Governador do Rio diz ao STF que operação seguiu diretrizes da constituição

Na última segunda-feira (3), o governador do estado do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL-RJ) disse ao Superior Tribunal Federal que a “Operação Contenção”, megaoperação policial feita nos Complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira, dia 28 de outubro seguiu diretrizes constitucionais. Cláudio Castro apresentou um documento para o ministro Alexandre de Moraes para fazer esclarecimentos.

O relatório apresentado pelo governador do Rio de Janeiro trazia as justificativas para a Operação Contenção, além de contextualizar o porquê da ação policial. O documento feito por Cláudio Castro também trazia informações a respeito do Comando Vermelho (CV), facção criminosa que atua no Rio de Janeiro. 

A operação

A megaoperação policial aconteceu no dia 28 de outubro, e deixou mais de 120 mortos. A Operação Contenção mobilizou 2.500 agentes, vindos da Polícia Civil e da Polícia Militar, que atuaram em conjunto. A  investida aconteceu nos Complexos do Alemão e da Penha, localizados na Zona Norte do Rio de Janeiro. 


Cláudio Castro faz esclarecimentos ao STF (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNN Brasil)


A Operação Contenção visava capturar Edgar de Andrade, o Doca, líder da facção criminosa Comando Vermelho, também conhecido como CV. Também tinha como objetivo cumprir mandados de prisão relacionados ao Comando Vermelho, e fazer a apreensão de armas e drogas. A  operação se tornou a mais letal do Rio de Janeiro onde, pelo menos, 120 mortes foram registradas.

Castro e STF

O governador do Rio de Janeiro enviou um documento com justificativas ao Superior Tribunal Federal. “A atuação estatal, diante de organizações criminosas de perfil narcoterrorista, constituiu exercício legítimo do “poder-dever” de proteção da sociedade, concretizando o princípio da legalidade e reafirmando o compromisso das forças de segurança pública com a legalidade”.

Em sua fala, Castro ainda alegou “transparência e proteção dos direitos humanos, em estrita observância ao Estado Democrático de Direito e à defesa da vida”. A declaração visava mostrar que a Operação estava de acordo com as diretrizes constitucionais. 

Lista com 99 mortos durante megaoperação é divulgado

Nesta sexta-feira (31), a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro divulgou uma lista contendo 99 nomes de suspeitos que morreram durante a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, na última terça-feira (28). 

Entre os mortos, de acordo com o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, 78 tinham histórico criminal por homicídio ou tráfico de drogas, 42 estavam foragidos da Justiça e outros 39 eram residentes de outros estados brasileiros, como: Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso e Paraíba.

Operação Contenção

Na última terça-feira (28), 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, incluindo o BOPE, realizaram uma operação nos complexos do Alemão e da Penha, localizados na zona oeste do Rio de Janeiro. Com objetivo de apreender um dos líderes do Comando Vermelho, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, a Operação Contenção também tinha como finalidade o cumprimento de 180 mandados de busca e apreensão, além de 100 mandados de prisão, que foram expedidos pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes. 


Dos 100 mandatos de prisão expedidos para a operação, apenas 20 foram cumpridos (Foto: Reprodução/Instagram/@folhadespaulo)

Ao final, a operação resultou na prisão de 113 suspeitos, incluindo 33 de outros estados, como Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco. Além disso, considerada a ação policial mais letal da história brasileira, a megaoperação resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais. 

Criminosos fortemente armados

Após megaoperação realizada na última terça-feira (28), imagens obtidas através de drones registraram a presença de criminosos fortemente armados reunidos para fugir da polícia pela mata, conhecida como Serra da Misericórdia,  área que divide  as duas comunidades. 

As imagens, capturadas por volta das 6h enquanto se iniciava a megaoperação,  registram a presença de homens armados do Comando Vermelho (CV). Primeiro, os drones identificam a ação de 23 membros do CV vestindo roupas camufladas e uniformes característicos utilizados por policiais, dificultando a identificação dos criminosos.  Além disso, mais adiante,  as imagens também capturaram a presença de 83 traficantes fugindo pela Serra da Misericórdia. 

