Observatório registra sinais inéditos do cometa 3I/ATLAS

Cientistas estão de olho no cometa 3I/ATLAS depois de registrarem, pela primeira vez, sinais de rádio vindos de um objeto interestelar. O achado aconteceu na África do Sul e mostrou traços de radicais de hidroxila, substâncias ligadas ao gelo que vai se transformando em gás à medida que aquece.

Essa descoberta é um passo importante para a astronomia. Pela primeira vez, sinais de rádio foram captados de um corpo formado fora do Sistema Solar, e isso ajuda os cientistas a entender melhor a composição e a trajetória de objetos que viajam entre as estrelas.

O visitante interestelar

O cometa foi identificado em julho de 2025 pelo telescópio Atlas, no Chile. Ele é classificado como interestelar porque segue uma trajetória que mostra que não está preso à gravidade do Sol e viaja livremente pelo espaço.

As primeiras tentativas de captar sinais de rádio aconteceram em setembro, mas não deram certo. Agora, os dados registrados correspondem ao que os pesquisadores esperavam, aumentando a confiança nas medições.


3I/ATLAS visível próximo ao Sol (Foto: reprodução/X/@3IATLAS)


Descobrindo a origem do cometa

O sinal funciona como uma espécie de impressão digital do cometa. Ele permite que os cientistas descubram do que ele é feito sem precisar enviar sondas. Esse tipo de observação faz parte da radioastronomia, que “ouve” o espaço por meio de ondas eletromagnéticas, essenciais para estudar o que não conseguimos ver com a luz comum.

Essas ondas ajudam a revelar fenômenos distantes e a origem de substâncias presentes em corpos celestes. No caso do 3I/ATLAS, os sinais confirmam que há gelo em seu núcleo, o que indica que ele se formou em uma região muito fria da Via Láctea antes de ser lançado pelo espaço.


Objeto 3I/ATLAS emite primeiro sinal de rádio (Vídeo: reprodução/YouTube/Mistérios do Espaço)


Com a aproximação do Sol, parte desse gelo passou por sublimação, transformando-se em gás e mudando a cor do cometa, que agora apresenta tons azulados.

A Rede Internacional de Alerta de Asteroides diz que o 3I/ATLAS pode ter vagado por milhões de anos antes de chegar ao Sistema Solar. Em março de 2026, ele deve se aproximar de Júpiter, a cerca de 50 milhões de quilômetros, oferecendo uma nova chance de observar sinais de rádio e entender melhor de onde veio.

Astrônomos registram mudança de cor em cometa que se aproxima do Sistema Solar

O cometa interestelar identificado como 3I/ATLAS, avistado em 2024 pelo telescópio ATLAS, está apresentando mudanças de cor na sua coma e surpreendendo astrônomos com suas características. Inicialmente vermelha, a coma do objeto agora vem apresentando uma luz de tom esverdeado, levando os cientistas a tentarem descobrir possíveis motivos para a mudança.

A equipe do telescópio ATLAS avistou o objeto misterioso pela primeira vez em outubro de 2024, sendo rapidamente identificado como um cometa que se originou fora do nosso sistema solar. No começo dos estudos, o cometa apresentava características comuns, que não as diferenciava de outros cometas já vistos e estudados. Sua forma foi se alterando com o tempo, desenvolvendo uma cauda, e sua coma foi se tornando mais evidente conforme a velocidade em que ele se movia e se aproximava do Sol. Entretanto, com a nova descoberta através de telescópios espaciais, os astrônomos notaram mudanças incomuns. 

Hipótese de mudança química 

A transição de cor na coma, que é a nuvem de gás e poeira que se forma ao redor do núcleo do cometa à medida que ele se aproxima do Sol, é a propriedade que mais chama atenção do meio científico. O astrônomo Michael Jäger vem realizando algumas análises do objeto que segue em direção ao Sol, e em uma das suas últimas observações em um eclipse lunar, ele notou que a luz que antes refletia um tom avermelhado, agora dava lugar para uma luz esverdeada. 

