Amazônia tem menor índice de desmatamento em 11 anos

O Brasil registrou a menor taxa de desmatamento na Amazônia em 11 anos. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a área desmatada entre agosto de 2024 e julho de 2025 foi de 5.796 km², o que resultou em uma redução de 11% em relação ao período anterior.

O dado foi divulgado nesta sexta-feira (30) e representa o quarto ano seguido de queda. A informação chega em um momento estratégico: o governo Lula prepara-se para apresentar na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, com o Fundo Tropical das Florestas, que financiará ações de proteção ambiental.

Queda histórica, mas com sinais de alerta

Apesar do avanço, pesquisadores identificam um aumento expressivo da degradação florestal, que atingiu 38% neste ciclo, sendo, portanto, a maior taxa já registrada. Logo, o fenômeno ocorre quando a floresta perde cobertura vegetal gradualmente, sem desmatamento total.

Já entre 2022 e 2025, a degradação subiu de 7% para 38%, impulsionada por incêndios, secas extremas e cortes seletivos. O Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, destacou que, sem os impactos do fogo, “teríamos o menor índice de corte raso da história”.


Vista aérea de uma área da floresta amazônica desmatada por queimadas ilegais (Foto: reprodução/EVARISTO SA/AFP/Getty Images Embed)


Ações e fatores que explicam a redução

O governo atribui a queda ao aumento da fiscalização e ao uso de tecnologia de monitoramento. Foram realizadas 9.540 operações em um ano, com 4 mil autos de infração e mais de 3 mil fazendas embargadas. Consequentemente, o Ibama e o ICMBio aplicaram R$ 8 bilhões em multas entre 2023 e 2025, valor 63% maior que o triênio anterior. Eventualmente, o número de operações subiu 80%, e as apreensões de produtos ilegais cresceram 42%.

A integração com o sistema financeiro também teve papel importante. O governo bloqueou R$ 6 bilhões em crédito rural para produtores com histórico de desmatamento. Além disso, municípios engajados no programa federal de combate à devastação reduziram em média 65% o desmate.

Resultados por estado e no Cerrado

Como resultado, entre os estados da Amazônia Legal, área administrativa e de planejamento que abrange nove estados brasileiros, o Tocantins teve a maior redução, com 62,5%, seguido pelos estados do Amapá (48,1%) e Roraima (37,3%). O único aumento ocorreu no Mato Grosso, com alta de 26%. 

Similarmente, o Cerrado também registrou queda de 11%, totalizando 7.235 km² de desmatamento, sendo o menor índice em cinco anos. Contudo, apesar dos avanços, especialistas reforçam que a degradação silenciosa ameaça a estabilidade climática e o futuro da floresta que cobre a maior parte da Bacia Amazônica na América do Sul.

Brasil reduz focos de incêndio em 46% no primeiro semestre de 2025

O número de focos de incêndio registrados no Brasil teve uma redução de 46% no primeiro semestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. A queda foi divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que monitorou os dados via satélite. Entre janeiro e junho deste ano, 19.277 ocorrências foram detectadas em todo o país, contra 35.938 no mesmo intervalo de 2024. A diminuição foi observada principalmente na Amazônia, bioma mais afetado no ano anterior devido a um El Niño severo e à seca extrema.

Apesar do recuo nas queimadas, o desmatamento na Amazônia voltou a crescer, levantando preocupações entre especialistas e ambientalistas. O mês de maio, por exemplo, teve um aumento de 92% na perda de vegetação em comparação com o mesmo mês de 2024, totalizando 960 km² de floresta derrubada.

Estados do Centro-Oeste e Nordeste concentram maior número de focos

O Mato Grosso liderou o ranking de focos de incêndio em 2025, com 3.538 registros — o equivalente a 18,4% do total nacional. Tocantins (2.623), Bahia (1.992) e Maranhão (1.946) também apresentaram números expressivos. O Pará, sede da próxima COP30, ocupou a quinta posição, com 1.203 ocorrências — uma queda de 37% em relação ao ano anterior.

Mesmo com a queda dos incêndios, a situação ambiental na região amazônica continua sendo considerada crítica. Segundo Luciana Vanni Gatti, coordenadora do laboratório de gases do efeito estufa do Inpe, o aumento do desmatamento pode estar relacionado à conclusão da extração de áreas já queimadas em 2024.