Mortes em operação policial no RJ superam o massacre do Carandiru

A ação policial deflagrada no Rio Janeiro na última terça-feira (28) superou o número de mortes do massacre do Carandiru, que aconteceu em 1992, em São Paulo. De acordo com dados da Secretaria do Estado e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, até o momento 121 mortes foram confirmadas, sendo entre elas 4 policiais civis e militares e 117 suspeitos. 

O massacre do Carandiru, que aconteceu na penitenciária após uma intervenção da polícia militar para conter uma rebelião dos detentos, deixou 111 mortos, sendo a operação mais letal da história até a ação policial que aconteceu no Rio nesta semana.

A operação mais letal da história

A ação policial fazia parte da operação Contenção, que foi uma iniciativa do governo do estado para prender lideranças criminosas dentro e fora do Rio de Janeiro e combater a expansão e domínio territorial do Comando Vermelho (CV), que tem dominado grandes territórios dentro do estado do Rio. Mais de 2.500 agentes estaduais participaram da operação, que teve como foco o Complexo do Alemão e da Penha. O confronto durou mais de 15 horas, se iniciando às 6h da manhã e terminando às 21h, de acordo com o coronel Marcelo de Menezes.


Familiares choram em volta dos corpos encontrados na mata da Penha (Foto: reprodução/Tomaz Silva/Agência Brasil)

Na manhã desta quarta-feira (29), a Defensoria Pública do Rio informou primeiro que eram 30 mortos, mudando o número para 119 mortos horas mais tarde. Dentro do novo número oficial divulgado, 61 novos corpos foram encontrados na mata nesta quarta, somando aos 58 mortos da operação de ontem (28). Os corpos encontrados na mata na Penha foram levados por civis para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, segundo órgãos de direitos humanos e moradores da região. 

O massacre do Carandiru

No dia 02 de outubro de 1992, a polícia militar fez uma operação para conter uma rebelião que estourou no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, que terminou com 111 mortos, sendo todos detentos da penitenciária. É estimado que o número de mortos no massacre tenha sido muito maior do que foi divulgado. 

A chacina deu origem à criação do Primeiro Comando da Capital (PCC), que se formou para combater a opressão dentro do sistema penitenciário de São Paulo. Em 2002, a casa Casa de Detenção foi desativada e teve alguns pavilhões implodidos até o ano de 2005, restando somente dois pavilhões que atualmentte funcionam duas Escolas Técnicas (Etec), a Etec de Artes e a Etec Parque da Juventude.

Operação Contenção mobiliza 2,5 mil agentes contra o crime organizado no RJ

Na manhã desta terça-feira (28), o governo do estado do Rio de Janeiro deflagrou a Operação Contenção, uma ação coordenada entre as polícias Civil e Militar e o Ministério Público, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes para cumprir aproximadamente 100 mandados de prisão e mais de 150 mandados de busca e apreensão nas comunidades dos Complexo do Alemão e Complexo da Penha.

A operação tem como alvo principal membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV), sob investigação por expansão territorial e por tráfico de drogas nessas regiões metropolitas. Além das prisões, foram utilizados blindados, drones, helicópteros e veículos especiais para o ingresso nas comunidades, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública.

Desta vez, as equipes foram para os complexos do Alemão e da Penha, um conjunto de 26 comunidades na Zona Norte do Rio de Janeiro onde, segundo as investigações, se refugiam chefes do CV.

Até a última atualização, 23 pessoas já tinham sido presas. Dois suspeitos baleados estão sob custódia no Hospital da Penha. Além disso, dois suspeitos da Bahia foram mortos no confronto.

Confrontos e impacto para moradores

Durante a manhã, moradores relataram um intenso tiroteio e a movimentação de tropas. Em algumas localidades, barricadas foram erguidas e tiros cruzados foram ouvidos a longa distância. Até o momento, foram confirmados dois mortos — suspeitos da facção — e ao menos um morador de rua baleado durante os confrontos.


