Em menos de três anos, a inteligência artificial (IA) se consolidou como a tecnologia de adoção mais rápida da história, superando marcos anteriores como a internet, o computador pessoal e o smartphone. De acordo com o AI Diffusion Report, elaborado pela iniciativa AI for Good Lab, da Microsoft, mais de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo já utilizaram ferramentas de IA um crescimento impressionante que, ao mesmo tempo, escancara uma nova forma de desigualdade tecnológica global.
IA cada vez maior no Norte Global
O estudo revela que o uso de IA no Norte Global é aproximadamente o dobro do registrado no Sul Global. Países como Singapura, Emirados Árabes Unidos, Noruega e Irlanda lideram o ranking mundial, com mais da metade de suas populações economicamente ativas utilizando algum tipo de ferramenta baseada em inteligência artificial. Em contrapartida, em diversas nações da África Subsaariana e do Sudeste Asiático, a taxa de adoção ainda é inferior a 10%. Essa disparidade, segundo o relatório, segue o mesmo padrão observado na disseminação de outras inovações tecnológicas, impulsionada por fatores como infraestrutura, renda e barreiras linguísticas.
O logo do ChatGPT da OpenIA (Foto: Reprodução/ Nikolas Kokovlis/NurPhoto/Getty Images Embed)
A relação entre PIB per capita e uso de IA é direta. Em países com renda acima de US$ 20 mil anuais, a taxa média de adoção chega a 23%, enquanto nas nações mais pobres cai para 13%. Isso significa que quase metade da população mundial ainda não dispõe de infraestrutura básica, como energia elétrica estável, internet de alta velocidade e capacitação digital, para explorar o potencial dessas tecnologias.
Impacto grande no idioma
Outro ponto de destaque no relatório é o impacto do idioma. Em países onde predominam línguas com pouca presença digital como o Chichewa, no Malawi, ou o Lao, no Laos , o uso de IA é significativamente menor, mesmo em regiões com níveis de renda semelhantes. A escassez de conteúdo online e o baixo desempenho dos modelos em idiomas pouco representados ampliam o fosso digital e limitam o acesso equitativo à IA.
Enquanto Estados Unidos e China concentram 86% da capacidade global de data centers e dominam o desenvolvimento de modelos avançados como o GPT-5 e o DeepSeek V3, outros países menores mostram caminhos alternativos. Singapura e os Emirados Árabes Unidos, por exemplo, tornaram-se referências em democratização tecnológica, combinando políticas públicas de longo prazo, investimentos em educação digital e infraestrutura de ponta. O resultado é um avanço consistente que demonstra que, com planejamento e inclusão, é possível reduzir as distâncias na corrida global pela inteligência artificial.
