Novo experimento mostra bactérias que conseguem detectar células de câncer no corpo

Victor Kallut Por Victor Kallut
3 min de leitura

Um grupo de cientistas das Universidades de Adelaide e da Califórnia de San Diego realizou testes com bactérias que conseguiram detectar a presença de células cancerígenas em locais de difícil acesso em camundongos. Segundo os pesquisadores, a expectativa é que, no futuro, as bactérias “treinadas” consigam diagnosticar a doença no corpo de maneira rápida e simples em humanos.

Como funcionou o estudo?

O primeiro experimento, que teve seus resultados publicados na revista Science, teve resultados positivos, e o câncer foi detectado em 100% dos casos avaliados pelo grupo. A técnica foi desenvolvida utilizando as bactérias Acinetobacter baylyi (A. baylyi), conhecida pela capacidade de coletar amostras do ambiente e integrá-las ao seu próprio DNA.

Os cientistas usaram engenharia genética para que o microorganismo detectasse a molécula liberada em grande parte dos casos de câncer, o KRAS. Após o reconhecimento, as bactérias ativam um mecanismo interno de resistência a um determinado antibiótico. Então, as fezes dos camundongos são coletadas e analisadas em um local com o medicamento.



Bactérias projetadas para detectar DNA derramado de células cancerígenas. (Foto: Reprodução/Cooper et al., Science, 2023)


Josephine Wright, pesquisadora da Universidade de Adelaide, revelou sua reação quando viu o resultado do experimento: “Foi incrível quando vi no microscópio a bactéria que havia captado o DNA do tumor. Os camundongos com tumores desenvolveram colônias bacterianas verdes que adquiriram a capacidade de crescer em placas de antibióticos.” Resumidamente, isso significa que os microrganismos “treinados” adquiriram uma resistência ao encontrarem os genes cancerígenos, o que permitiu a identificação do tumor.

Os próximos passos

O estudo não foi feito em grande escala, mas a taxa de acerto de 100% animou os responsáveis, que inclusive nomearam a técnica: “CATCH”, que significa “pegar” ou “capturar” em inglês. Ele tem o potencial de detectar tipos de câncer colorretal precocemente, o que pode evitar que pessoas morram desta doença no futuro.

O experimento ainda está no estágio de pesquisa pré-clínica, com animais em laboratório. Agora, a próxima fase são os testes clínicos, feitos em pessoas e que servem para testar a segurança e a eficácia do método. Para um dos líderes do projeto, Dan Worthley, da Universidade de Adelaide, o “CATCH” também simboliza uma nova forma de detecção de doenças que pode se estender para muito além do câncer, ainda que isso não ocorra de imediato.

Foto destaque: Bactéria Acinetobacter baylyi (verde) envolve aglomerados de células de câncer colorretal. Foto: Josephine Wright.

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