A área que queimou no ano passado foi gigantesca. Agora, os desmatadores podem estar finalizando a remoção da vegetação morta para dar lugar a novas atividades — afirmou Gatti.

Redução das queimadas não freia crise ambiental

A redução nos focos de incêndio no Brasil é considerada positiva, mas não suficiente para conter a crise ambiental. O aumento do desmatamento revela que o desmonte da vegetação continua em ritmo acelerado, ainda que o uso do fogo esteja sendo menos frequente.


Incêndios registados na Amazônia de anos anteriores (Vídeo: reprodução/YouTube/BdF)


Especialistas alertam que o monitoramento por satélite pode registrar apenas os chamados cortes rasos — quando a floresta é completamente derrubada — e, por isso, há possibilidade de os dados atuais refletirem ações iniciadas ainda em 2024.

Enquanto o país se prepara para sediar a COP30, os números reforçam a urgência de políticas mais efetivas e integradas de proteção ambiental, que combatam não apenas as queimadas, como o desmatamento e suas causas estruturais.

Alertas de desmatamento na Amazônia sobem 91% em maio de 2025

O desmatamento na Amazônia teve um crescimento alarmante em maio de 2025, atingindo 960 km², o segundo pior índice da série histórica para esse mês. O aumento de 91% em relação ao mesmo período do ano anterior acendeu um alerta entre ambientalistas e autoridades, que apontam incêndios florestais e decisões políticas como agravantes da crise ambiental.

Incêndios impulsionam devastação inédita

Segundo dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), esse avanço só perde para maio de 2021, quando o desmatamento alcançou 1.390 km².

A elevação nos alertas, que já havia sido registrada em abril, marca a segunda alta consecutiva de 2025. Nos últimos dez meses, de agosto até maio, o acumulado já representa um aumento de 9,7% na área desmatada em relação ao mesmo período anterior.

O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, classificou o cenário como crítico, explicando que a maior parte da perda de floresta em maio ocorreu devido a incêndios florestais, algo que, segundo ele, rompe com uma tendência histórica até então pouco observada.

Capobianco informou que mais da metade do desmatamento no período foi registrado em áreas que haviam sido atingidas por fogo. Ele destacou ainda que, historicamente, os incêndios tinham impacto limitado sobre as taxas de desmatamento.

Contudo, diante do agravamento das mudanças climáticas e da maior fragilidade da cobertura vegetal, inclusive nas florestas primárias, esse panorama estaria se transformando, o que preocupa o governo federal.

Entre os estados mais afetados, Mato Grosso lidera com 627 km² de floresta desmatada, representando 65% do total de maio e registrando um aumento de 237% em relação ao mesmo mês do ano anterior.

Pará e Amazonas aparecem na sequência, com 145 km² e 142 km², respectivamente.


De agosto de 2024 até maio de 2025, a elevação acumulada foi de 9,1% em relação ao período anterior (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


PL ambiental preocupa especialistas

A especialista em conservação do WWF-Brasil, Ana Carolina Crisostomo, avaliou que a recente aprovação do Projeto de Lei 2159/2021, conhecido como PL do Licenciamento Ambiental ou “PL do Desmatamento”, é extremamente preocupante.

Segundo ela, o projeto não leva em conta a emergência climática atual e vai de encontro aos compromissos firmados pelo Brasil, tanto ao nível nacional quanto internacional.

Ela afirmou que, ao flexibilizar regras ambientais, o país estaria adotando uma postura contraditória com sua meta oficial de zerar o desmatamento até 2030.

Ainda de acordo com Crisostomo, essa medida representa uma nova onda de retrocessos ambientais, ao permitir que projetos com alto potencial de impacto avancem com menos exigências legais.

O Greenpeace também alertou para os efeitos climáticos acumulados nos últimos dois anos, apontando a combinação entre as mudanças no clima e um El Niño intenso como fatores que contribuíram para temperaturas elevadas e secas severas na região amazônica.

Para a organização, esses eventos deixaram grandes áreas da floresta mais suscetíveis à ação humana e ao uso do fogo como ferramenta de desmatamento.

