Presidente do Brasil, Colômbia e México debatem soluções para crise na Venezuela com Nicolás Maduro

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Gustavo Petro, da Colômbia, e Andrés Manuel López Obrador, do México, devem se reunir nesta quarta-feira (4) com Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, para discutir soluções para a crise política no país. A iniciativa, liderada por Petro, busca encontrar saídas diplomáticas que preservem a soberania venezuelana e diminuam os impactos regionais.

A reunião ocorre em meio a uma crescente preocupação internacional, manifestada por diversos países e organizações, após a emissão de um mandado de prisão contra o líder opositor venezuelano Edmundo González.

Busca por soluções regionais

O chanceler colombiano Luis Gilberto Murillo afirmou à CNN que os três presidentes estão comprometidos em encontrar soluções que respeitem a soberania da Venezuela, mas que também contemplem a necessidade de mediação externa, devido ao impacto da crise em países vizinhos. Segundo Murillo, a reunião será conduzida com discrição diplomática, buscando evitar um agravamento da situação política venezuelana.


Luis Gilberto Murillo, chanceler colombiano substituto temporário de Álvaro Leyva — (Foto: Reprodução/Esteban Vega La-Rotta/Revista Dinero)

Além disso, Murillo destacou a importância de os próprios venezuelanos liderarem o processo de resolução dos conflitos internos.

Preocupação internacional cresce

A reunião acontece um dia após Brasil e Colômbia emitirem uma nota conjunta expressando “profunda preocupação” com a recente ordem de prisão emitida contra o candidato opositor Edmundo González, um movimento que, segundo os dois países, “afeta gravemente” os compromissos democráticos firmados pelo governo venezuelano nos Acordos de Barbados.

O mandado de prisão, solicitado pelo Ministério Público venezuelano, acusa González de vários crimes, incluindo usurpação de funções e falsificação de documentos públicos. Na terça-feira (03), a comunidade internacional, liderada por EUA e União Europeia, rejeitou o mandado de prisão emitido por um tribunal da Venezuela.

O assessor internacional da Presidência, Celso Amorim, disse à Reuters que o governo brasileiro considera muito preocupante o pedido de prisão do candidato da oposição na Venezuela, Edmundo González.

É uma coisa errada ao nosso ver. O Brasil tomou parte do acordo de Barbados, fizemos parte do processo de negociação, nos sentimos autorizados a criticar, disse Celso Amorim, à Reuters.

Com a reunião de quarta-feira, espera-se que Lula, Petro e López Obrador possam exercer pressão diplomática sobre Maduro para reverter medidas que dificultem o processo democrático e contribuam para a estabilidade política na Venezuela e em toda a região.

Em meio a pressão internacional, Maduro comparece a Suprema Corte

Com a crescente pressão internacional pedindo a divulgação das atas da votação de 28 de julho, nesta sexta-feira (9), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, compareceu à Suprema corte do país e solicitou a validação de sua reeleição. 

Eleições da Venezuela

No dia da votação, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) teria afirmado que Maduro foi reeleito com 52% dos votos, já seu adversário, Edmundo González Urrutia teria recebido 43%, mas, até o momento, o órgão governamental não publicou os detalhes da votação, alegando que sistema utilizado na eleição foi hackeado. 

A oposição liderada pela Ex-deputada, Maria Corina machado denunciou fraudes nas urnas e diz ter 80% das atas, que confirmaria González Urrutia como o vencedor da eleição. Por sua vez, o político chavista rejeita as provas que foram apresentadas pelos seus opositores e as classifica como falsas.   


Líder da oposição Corina Machado junto ao candidato Urrutia (Foto: Reprodução/Ariana Cubillos/AP)

Reposta a oposição

Antes da chegada do presidente venezuelano, o deputado e apoiador do chavismo. Diosdado Cabello foi ao TSJ (Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela) representando o partido da situação e rebateu as declarações de Corina feitas ao portal AFP. 

Anteriormente, a ex-deputada teria solicitado negociações para uma ‘’transição democrática’’, que incluiria garantias e incentivos para o regime derrotado. 

“Ela não está em condições de negociar nada. Oferecendo condições para quem? Aqui houve um resultado dado pelo CNE, que é o órgão regulador, [no qual] Nicolás Maduro Moros foi o vencedor, aceito pelos venezuelanos e pelas venezuelanas.” Disse Cabello aos jornalistas. 


Diosdaldo Cabello junto a Maduro (Foto: Reprodução/Juan Barreto/AFP)

Países pedem as atas

Por conta da falta de informações sobre o processo eleitoral, as maiorias dos países não aceitaram o resultado. Os Estados Unidos reconhecem a vitória de Urrutia, a União Europeia pede uma ‘’verificação independente’’ dos resultados da eleição, já boa parte dos países da América Latina, como Brasil, Colômbia e México, solicitam a publicação das atas.  