A suposição que mais tem sido aceita é de que o motivo da transição seria um aumento acentuado na produção de cianeto, uma característica comum nos cometas, conforme o núcleo do 3I/ATLAS se aquece. Embora esse comportamento seja comum em outros cometas estudados, os astrônomos não esperavam que ocorresse uma transição de cor na coma.


Vídeo da trajetória do cometa 3I/ATLAS (Vídeo: reprodução/X/@astronamiaum)


Objeto extraterrestre 

Entretanto, mesmo que os cientistas identifiquem o objeto misterioso como um cometa interestelar, há quem diga que ele, na verdade, é um objeto extraterrestre. Avi Loeb, astrônomo de Harvard, é conhecido por seus estudos em busca de evidências que comprovem a existência de vida fora da Terra. Ele sugeriu que talvez o 3I/ATLAS, na verdade, seja um “artefato extraterrestre” e que sua composição é formada predominantemente por dióxido de carbono, que corresponde a 87% da massa do cometa. 

Entre as justificativas para sua análise, Loeb aponta que a trajetória do objeto é significativamente incomum por passar perto de outros planetas do nosso sistema, como Marte, Vênus e Júpiter, o que é difícil de ocorrer em trajetórias de outros cometas. Apesar dos estudos dirigidos pelo astrônomo, a maioria dos cientistas defende a tese de que o objeto seja sim um cometa interestelar, mesmo que conte com propriedades atípicas. 

Cometa raro visto a cada 69 anos passará pela Terra e poderá ser observado do Brasil

Durante a noite do sábado (06), o cometa 13P/Olbers fará sua passagem próxima à Terra e poderá ser observado do Brasil. O fenômeno costuma acontecer a cada 69 anos, quando atinge seu brilho máximo, e segundo informações divulgadas pelo Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as regiões que verão o cometa com mais precisão serão o Norte e o Nordeste. 

É recomendado que os observadores utilizem um binóculo no céu escuro e estejam num local sem poluição luminosa para conseguirem enxergar o cometa. Ele passará na direção da constelação de Lince, que pode ser encontrada entre as constelações do Pastor e da Ursa Maior, próxima à estrela de Gêmeos. 

O cometa é da categoria “Halley”

O 13P/Olbers foi descoberto em 1815 pelo astrônomo alemão Heinrich Olbers, e pertence à categoria do “tipo Halley”. Os “Halley” são objetos que demoram cerca de 20 a 200 anos para completar sua órbita e seu ponto brilhante costuma ser bastante estudado por astrônomos. 


Cometa Halley visto na Austrália (Foto: reprodução/Impressions Photography/Getty Images Embed)


Segundo os estudos, o ponto brilhante pode ser uma evidência e prova de que a órbita dos cometas “Halley” estão acompanhadas por uma chuva de meteoros em Marte. O 13P/Olbers assim como outros cometas, é formado por água, gelo seco, rochas, metano, amoníaco e outras substâncias e metais que devido às temperaturas baixas no espaço permanecem congelados por todo o tempo. 

Outro fenômeno no mês de julho

O mês de julho contará com outro fenômeno espacial, uma chuva de meteoros que deverá acontecer entre os dias 30 e 31. Diferente do 13P/Olbers, os meteoros serão visíveis em todas as regiões do Brasil e podem ser observados a olho nu, sua formação ocorrerá na estrela Delta Aquarii da constelação de Aquário. 


Chuva de meteoros (Foto: reprodução/Thilina Kaluthotage/NurPhoto/Getty Images Embed)


Será possível enxergar cerca de 20 a 25 meteoros a partir das 21 horas. Em setembro, outro cometa deve passar também pela Terra. O cometa C/2023 A3 é considerado grande e poderá ser observado em todos os Hemisférios do planeta sem a necessidade de um equipamento, devido ao seu tamanho.