Capobianco reforçou essa análise, ao observar que, em um cenário de aquecimento e seca crescente, o uso criminoso do fogo tem agravado ainda mais a destruição da Amazônia.











Floresta na Amazônia registra pior cenário de incêndios florestais em 20 anos

A Amazônia brasileira sofreu os incêndios florestais mais graves em 20 anos, com 13.489 focos registrados durante o primeiro semestre do ano, conforme dados de satélite divulgados nesta segunda-feira (01). Foram registrados um aumento de 61% dos focos de incêndio em comparação aos dados de 2023.

O Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, disse que a floresta amazônica teve um resultado superior de focos de incêndios apenas em 2003 e 2004.

Desmatamento na Amazônia

De acordo com dados do Inpe mostram que o desmatamento diminuiu 1.525 km ante os 2.649 km registrados no primeiro semestre de 2022, uma queda de 42 km no período de 1º de janeiro a 21 de junho.

O governo Lula prometeu reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, uma resposta ao aumento significativo durante o governo de Jair Bolsonaro.

Causas do incêndio

O representante brasileiro do Greenpeace, Rômulo Batista, disse que o aumento dos incêndios na Amazônia foi causado principalmente pela seca extrema que ocorreu no ano passado. As alterações climáticas são um grande fator deste aumento, como enfatizou.

O especialista diz que os incêndios são geralmente causados ​​​​pelo homem para expandir as atividades agrícolas, sendo que a maioria deles não são incêndios espontâneos.


Vista aérea de uma queimada na floresta amazônica em 2022 (Foto: Reprodução/Douglas Magno/Getty Images Embed)


Cenário preocupante em outro bioma

O Pantanal também vive um cenário dramático. Junho registrou o pior incêndio florestal em 26 anos na região. A estação seca do centro-oeste do país está causando danos à fauna e à flora. Geralmente, este período do ano já é seco, mas houve um aumento na atividade de incêndios na seca, o que também tem relação com o fenômeno El Niño.

A fumaça é um grande problema para os moradores da região, pode causar danos aos animais e à vegetação, além de problemas respiratórios. A área devastada aumentou quase 20 vezes em 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Relatório aponta que desmatamento de florestas no Brasil diminuiu em 36% 

A organização Global Forest Watch (GFW) divulgou nessa quinta-feira (04) um estudo que revela que o Brasil diminuiu em 36% a perda de floresta nativa e primária em 2023. Esse número representa o nível mais baixo que o país já atingiu desde 2015, porém, apesar de positivo, o Brasil continua sendo o que mais apresenta perda florestal anual. 

A Colômbia foi a que demonstrou o resultado mais satisfatório no mundo, com diminuição de 49%, a instituição atribui isso às medidas aprovadas pelo presidente Gustavo Petro. Em compensação, Bolívia e Laos tiveram os maiores aumentos, com 27% e 47% respectivamente, sendo seguidos por Peru, Malásia, Indonésia, Camarões e República Democrática do Congo. 


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Queimada na floresta Amazônica (Foto: reprodução/MICHAEL DANTAS/AFP/Getty Images Embed)


Cerrado e Pantanal

Ainda segundo o relatório, os biomas do Cerrado e Pantanal são os que mais sofrem com o desmatamento e vêm registrando aumento. O Pantanal pela seca e princípios de queimadas, e o Cerrado por ser o centro da agricultura do Brasil, ocasionando desflorestamento da mata.


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Presidente Lula discursando em evento da ONU (Foto: reprodução/Spencer Platt/Getty Images Embed)


A Amazônia é o principal ecossistema com números de queda, segundo o governo brasileiro, a redução é de 22,4% no período de agosto de 2022 a julho de 2023, já o estudo afirma uma redução de 39%.

Mudanças relacionadas ao governo

A GFW explica que essa mudança em solo brasileiro se deve às ações realizadas pelo governo e presidente Luís Inácio da Silva Lula. O documento aponta que entre os atos estão as anulações de medidas e maior reforço em fiscalização na fauna, tudo isso auxilia no menor impacto e danos ao ambiente, proporcionado resultados positivos na Amazônia.  

É esperado que esses dados possam melhorar em 2024, mas para a entidade, o mundo não conseguirá cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030 estabelecida na Declaração dos Líderes de Glasgow (COP26). 