Barricada incendiada em rua do Complexo do Alemão durante operação de forças de segurança na manhã desta terça-feira (28) (Foto:reprodução/TV Globo)

A Secretaria Municipal de Saúde informou que 5 unidades de Atenção Primária suspenderam o início do funcionamento e estão avaliando a possibilidade de abertura nas próximas horas. Uma clínica da família abriu, mas suspendeu as visitas domiciliares. E um colégio precisou encerrar as atividades, segundo a Secretaria Estadual de Educação.

O Rio Ônibus avisou que 12 linhas de ônibus estão com seus itinerários desviados preventivamente para a segurança de rodoviários e passageiros.

O desafio pendente e o que vem pela frente

Para o poder público, a Operação Contenção representa um momento de afirmação do controle estatal sobre territórios historicamente dominados pelo crime. O governador do estado ressaltou que “quem exerce o poder é o Estado” e reforçou que a ofensiva visa a dar espaço ao cidadão trabalhador nas comunidades, a operação é uma demonstração da integração das forças de segurança e do fortalecimento da presença do Estado em áreas conflagradas.


PM em escadaria do Complexo do Alemão durante operação na manhã desta terça-feira (28) (Foto:reprodução/TV Globo)

A ação desta terça, que também conta com promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), foi deflagrada após um ano de investigação pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Parte dos procurados, pelo menos 30, é do Pará. A PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) mobilizou equipes do COE (Comando de Operações Especiais) e batalhões da capital e da região metropolitana.

Com a operação em curso, o Brasil volta a acompanhar o desenrolar de uma ação de alta complexidade — e a comunidade internacional observa como o Rio de Janeiro lida com seus conflitos urbanos crônicos.

MC Poze do Rodo é autorizado a realizar shows fora do Rio

O cantor de funk Poze do Rodo foi autorizado pela Justiça a fazer shows fora do Estado do Rio. O artista cumpriu as determinações judiciais e não precisará mais comparecer mensalmente em juízo para justificar suas atividades. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (14) pela 1ª Vara Criminal Regional de Jacarepaguá, zona oeste, e assinada pela juíza substituta Beatriz de Oliveira Monteiro Marques.

Poze responde pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa, apologia ao crime e envolvimento com tráfico de drogas.

Envolvimento com o crime antes da fama

O MC já revelou em entrevistas que, antes de ser conhecido pelo público, se envolveu com a criminalidade e encontrou na música um refúgio para se afastar da vida do crime. Sua trajetória pessoal é cercada de polêmicas: criado na favela do Rodo, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, o cantor se envolveu com o tráfico de drogas local desde a adolescência, sob o comando da facção criminosa Comando Vermelho (CV), à qual mantém vínculo comprovado até hoje.


Evento no Complexo do Alemão 3 dias após a sua liberdade (Reprodução/Instagram/@pozevidalouca)

Desde o início de sua breve carreira, Marlon Brendon Coelho Couto, nome de nascimento do artista, coleciona idas e vindas na polícia. Em 2020, Poze ficou foragido por apologia ao crime e possível ligação com a facção criminosa Comando Vermelho. A polícia reuniu provas, como fotos portando armas, registros com criminosos e apresentações em áreas controladas pela facção. Segundo a polícia , o cantor incita a violência e promove o grupo ao realizar shows pagos pelo tráfico.

Apologia ou realidade em suas músicas?

Para a polícia, suas músicas exaltam e romantizam a vida no crime, enaltecem a facção à qual o músico era associado e geram conflitos com facções rivais, sendo seu estilo classificado como narcocultura. Já para o cantor carioca, sua música reflete a realidade de milhões de jovens que vivem em comunidades, que se identificam com suas letras e se sentem representados por uma trajetória que começou de baixo e hoje ostenta sucesso e luxo. O artista também revelou que se arrepende de algumas músicas do início da carreira, considerando-as pesadas para cantar atualmente.

Em junho, Poze conseguiu o habeas corpus e desde então cumpre algumas medidas cautelares: informar telefone para contato imediato e permanecer à disposição da Justiça; não se mudar sem comunicar ao Juízo; bloqueio de comunicação com investigados, testemunhas e associados ao Comando Vermelho; e retenção de passaporte. A defesa e o magistrado consideraram a atividade profissional do artista e o fato de que o impedimento do trabalho afetaria seus funcionários e suas famílias.

