Faleceu, aos 99 anos, na madrugada desta segunda-feira (29), a comediante Berta Loran. A atriz estava internada em um hospital particular em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde recebia cuidados médicos.
A artista, que completaria 100 anos em março de 2026, viveu seus últimos anos sem contato com a mídia e preferiu manter sua vida pessoal privada. A causa da morte ainda não foi divulgada pela família ou pela equipe médica.
Trajetória de Berta Loran
Berta nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 1926. Sua família imigrou para o Brasil quando ela ainda era criança para fugir das perseguições dos nazistas contra os judeus na Europa. Já no Rio de Janeiro, ela começou a se interessar pelas artes e palcos de teatro.
A artista iniciou sua trajetória se apresentando em clubes de comunidades judaicas, ao lado da irmã, formando a dupla Berta e Bela Ais. Porém, foi só na década de 1960 que ficou conhecida na televisão brasileira. Graças ao seu sotaque característico e jeito debochado, fez história como uma das primeiras mulheres a se consolidar no humor em um período dominado por homens.
Programas que marcaram sua carreira
Berta ganhou visibilidade em 1952, aos 26 anos, ao atuar em uma revista teatral no Teatro Carlos Gomes, convite do maestro Armando Ângelo. Estreou no cinema em 1955 com o filme “Sinfonia Carioca”. Em 1957, viajou a Portugal com a peça “Fogo no Pandeiro” e permaneceu no país por seis anos.
Retornou ao Brasil em 1963 e integrou montagens como “O Peru”, “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”, “Boeing Boeing”, entre outras, consolidando sua presença nos palcos por décadas. Na televisão, estreou na TV Tupi e, em 1966, foi contratada pela Globo, onde participou de diversos programas humorísticos, como “Bairro Feliz”, “Riso Sinal Aberto”, “Balança Mas Não Cai”, “Faça Humor, Não Faça Guerra” e “Planeta dos Homens”.
Em 1984, destacou-se como atriz dramática na novela “Amor com Amor Se Paga” e, a partir de 1991, trabalhou com Chico Anysio em vários de seus programas, interpretando personagens como a portuguesa Manuela D’Além-Mar e a judia Sara Rebeca. Continuou atuando na TV até os anos 2000.
Em 2016, foi homenageada com o livro “Berta Loran: 90 anos de humor”, escrito por João Luiz Azevedo. No livro, a atriz fala da família, dos maus-tratos sofridos na Polônia por sua condição de judia, sua viagem até o Brasil e conta sobre a escola pública onde estudou, no Rio de Janeiro, e sobre o início no Teatro Judaico (Teatro Idiche) onde conheceu aos palcos. Com quase oito décadas de carreira, Berta presenciou diferentes fases da televisão brasileira, mas sempre manteve o riso como ferramenta da sua identidade artística.
