Israel aprova expansão e redesenha fronteiras da Cisjordânia

Israel deu um passo significativo para avançar com o polêmico projeto de assentamento E1, na Cisjordânia ocupada, ao aprovar a construção de 3.401 novas unidades habitacionais. O plano de Israel, travado por décadas devido à oposição global, prevê a ligação de Jerusalém ao assentamento de Maale Adumim, criando uma faixa contínua de construções israelenses que cortaria o território palestino ao meio. Analistas apontam que a medida inviabilizaria a criação de um Estado palestino contíguo e comprometeria a possibilidade de Jerusalém Oriental tornar-se sua capital no futuro

Assentamento em território palestino

A aprovação ocorreu nesta quinta-feira (14) e deve receber sinal verde definitivo já na próxima semana. O projeto é visto por autoridades israelenses como parte de uma estratégia mais ampla de consolidação da soberania sobre a Cisjordânia, território ocupado desde 1967. Ao mesmo tempo, líderes palestinos classificam a iniciativa como uma ação sistemática para anexar terras, alterar a demografia local e impor realidades irreversíveis no terreno.

O proposta do E1 enfrenta críticas contundentes de organizações de direitos humanos e da comunidade internacional. A entidade israelense Paz Agora alertou que o avanço representa um “ponto de não retorno” para a solução de dois Estados, defendida em diversas resoluções da ONU. Segundo especialistas, a implementação do projeto isolaria comunidades palestinas, aumentaria as tensões e aprofundaria o ciclo de violência na região.

Embora os assentamentos israelenses na Cisjordânia sejam considerados ilegais pela lei internacional, mudanças na política externa dos Estados Unidos enfraqueceram o consenso sobre o tema. Durante o governo Trump, Washington abandonou a posição histórica de que as construções violavam o direito internacional, e a administração Biden manteve a orientação. Esse cenário tem sido interpretado por críticos como um sinal verde tácito para a expansão territorial.


Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursa diante de um mapa do Vale do Jordão (Foto: reprodução/Menahem Kahana/Getty Images Embed)


Aumentoda da instabilidade territorial

O anúncio ocorre em um momento de instabilidade, marcado pelo conflito em Gaza e pelo aumento da violência entre colonos israelenses e palestinos. Para diplomatas e observadores, a decisão de retomar o E1 amplia o risco de colapso das negociações de paz e aprofunda a divisão territorial e política.

Com a expectativa de aprovação final nos próximos dias, o projeto E1 pode redefinir o mapa da Cisjordânia e colocar novos obstáculos a qualquer acordo futuro, consolidando uma realidade que muitos consideram incompatível com a coexistência pacífica entre dois Estados.

Belém, cidade de Jesus, cancela celebrações de Natal por guerra entre Israel e Hamas

Belém, cidade do nascimento de Jesus, cancelou pela segunda vez as celebrações de Natal. A decisão drástica foi tomada devido a guerra entre Israel e Hamas. O conflito não tem previsão para acabar.

Celebrações canceladas

Belém é um dos destinos mais visitados da região em período natalino pelo grande valor simbólico que a cidade representa para os cristãos. A Igreja da Natividade, local onde Jesus nasceu de acordo com a História, recebe centenas de milhares de turistas todos os anos neste período. No entanto, esse ano, os hotéis e a Igreja se encontram praticamente vazios.


Tradicional árvore de Natal não será montada esse ano (Foto: reprodução/UOL)

Centenas de fieis se reuniram ao redor da igreja nesta terça-feira (24). A praça da manjedoura também não recebeu a sua típica decoração de Natal e os clássicos desfiles foram cancelados. Os moradores e comerciantes locais lamentam a situação.

Meu filho me perguntou por que não há árvore de Natal este ano, não sei como explicar”,

Ali Thabet, moradora de uma aldeia próxima à Belém, à CNN.


Igreja da Natividade, construída no local onde Jesus nasceu, em Belém, na Cisjordânia (Foto/Reprodução/Viator)

A guerra

A decisão foi tomada pelas autoridades diante do avanço do conflito e em solidariedade à população palestina em Gaza. No dia 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas atacaram a região sul de Israel. Na ocasião, 1.2 mil pessoas foram mortas e 250 pessoas foram feitas reféns. Além disso, 380 soldados morreram no ataque. No entanto, não são apenas os moradores locais que foram afetados com o conflito, a violência também chegou na Cisjordânia, com aproximadamente 300 palestinos mortos pelas forças israelenses.

Nunca vi algo assim. Natal é alegria, amor e paz. Não temos paz. Não temos alegria”,

Padre Spiridon Sammour, sacerdote ortodoxo grego da Igreja da Natividade.

Autoridades palestinas e da Igreja Católica pediram que fieis não percam a esperança. De acordo com o prefeito, sem esperança, não é possível viver na Terra Santa.

Exército de Israel desencadeia Grande Operação Militar na Cisjordânia

O Exército de Israel lançou na madrugada desta quarta-feira (28), uma significativa operação militar na Cisjordânia, resultando na morte de pelo menos 10 pessoas. A ação, que se tornou a maior desde o início da guerra na Faixa de Gaza, visa desmantelar estruturas terroristas e prender criminosos. A operação gerou uma resposta imediata do grupo palestino Fatah, que anunciou retaliação.


Palestinos choram ao lado do corpo de um homem no hospital de Tubas, morto em um ataque israelense na Cisjordânia (Foto: Reprodução/RONALDO SCHEMIDT/AFP/OGlobo)

A ofensiva israelense inclui buscas em várias cidades e campos de refugiados na Cisjordânia, com veículos militares bloqueando hospitais e ambulâncias. A violência no território tem aumentado desde o início do conflito em Gaza, com o Fatah e outros grupos palestinos intensificando suas ações contra Israel.

Objetivos e táticas da operação

A recente operação militar israelense na Cisjordânia representa uma intensificação significativa das hostilidades, com o objetivo declarado de desmantelar redes terroristas e prender indivíduos envolvidos em atividades extremistas. Iniciada na madrugada de quarta-feira (28), a ofensiva é a maior desde o início da guerra na Faixa de Gaza. As forças israelenses estão conduzindo buscas em quatro cidades e três campos de refugiados, que abrigam palestinos deslocados de áreas ocupadas por Israel.

Relatos indicam que os militares estão bloqueando acessos a hospitais, como o Hospital Especializado Al-Israa e o Hospital Thabet em Tulkarem. Além disso, foram registrados confrontos intensos em algumas dessas áreas. Esta operação surge após um ataque aéreo recente na Cisjordânia, que já havia resultado na morte de cinco pessoas, exacerbando ainda mais o clima de violência.

Repercussões e Resposta do Fatah

A nova ofensiva israelense na Cisjordânia provocou uma resposta imediata do grupo palestino Fatah, que governa a região. Em retaliação, o Fatah lançou uma operação para contrabalançar os ataques israelenses. As Brigadas Al-Aqsa, o braço armado do Fatah, anunciaram a ação como uma medida de defesa contra as incursões israelenses, aumentando a tensão na área.


Bandeira da Palestina ao lado da bandeira do grupo Fatah (Foto: Reprodução/Shutterstock)

A escalada de violência na Cisjordânia é um reflexo da crescente intensidade do conflito desde o início da guerra na Faixa de Gaza. A morte de pelo menos 640 palestinos desde o início do conflito, conforme relatado pela AFP, destaca a gravidade da situação.

A resposta do Fatah e a intensificação dos ataques refletem a complexidade e a profundidade das divisões entre israelenses e palestinos, desafiando os esforços de pacificação na região.