MC Poze do Rodo é solto da prisão no Rio de Janeiro

Após ser preso na última quinta-feira (29), MC Poze do Rodo foi liberado nesta terça-feira (3), da prisão onde estava no Rio de Janeiro, após apresentar Habeas Corpus à justiça. Após análise, foi decidido que o artista seria solto.

Ele havia sido detido por conta de apologia ao crime em suas músicas e por ter conexão com o Comendo Vermelho (CV). Além disso, já tinha sido acusado de tráfico de drogas em outras ocasiões, porém acabou sendo inocentado.

MC Poze é solto

O cantor Marlon Brando Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, foi solto nesta terça-feira (3), pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, após ser preso no final da semana passada. Poze havia sido preso por fazer apologia ao crime nas letras de suas músicas, e por possuir ligação com o grupo de crime organizado, Comando Vermelho (CV).


MC Poze do Rodo abraçando a esposa, após ser solto da prisão (Foto: reprodução/X/@ouve_muito)

Nesta segunda-feira (2), a defesa do funkeiro apresentou o Habeas Corpus, alegando que não há requisitos legais para a sua permanência na cadeia. Eles também disseram que a tentativa de conectar o cantor ao CV parte de uma associação preconceituosa do crime ao seu perfil, um jovem negro periférico. Além disso, também apresentaram outros dois casos em que Poze foi associado ao tráfico de drogas, porém que acabou sendo absolvido de ambos.

Marlon deixou o Complexo Penitenciário às 14h50. Saiu a pé, utilizando o traje padrão oferecido pela unidade, que são uma camisa, bermuda e chinelo.

A prisão de Poze

MC Poze do Rodo foi detido na última quinta-feira (29), durante uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, com suspeitas de conexão com o Comando Vermelho, além de acusações de apologia ao crime, destiladas por meio de suas músicas.


MC Poze do Rodo sendo acompanhado por seguranças (Foto: reprodução/X/@DennysDeeh_)

Durante a triagem no sistema da cadeia, Marlon Brando afirmou que possui, de fato, conexões com o crime organizado.

Oruam é preso novamente no Rio de Janeiro

Nesta quarta-feira (26), a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou uma operação de busca e apreensão na mansão do rapper Oruam, na zona oeste da cidade. Durante a ação, os agentes encontraram Yuri Pereira Gonçalves, foragido da Justiça por tráfico de drogas e crime organizado.

Oruam, cujo nome verdadeiro é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, foi autuado por favorecimento pessoal, conforme o artigo 348 do Código Penal, que criminaliza quem auxilia na ocultação de um criminoso.


Momento que Oruam foi preso (Vídeo: reprodução/X/@qgdopop)

Oruam e sua relação com o crime organizado

Na saída da delegacia, Oruam evitou falar com a imprensa e respondeu com hostilidade às perguntas:

“Vou falar pra tu não. Tu é delegado, juiz, para eu falar alguma coisa pra você?”

Mauro Davi dos Santos Nepomuceno (Oruam)

O rapper, filho de Marcinho VP – condenado por assassinato e apontado como um dos chefes do Comando Vermelho, uma das maiores organizações criminosa do país –, tem tatuagens em homenagem ao pai e ao traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.

Motivo da investigação

A operação desta quarta-feira não tem relação com outra investigação que envolve o rapper. Na última quinta-feira (20), Oruam foi preso em flagrante por direção perigosa, após realizar um cavalo de pau na frente de um carro da Polícia Militar e parar na contramão. De acordo com a Polícia Civil, ele foi autuado em flagrante e teve a fiança fixada em R$ 60 mil, liberado no mesmo dia.

No fim de 2024, ele foi indiciado por disparo de arma de fogo após atirar dentro de um condomínio em São Paulo, colocando em risco a integridade de várias pessoas, segundo a polícia.

Durante as buscas em sua residência, os agentes encontraram uma pistola 9 mm, que ainda não teve ligação confirmada com o caso, além de armamento de airsoft e simulacros. A mãe do artista, Márcia Nepomuceno, também foi alvo de um mandado de busca e apreensão.