Lula promete rigor total em apuração de fraude no INSS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que as investigações sobre as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não farão distinções. A declaração ocorreu nesta quinta-feira (18/12), durante um encontro com jornalistas, em Brasília.

Segundo o presidente, qualquer pessoa eventualmente envolvida no esquema será alvo de apuração, sem exceções por vínculos pessoais ou políticos. Lula afirmou que a responsabilidade deve alcançar todos os níveis. “Se tiver filho meu metido nisso, será investigado”, declarou, ao reforçar a necessidade de rigor institucional.

Investigações avançam e revelam novos elementos

No mesmo dia, a Polícia Federal deflagrou uma nova etapa da operação que investiga irregularidades em benefícios previdenciários. A princípio, a apuração identificou transações financeiras atribuídas ao empresário Antônio Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ainda de acordo com os investigadores, os pagamentos teriam como destinatária Roberta Luchsinger, apontada como próxima de Fábio Luís da Silva, filho do presidente. Roberta é herdeira de um banqueiro e mantém relação histórica com quadros ligados ao Partido dos Trabalhadores.


Operação contra fraude já prendeu oito pessoas (Vídeo: reprodução/YouTube/Band Jornalismo)


Até o momento, contudo, as autoridades não indicaram participação direta do presidente ou de familiares no esquema investigado. A Polícia Federal segue analisando a origem dos recursos e a finalidade das transferências. Como o INSS integra a administração federal, os processos relacionados às suspeitas tramitam na Justiça Federal. As investigações concentram-se em possíveis descontos indevidos aplicados a aposentadorias e pensões, prática que teria afetado milhares de beneficiários em diferentes regiões do país.

Ressarcimento e ações recentes do INSS

Enquanto as apurações avançam, o governo federal iniciou, em agosto, o ressarcimento das vítimas dos descontos irregulares. Até agora, mais de R$ 1 bilhão foi devolvido aos beneficiários prejudicados. Dados oficiais indicam que cerca de 1,6 milhão de aposentados e pensionistas já receberam os valores integrais, com correção monetária. O Executivo afirma que os pagamentos continuarão até a conclusão de todos os casos identificados.

Além disso, em outubro, o INSS passou a alertar aproximadamente 4 milhões de beneficiários que ainda não realizaram a prova de vida. Os comunicados foram enviados por meio de extratos bancários impressos e digitais. O procedimento segue sendo obrigatório para garantir a regularidade dos pagamentos. Por fim, em novembro, o instituto anunciou a antecipação de benefícios para moradores de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, atingidos por um tornado. A medida buscou garantir assistência imediata às famílias afetadas pela tragédia.

Descontos ilegais em aposentadorias crescem 2,5 vezes e movimentam bilhões em esquema fraudulento

Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam que entidades de aposentados e pensionistas aumentaram em 2,5 vezes a quantidade de descontos sobre benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os repasses financeiros para essas associações cresceram 6,5 vezes no mesmo período. Uma investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que, desde 2019, essas entidades descontavam valores de aposentados sem autorização, sob a alegação de oferecer serviços. O esquema pode ter desviado R$ 6 bilhões.

Em março de 2020, 2 milhões de pessoas tinham descontos em folha – 75% vinculados à Contag. Em abril de 2024, o número saltou para 8 milhões. Até esta semana, 1,6 milhão já pediram reembolso dos valores indevidamente cobrados.

Contag liderava esquema com 75% dos descontos iniciais

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag) emergiu como a principal protagonista nos estágios iniciais do esquema de descontos ilegais. Os dados revelam que em março de 2020, a Contag concentrava 1,5 milhão dos 2 milhões de beneficiários com descontos (75% do total). Seu domínio no sistema era tão expressivo que equivalia a 3 em cada 4 descontos realizados naquele período. A entidade manteve posição de destaque mesmo com a explosão posterior no número de associações participantes.

Apesar do crescimento de outras entidades ao longo dos anos, a Contag permaneceu como um caso paradigmático da falha de fiscalização, demonstrando como uma única organização conseguia operar em larga escala sem os devidos controles.

CGU identifica cadastros em massa e falhas graves de fiscalização

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) detectou 42 situações em que uma única associação incluiu mais de 50 mil descontos em um único mês – volume que exigiria até 1.569 filiações por hora, uma operação logisticamente inviável. O relatório apontou que as entidades não tinham estrutura para justificar o volume de descontos e que o INSS falhou na fiscalização do processo.

“Estimando-se a quantidade de filiações/autorizações diárias (considerando 20 dias por mês), e a quantidade de filiações/autorizações por hora (considerando um regime de 8 horas de trabalho diários), para essas dez entidades, seria necessário realizar entre 778 e 1.569 filiações por hora”, avaliou a CGU.

