Na quarta-feira (29/10), foi publicado na revista científica “The Lancet” o relatório da “Lancet Countdown on Health and Climate Change”. Esse relatório é sobre os impactos do calor e poluição, se utiliza de estudos de pares, que é quando é avaliado por outros especialistas antes da publicação. A colaboração é entre a University College London e é produzida em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A revista serve para divulgar descobertas científicas e médicas confiáveis, baseadas em estudos revisados por pares, como citado acima. Esse relatório conta com a contribuição de 128 especialistas de mais de 70 instituições acadêmicas e agências da ONU. O ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a ultrapassar a marca de 1,5 °C de aumento na temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais, isso tudo por conta do aquecimento global. Esse estudo discute os efeitos do aquecimento global e a relação de mortes desde os anos 1990 até 2024.
Calor e poluição causadores de mortes
O relatório aponta que as ameaças das alterações climáticas à saúde atingiram níveis sem precedentes. A revista “The Lancet” usa essas informações para destacar uma crítica à incapacidade de conter os efeitos do aquecimento global, que, por conta dele, levou a um aumento de 23% nas mortes relacionadas ao calor desde os anos 1990, falecendo 546 mil pessoas anualmente. Ela informa que dos 20 indicadores utilizados para analisar os riscos para a saúde e os impactos das alterações climáticas, 13 estabeleceram novos e preocupantes recordes no último ano. E um dos principais destaques do relatório é o aumento no número de dias de calor extremo anualmente, e como isso já impacta a saúde da população, levando à morte. O levantamento informa que cada pessoa esteve exposta, em média, a um recorde de 16 dias de calor extremo em 2024. Em locais como o norte da América do Sul e partes da África Subsaariana, o período de onda de calor superou os 40 dias.
Pessoa sofrendo com o calor (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Simplelmages)
O Brasil sofreu, em média, 15,6 dias de onda de calor extrema. Esse cenário é muito preocupante. Entre os anos de 2012 e 2021, o país registrou uma média anual de 3,6 mil mortes provocadas pelo calor, valor estimado de 4,4 vezes maior do que o observado na década de 1990. E, com isso, aproximando-se da média do mundo. Desses 94%, não teriam acontecido se não fossem por conta das mudanças climáticas. Também podemos ressaltar no relatório que as condições climáticas mais quentes e secas também contribuem para o aumento dos incêndios florestais. No Brasil, de 2020 a 2024, as pessoas enfrentaram uma média de 41 dias por ano, classificadas por esse estudo como de alto risco de incêndios florestais, isto é, um aumento de 10% em relação ao período de 2003 a 2012. Já outra forma de se combater esse problema é a transição energética, que surge como uma solução importante. O relatório comprova que cerca de 160 mil vidas são salvas anualmente como resultado da produção de energia por fontes renováveis.
COP30
A COP (Conference of the Parties) é uma reunião anual da ONU onde líderes mundiais, cientistas, ativistas e empresas discutem metas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Também discutem formas de proteger o meio ambiente e limitar o aquecimento global a 1,5 °C, que era a temperatura na era pré-industrial, isso tudo seguindo o Acordo de Paris de 2015. Esse ano, a reunião ocorrerá em Belém do Pará, no Brasil, no mês de novembro. E, pela primeira vez na história, a COP será realizada na Amazônia, tendo forte simbolismo, já que a região é essencial para o equilíbrio climático do mundo.
Vídeo do governo promovendo a COP30 que vai ocorrer em Belém (Vídeo: Reprodução/Youtube/governo do Brasil)
Para concluir, os incêndios florestais provavelmente estarão na agenda da COP30, considerando especialmente que o local do encontro fica na Amazônia, e esses incêndios causam mortes e poluição atmosférica. A COP 30 vai repercutir os números e as informações trazidas pelo relatório da Lancet Countdown on Health and Climate Change, e com esse relatório podemos afirmar a gravidade que tem esse aumento de temperatura para a saúde da população mundial. Esses dados da Lancet dão um direcionamento na criação de estratégias de alerta precoce para o calor e incêndios, isso é, não somente cortando as emissões, mas também preparando que os compromissos tenham impactos reais, utilizando-se de energias renováveis, entre outras formas. E, portanto, auxiliando o debate e assim, encontrar um equilíbrio para diminuir esse impacto que tem afetado tanto a saúde das pessoas.
