional”, esclarece Vettori.

Alimentação como forma de cuidado

Cabe ressaltar a importância que a alimentação exerce na saúde e pensando nesse contexto, é fundamental destacar o papel dela na saúde de pessoas com câncer em estado terminal.

Desse modo, o papel que os alimentos exercem na promoção na prevenção à desnutrição, na melhoria do cenário nutricional e no conforto aos sintomas da doença, devem ser destacados, já que de acordo com dados de 2018 da Organização Pan-Americana da Saúde, o câncer é a segunda principal causa de mortes no mundo, com 9,6 milhões de vítimas naquele ano. “Diante desse cenário, cresce a preocupação com o impacto da nutrição em pacientes com câncer em cuidados paliativos. Assim, a alimentação como preservação do estado nutricional, prevenção da desnutrição e promoção do conforto são importantes”, conta Josiane.

A nutricionista ainda ressalta que a assistência nutricional é importante para o controle dos sintomas durante o tratamento oncológico e deve ser realizada pela equipe de saúde junto com o paciente, familiares e cuidadores. Desse modo, ela orienta que devem ser respeitadas as preferências dos pacientes, o acesso a determinado alimento e outras necessidades. Antes de recomendar o chocolate, é importante observar as preferências alimentares, que são altamente pessoais, e pensar em conjunto com a equipe multiprofissional, familiares e paciente para entender se faz sentido no tratamento, se é algo que ele gosta e se tem acesso”, reforça a nutricionista.

Com informações do Jornal da USP

Foto destaque: barra de chocolate com alto teor de cacau. (Foto: Reprodução/Freepik)

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