O INSS falhou em exigir comprovação da capacidade operacional, fiscalizar o processo de filiação e validar as autorizações de desconto.

A CGU determinou que mesmo com sistemas eletrônicos, seria impossível validar a autenticidade dos descontos na escala observada, evidenciando que o esquema dependia necessariamente de automação irregular de processos, falta de verificação documental e conivência ou negligência no controle interno.

Biometria facial: medida crucial para frear fraude

A implementação da biometria facial em 2024 representou um divisor de águas no combate ao esquema de descontos ilegais, embora inicialmente tenha sido burlada. A medida foi instituída através de Instrução Normativa assinada em março de 2024 pelo então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto – posteriormente demitido no âmbito da Operação Sem Desconto. O sistema exigia assinatura digital válida, biometria facial do beneficiário e registro biométrico para todos os cadastrados a partir de 2021.

Mesmo com a biometria, servidores do INSS tentaram encontrar brechas para manter cadastros irregulares. A tecnologia, porém, mostrou-se eficaz em identificar inconsistências nos registros, bloquear cadastros sem comprovação biométrica válida e garantir a autenticidade das autorizações.

A redução no número de associados representou uma significativa diminuição no fluxo de recursos para as associações, invertendo a tendência de crescimento constante observada desde 2020. A biometria se mostrou a ferramenta mais eficaz até o momento para proteger os beneficiários, embora o sistema ainda exija aprimoramentos para eliminar completamente as fraudes.

Números do esquema revelam crescimento descontrolado e lucratividade recorde

O esquema de descontos ilegais em benefícios previdenciários apresentou um crescimento exponencial e descontrolado, com números que revelam sua impressionante magnitude e capacidade de arrecadação ilícita. Entre março de 2020 e janeiro de 2025, o número de entidades participantes saltou de apenas 10 para 37 associações, um aumento de 270% na base de organizações envolvidas no sistema.


Prédio da Previdência Social (Foto: reprodução/Joa Souza/Getty Images Embed)


Paralelamente, a quantidade de beneficiários com descontos em folha expandiu-se de 2 milhões para quase 8 milhões de cadastrados no mesmo período, atingindo seu ápice em abril de 2024. O mês de março daquele ano registrou um recorde histórico, com 796,6 mil novos cadastros realizados em um único mês, marca jamais alcançada antes ou depois dessa data.

Os valores movimentados pelo esquema acompanharam essa escalada vertiginosa. Em termos mensais, os repasses saltaram de R$ 40,4 milhões em março de 2020 para R$ 306,8 milhões em janeiro de 2025, uma multiplicação por 6,5 vezes em cinco anos. Na comparação anual, o período de março a dezembro de 2020 totalizou R$ 412 milhões em descontos, enquanto nos mesmos meses de 2024 o valor atingiu a impressionante marca de R$ 2,9 bilhões, crescimento de 604% em quatro anos. Essa curva ascendente manteve-se constante e exponencial desde 2020, com aumentos mensais consecutivos na maioria dos períodos e picos coincidentes com momentos de menor fiscalização.

A discrepância entre a capacidade operacional real das entidades e os números apresentados é ainda mais reveladora. Enquanto o recorde mensal chegou a quase 800 mil cadastros, a capacidade técnica comprovada por entidade não ultrapassava 50 mil mensais, uma diferença que em alguns casos alcançava 1.500% do volume tecnicamente viável.

Esses números evidenciam como o esquema transformou-se numa máquina de arrecadação ilegal, aproveitando-se sistematicamente das fragilidades do sistema previdenciário para drenar recursos públicos em escala bilionária, até que a implementação da biometria facial em 2024 começasse a frear sua expansão desenfreada.

Fraude do INSS: novo presidente inicia articulação para ressarcir vítimas de fraude

Um plano de ressarcimento às vítimas de descontos não autorizados do INSS começa a ser traçado entre o novo presidente do órgão, Gilberto Waller Júnior, e o Advogado Geral da União, Jorge Messias.

Ao todo, o INSS estima que mais de 4 milhões de beneficiários foram vítimas da fraude de descontos não autorizados sobre aposentadorias e pensões. Segundo a Controladoria Geral da União (CGU), 97,6% dos beneficiários não teriam autorizado desconto algum sobre suas folhas de pagamento.


Gilberto Waller Junior (Reprodução/Marcos Oliveira/Agência Estado)

O esquema bilionário de descontos foi revelado pela Polícia Federal que, após investigação, relatou que, ao todo, 11 associações ligadas a aposentados, das 39 com as quais o INSS mantinha acordos de cooperação, descontavam mensalidades em contracheques, sem o consentimento dos aposentados e ainda utilizando muitas vezes, assinaturas falsas para autorizar o desconto.  