Cerca de 70% das vítimas de violência feminina na Amazônia tem entre 0 e 14 anos

Um estudo do Instituto Igarapé mostra um significativo aumento das taxas de todas as formas de violências não letal contra mulheres da Amazônia Legal. Além disso, a pesquisa indicou uma taxa de feminicídio consideravelmente mais alta em comparação com o restante do país.

Diferentes tipos de violência

O relatório apresentado, na segunda-feira (18), analisa o cenário de violência contra mulheres na Amazônia Legal nos últimos cinco anos. Contrariando uma queda de 12% no restante do país, houve uma redução de apenas 2% nas taxas de homicídios dolosos de mulheres na Amazônia. A Amazônia Legal é formada pelos estados do Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.

A violência física aumentou 3% no restante do país, enquanto que na Amazônia Legal, 37%. A violência patrimonial cresceu 51% no restante do país e 62% na região amazônica. A violência psicológica aumentou 14% no restante do país contra 82% da região amazônica. O aumento da violência sexual representa uma média de 24 vítimas por dia nesse período, sendo que 69% eram meninas entre zero e 14 anos.


Transporte de madeira no Rio Murutipucu, Nordeste do Pará (foto: reprodução/ getty images embed)


Não começou agora

A Amazônia tem um histórico de exploração de seus recursos naturais, destacando a exploração madeireira, a agropecuária com impacto ambiental negativo, a mineração ilegal, especialmente de ouro e a grilagem de terras. Além de destruírem a biodiversidade das florestas, os exploradores controlam a região por meio de complexas redes criminosas que favorecem o narcotráfico, a exploração sexual infantil, o trabalho escravo e elevados índices de violência em suas mais variadas formas.

Diversas pesquisas indicam que a Amazônia Legal é a região mais violenta do Brasil. Em um cenário de constante conflito, violência e insegurança pública, os números sugerem que essas dinâmicas também estão afetando as mulheres. Os dados dos últimos cinco anos são um importante alerta. Ao mapear e entender os padrões das violências contra mulheres, subsídios foram fornecidos para o planejamento de políticas públicas baseadas em evidências, capazes de modificar a realidade adversa.

Amazônia Legal teve o menor índice de desmatamento dos últimos seis anos  

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou nesta segunda-feira (18) dados a respeito do primeiro bimestre de 2024. Informando que de janeiro a fevereiro deste ano 196 km² de floresta amazônica foram derrubados. Os números são altos, mas em comparação aos 6 anos anteriores eles diminuíram, sendo essa então, uma diminuição de 63% em relação aos anos anteriores.

Amazônia legal

A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e fazem parte dela 9 estados brasileiros, sendo eles: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. No ano passado, no mesmo período (primeiro semestre do ano), foram derrubados 523 km² de floresta no bioma. Apesar dos bons resultados, a Imazon alerta que o desmatamento no primeiro trimestre de 2024 ainda vem ultrapassando os níveis registrados nos mesmos meses entre 2008 e 2017, com exceção de 2015. Onde a derrubada de florestas se manteve abaixo de 150 km² em todos os anos. Nos 196 km² de desmatamento na Amazônia dos meses de janeiro e fevereiro de 2024, é possível afirmar que a área perdida superaria os territórios das cidades de Vitória (97 km²), Natal (167 km²) e Aracaju (182 km²).


Desmatamento na Amazônia (foto: reprodução/Getty Images Embed)


Ranking do desmatamento em cada estado da Amazônia legal 

Os estados que fazem parte da Amazônia Legal, que nos primeiros dois meses de 2024 mais desmataram o bioma foram Mato Grosso (32%), Roraima (30%) e Amazonas (16%), totalizando 152 km² de floresta destruída, sendo eles responsáveis por 77% do total na região. O Mato Grosso teve aumento no desmatamento devido à expansão agropecuária, especialmente em municípios como Juína, Juara, Feliz Natal, Nova Maringá, Marcelândia e Canarana.

Já Roraima obteve maior desmatamento até mesmo dentro de terras indígenas, com 8 territórios sendo listados, incluindo os Yanomami, Manoá-Pium e Raposa Serra do Sol. Por fim, o Amazonas, onde destacou-se a expansão do desmatamento em assentamentos, sendo os municípios da região Sul os mais afetados pela situação.