Boate Kiss: STF alcança maioria e mantém prisão e condenação dos envolvidos

Nesta segunda-feira (3), a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) alcançou maioria, e por 3 votos a 2, decidiu manter a condenação e a prisão dos quatro réus envolvidos no incêndio da Boate Kiss, que aconteceu em 2013 em Santa Maria (RS). A decisão confirma a ordem anterior do ministro Dias Toffoli, que havia determinado a execução das penas. 

Com a decisão já tomada em plenário virtual, ficou determinada a prisão imediata de Elissandro Spohr, Mauro Hoffman, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha. 

O julgamento aconteceu no plenário virtual, onde os ministros Gilmar Mendes e Edson Fachin acompanharam o voto de Toffoli, enquanto André Mendonça e Nunes Marques divergiram, votando contra a manutenção da condenação. 

As defesas dos réus discordam da sentença

A união da Segunda Turma do Supremo, até o final do dia de ontem (3), não tinha encerrado o sistema virtual, pois ainda não tinham votado, Nunes Marques e André Mendonça, entretanto mesmo que os dois votassem contra a manutenção da decisão, o placar não poderia ser revertido por conta dos votos de Edson Fachin (presidente), Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em setembro de 2022, anulou o julgamento, alegando irregularidades, já em setembro do ano passado (2024), Dias Toffoli acatou os recursos apresentados Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, e relatou que os argumentos das defesas eram “insuficientes para mudar a decisão ora agravada”


Vídeo sobre decisão do STF (Vídeo: reprodução/@recordnews)

As defesas dos réus demonstraram discordância em relação à decisão, mas afirmaram que respeitarão a sentença do STF. A defesa de Elissandro Spohr, um dos réus, declarou que aguardará a retomada do julgamento no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para análise de outros pontos recursais. 

Relembre o ocorrido

O incêndio na boate Kiss ocorreu em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria (RS), durante uma festa universitária. O fogo começou após o uso de um artefato pirotécnico pela banda que se apresentava, causando intensa fumaça tóxica. A tragédia que resultou na morte de 242 pessoas também deixou mais de 600 feridos. Falhas na segurança, como a superlotação e a falta de saídas de emergência adequadas, acabaram por agravar a situação. O ocorrido gerou debates sobre as normas de segurança em estabelecimentos no Brasil.

Dias Toffoli ordena prisão de condenados pela tragédia da Boate Kiss

Nesta segunda-feira (20), foi publicada a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, sobre a retomada da validade do júri, no julgamento do incêndio da Boate Kiss, que condenou quatro réus em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Tragédia que matou 242 pessoas em 27 de janeiro de 2013.

Os réus foram condenados em 2021

Em dezembro de 2021, foi realizado o julgamento que condenou quatro réus pelo incêndio: os sócios da boate – Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e o auxiliar da banda, Luciano Bonilha Leão.

Em agosto de 2022, o julgamento foi anulado pelo Tribunal de Justiça. O TJ alegara que a escolha dos jurados foi irregular, que os quesitos elaborados foram ilegais e que a acusação foi modificada na réplica.

A Sexta Turma do STJ manteve a anulação do júri em setembro de 2023. O processo foi encaminhado para o STF. A Procuradoria-Geral da República pediu o reestabelecimento  do júri ao STF, em maio de 2024.

Toffoli preserva a soberania do júri

O ministro Dias Toffoli acolheu os recursos elencados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e Pelo MPF. Ele afirmou que “implicar a anulação da sessão do júri, viola diretamente a soberania do júri”, e derrubou as nulidades do julgamento.

As defesas dos condenados manifestaram surpresa com a decisão e lamentaram a tramitação ter sido sigilosa e silenciosa.


Momento exato que começou o incêncio na Boate Kiss (Reprodução/Youtube/@CorreiodoPovoPlay)


O pesadelo da Boate Kiss marcou para sempre Santa Maria

Lembranças da madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 permanecem na memória da comunidade de Santa Maria até hoje. Alunos da UFSM organizaram uma festa, Agromerados, na Boate Kiss. Durante a performance de uma banda, Gurizada Fandangueira, as fagulhas de dispositivos pirotécnicos atingiram a espuma acústica da boate, começando o incêndio.

A saída das pessoas foi dificultada pela escuridão do local, falta de sinalização, uma grade colocada na porta para organizar filas. O local não tinha estrutura de segurança para eventualidades como essa que aconteceu, levando 242 pessoas à morte.

Santa Maria: memorial para vítimas da boate Kiss começa a ser construído

Nesta quarta-feira (10/07), iniciou-se em Santa Maria–RS, a demolição da boate Kiss, local onde há 11 anos aconteceu uma das maiores tragédias do Brasil, o incêndio da boate.

 A derrubada do prédio dará lugar para um memorial em homenagem às 242 pessoas que faleceram no acidente, e as 636 pessoas que acabaram feridas durante o incêndio, o memorial também será uma homenagem às famílias afetadas pelo ocorrido.

O presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes, Gabriel Rovadoschi Barros, revelou que vários objetos da boate, como o portão e o letreiro do local, serão recolhidos para fazerem parte do acervo do memorial.

Essa primeira parte do projeto planeja definir quais vão ser os itens que estarão no memorial, a remoção do telhado e a abertura de um espaço na entrada central para ser possível a passagem das máquinas necessárias para o andamento da obra. O prazo para a entrega do memorial é de pelo menos 8 meses.


A fachada do boate Kiss, local onde aconteceu o incêndio (Reprodução/Tomaz Silva/Agência Brasil)

O projeto do memorial

O projeto foi desenhado pelo arquiteto paulista, Felipe Zene Motta, que definiu que o local do memorial terá um jardim na parte central e terá uma parte térrea que será fácil de fazer a manutenção. No jardim será colocado 242 pilares, que representa todas as vítimas do incêndio, nesse pilar será possível ver o nome de cada uma das vítimas e suporte para flores.

O projeto contará ainda com uma área de 383,65 metros quadrados. Nele será feito três salas, dentre elas uma sala multiúso, um auditório e a terceira será uma sede para a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes (AVTSM).

Caso da boate Kiss

O incêndio começou na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013 na boate Kiss, o estabelecimento era localizado na região central da cidade de Santa Maria.

Um forte incêndio acabou atingindo a boate neste dia, por conta de faíscas de um objeto utilizado para shows pirotécnicos, o incêndio começou pelo teto e rapidamente se espalhou devido ao teto da boate ser feito de espuma, o estabelecimento não tinha permissão para este tipo de show.

Em dezembro de 2021 os parentes das vítimas conseguiram uma vitória na justiça que foi a condenação dos sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann. Foram condenados ainda o vocalista da banda, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor da banda, Luciano Augusto Bonilha Leão.

No entanto, as penas foram anuladas em agosto do ano passado pelo Supremo Tribunal do Rio Grande do Sul. A atualização mais recente sobre as condenações é de que a PGR requisitou ao STF que retire a anulação sobre as penas.