O esquema, que ocorria desde 2019, durante o mandato do então presidente Jair Bolsonaro, gerou um prejuízo estimado de R$6,3 bilhões.

Demissão do Presidente do INSS

Como resultado das investigações da Polícia Federal, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado do cargo e servidores demitidos. Além dele, ainda seis pessoas foram presas, todas ligadas às entidades, dentre elas, Antonio Carlos Camilo Antunes, mais conhecido como “Careca do INSS”. Antonio Carlos era identificado como lobista do esquema, coordenava os repasses e lavava recursos por meio de empresas associadas ao grupo. 

Presidente Lula promete reparação

Em um pronunciamento em rede nacional, o presidente disse que o governo garantirá ressarcimento às vítimas da fraude.


Presidente Lula (Reprodução/Evaristo Sa/Getty images embed)


“Determinei à Advocacia Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, afirmou.

O presidente Lula ainda deu “carta-branca” para que o novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, reestruture o órgão e articule as medidas necessárias para pôr em prática as ações acerca do ressarcimento aos prejudicados. 

INSS inicia pagamento da primeira parcela do 13º em 26 de abril

Décimo terceiro terá início em 24 de abril, beneficiários de auxílios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começam a receber a primeira parcela do 13º salário. O pagamento será feito conforme o número final do cartão do benefício e se estenderá até o dia 8 de maio. A segunda parcela será depositada entre os dias 26 de maio e 6 de junho

A medida, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em evento realizado em Brasília, foi solicitada pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. O presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também reforçou a importância da antecipação, destacando que os recursos auxiliarão os mais de 34,2 milhões de beneficiários a arcar com despesas essenciais, como alimentação e medicamentos

Calendário de Pagamento – Primeira Parcela 13º Salário

Os beneficiários que recebem até um salário-mínimo seguirão o seguinte cronograma para a primeira parcelaPara os beneficiários que recebem um valor acima do salário-mínimo, os repasses terão início no dia 2 de maio
Bebefício final 1 Recebe 24 de abrilBebefício final 1 e 6Recebe 2 de maio
Bebefício final 2Recebe 25 de abrilBebefício final 2 e 7Recebe 5 de maio
Bebefício final 3Recebe 28 de abrilBebefício final 3 e 8Recebe 6 de maio
Bebefício final 4Recebe 29 de abrilBebefício final 4 e 9Recebe 7 de maio
Bebefício final 5Recebe 30 de abrilBebefício final 5 e 0Recebe 8 de maio
Bebefício final 6Recebe 2 de maio
Bebefício final 7Recebe 5 de maio
Bebefício final 8Recebe 6 de maio
Bebefício final 9Recebe 7 de maio
Bebefício final 0Recebe 8 de maio

Calendário de Pagamento – Segunda Parcela 13º Salário

A segunda parcela acompanhará um cronograma semelhante, ocorrendo entre 26 de maio e 6 de junho, sempre conforme o dígito final do benefício.

Pagamento da segunda parcela, para quem ganha até 1 salário-mínimoSegunda cota, destinada àqueles que recebem até um salário-mínimo
Bebefício final 1Recebe 26 de maioBebefício final 1 e 6Recebe 2 de junho
Bebefício final 2Recebe 27 de maioBebefício final 2 e 7Recebe 3 de junho
Bebefício final 3Recebe 28 de maioBebefício final 3 e 8Recebe 4 de junho
Bebefício final 4Recebe 29 de maioBebefício final 4 e 9Recebe 5 de junho
Bebefício final 5Recebe 30 de maioBebefício final 5 e 0Recebe 6 de junho
Bebefício final 6Recebe 2 de junho
Bebefício final 7Recebe 3 de junho
Bebefício final 8Recebe 4 de junho
Bebefício final 9Recebe 5 de junho
Bebefício final 0Recebe 6 de junho

Aumento do salário mínimo poderá ser limitado em 2025 (Foto: reprodução/Valor Investe)

Beneficiários do 13º do INSS

O abono será pago a aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios como incapacidade temporária, acidente e reclusão que tenham o benefício concedido até 31 de março de 2025. No entanto, beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada) e da Renda Mensal Vitalícia não receberão o pagamento, conforme a legislação vigente.

Os beneficiários podem consultar o pagamento pelo site ou aplicativo Meu INSS, ou pelo telefone 135, com atendimento de segunda a sábado, das 7h às 22h. Para acesso, é necessário o CPF e a resposta a perguntas de segurança.