Nos últimos dois anos, os casos de Tuberculose no Brasil estavam em queda, cerca de 68 mil casos. Os números de 2022 ainda não estão consolidados para compor uma nova estimativa, mas especialistas acreditam que a doença deve voltar agora ao o ritmo de avanço observado pré-pandemia. Segundo a Fiocruz, os números da tuberculose estão voltando a crescer no Brasil e, em alguns locais, os casos de infectados com cepas da bactéria resistentes a antibióticos geram preocupação. Um dos focos de atenção é o Rio de Janeiro. Um exemplo de que a doença não recuou é que, apesar da queda na notificação, os casos que resultam em mortes não se reduziram, e continuaram na faixa dos 4.500 ao ano. E as infecções se reduziram por conta do isolamento social, possivelmente a perturbação da pandemia no atendimento médico a outras doenças prejudicou o tratamento da tuberculose.
Reprodução: Julien Pereira/Prefeitura de Poá
O inverno é a temporada de maior risco de transmissão, o que permite aos médicos terem uma impressão melhor de qual será o impacto da doença no ano. Na prática, porém, é difícil ter um quadro epidêmico no meio do ano, porque a tuberculose é uma doença com curso de tratamento longo. Os casos graves com os sintomas típicos de pneumonia, tosse com sangue e perda de peso, podem levar meses para uma cura, quando não resultam em óbito. Por conta desse ciclo demorado, os boletins epidemiológicos que a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde divulga são anuais, apesar de os números poderem ser consultados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).
A situação no Brasil não é particularmente grave, dizem médicos, porque o país padronizou o tratamento da doença e conteve o uso indiscriminado dos antibióticos, particularmente a rifampicina e a isoniazida, formuladas numa cápsula só. O recente avanço de cepas resistentes aos medicamentos, porém, preocupa.
Imagem em destaque: Paciente é atendido na África do Sul; doença matou 1,5 milhão de pessoas no mundo na última década /Reprodução: NYT