Em meio aos debates legislativos sobre a anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, surge uma proposta divergente no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, defende a criação de um texto alternativo ao projeto que tramita na Câmara dos Deputados. A iniciativa visa estabelecer uma diferenciação clara entre os participantes e os supostos líderes e financiadores dos atos.
Alcolumbre propõe anistia seletiva, em contraste com projeto amplo discutido na Câmara
A declaração de Alcolumbre, feita na noite de terça-feira (2), demonstra sua intenção de apresentar um projeto próprio, indicando um caminho distinto daquele que se desenha na Câmara. Segundo sua assessoria, a proposta em elaboração terá como princípio central a distinção entre os diversos níveis de envolvimento nos acontecimentos. A ideia é que a anistia não seja aplicada de forma indiscriminada, mas sim que haja uma análise sobre o papel de cada indivíduo: se foi um mero participante ou se teve um papel de organização e/ou financiamento.
Essa abordagem contrasta significativamente com a que vem sendo discutida na Câmara dos Deputados. Lá, o debate se inclina para uma anistia ampla, geral e irrestrita. Um projeto com essas características poderia beneficiar não apenas os manifestantes, mas também figuras políticas proeminentes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, e outros réus investigados por suposta participação em uma trama golpista. A potencial amplitude da anistia na Câmara tem gerado intensa polêmica e dividido opiniões entre parlamentares e a sociedade civil.
Câmara defende anistia ampla, Senado sinaliza seletividade
A divergência entre as duas Casas legislativas reflete a complexidade e a sensibilidade do tema. Enquanto a Câmara parece considerar uma solução mais abrangente, o Senado, por meio da iniciativa de Alcolumbre, sinaliza a busca por um caminho mais seletivo e com critérios mais rigorosos. A proposta do senador continua em fase de redação e não foi formalmente apresentada, mas já lança luz sobre as diferentes visões de justiça e reconciliação que permeiam o Congresso Nacional. O futuro do projeto de anistia ainda é incerto e dependerá da articulação política e dos debates que ocorrerão nas próximas semanas. A discussão promete ser acalorada, com diferentes forças políticas buscando prevalecer em um tema que afeta diretamente o panorama jurídico e político do país.