Na segunda-feira (5), o presidente da CNE, Elvis Amoroso foi a suprema corte e disse que entregou todos os materiais solicitados, incluindo mesas eleitorais, uma cópia da proclamação de Maduro e o registro final da apuração. O presidente do TSJ, Caryslia Rodríguez, anunciou que o material ficará em processo de análise durante 15 dias, porém o período pode ser prorrogado.   

Suprema Corte da Venezuela convoca González para responder perguntas

Edmundo González, candidato de oposição a Maduro, e outros candidatos foram convocados pela Suprema Corte da Venezuela para comparecer ao tribunal nesta quarta-feira (7), às 10h. Esta é a segunda convocação de González pela Corte, ele não compareceu à primeira.

Na sessão passada, ocorrida na última sexta-feira (2), os candidatos às eleições presidenciais assinaram um termo de aceitação do resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou a vitória de Maduro.

González não compareceu à sessão na Corte na última sexta-feira devido à possibilidade de prisão. A Suprema Corte está alinhada aos interesses do presidente Maduro. A oposição, liderada por González e María Corina Machado, contesta o resultado do Conselho Nacional Eleitoral das eleições presidenciais de 28 de julho e afirma que González venceu a eleição.

“Para a devida consolidação de todos os instrumentos eleitorais que se encontram em posse dos partidos políticos e dos candidatos, se procede a citar em pessoa, em cujo ato deverão entregar a informação requerida e responder às perguntas que sejam formuladas pela Corte.’’ – afirma uma juíza do tribunal.

Ameaça aos candidatos

O presidente venezuelano acusou os líderes da oposição, María Corina Machado e Edmundo González, de incitarem manifestações violentas no país. Ele defende que ambos deveriam estar presos e afirma que “a Justiça vai chegar” para eles.

A candidata Corina Machado informou ao jornal “The Wall Street Journal” que está em esconderijo com medo pela sua segurança. Edmundo González encontra-se em uma situação semelhante e apareceu publicamente durante um protesto ao lado de Machado.

Na última segunda-feira (5), González se declarou o novo presidente da Venezuela. Segundo a oposição, ele venceu a eleição com pelo menos 70% dos votos. Eles alegam que uma contagem paralela mostra que González teria superado Maduro.

Eleições na Venezuela

O Conselho Nacional Eleitoral declarou Nicolás Maduro o vencedor das eleições. A vitória de Maduro foi proclamada com 51,2% dos votos. No entanto, o órgão responsável pelas eleições no país é liderado por um dos aliados do governo Maduro. O CNE ainda não apresentou as atas eleitorais que comprovem o resultado das urnas.


O presidente venezuelano e candidato presidencial Nicolás Maduro comemora após os vencer da eleição presidencial em Caracas em 29 de julho de 2024


A oposição de Maduro argumenta que os números nas urnas foram alterados. Muitos manifestantes protestam contra os resultados das eleições na Venezuela. Além disso, a comunidade internacional questiona a vitória de Maduro.

Maduro afirma que WhatsApp está sendo usado para ameaçar o país

Nesta segunda-feira (5), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, atacou o WhatsApp e afirmou que o aplicativo está sendo usado para ameaçar o país. Em seu discurso, Maduro pediu que a população desinstalasse o aplicativo e passasse a usar o Telegram, criado na Rússia, e o WeChat, da China.

Segundo o presidente, o aplicativo de mensagens está sendo usado para intimidar jovens e líderes políticos e comunitários do país. Esse discurso foi feito durante a Marcha da Juventude e dos Estudantes pela Defesa da Paz e também foi transmitido ao vivo pelo canal dele no YouTube.

“Eu vou romper relações com o WhatsApp, porque está sendo utilizado para ameaçar a Venezuela. Então, eu vou eliminar o WhatsApp do meu telefone para sempre. Pouco a pouco, vou passando meus contatos para o Telegram e o WeChat”, disse Maduro.

Eleições na Venezuela

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro o vencedor das eleições na segunda-feira, 29. A vitória de Maduro foi proclamada com 51,2% dos votos, enquanto seu candidato opositor, Edmundo González, obteve 44,2% dos votos. González argumenta que os números nas urnas foram adulterados.

O órgão responsável pelas eleições no país é liderado por um dos aliados do governo Maduro, e os resultados foram divulgados antes da apuração dos votos ser concluída e sem a divulgação dos boletins.

Além disso, o site do CNE permanece fora do ar desde o dia das eleições. No domingo, 28 de julho, o Ministério Público venezuelano informou que houve um ataque hacker sobre o comando do candidato rival. No entanto, a confiabilidade dessa informação é questionada, pois o órgão também é liderado por um aliado do governo de Maduro.

Protestos de oposição a Maduro

Desde que o resultado das eleições foi anunciado, com a derrota de seu rival Edmundo González, parte da população se organizou em protestos contra os resultados das eleições na Venezuela.


Protestos contra o resultado da eleição presidencial em Caracas, Venezuela (Foto: Reprodução/Alfredo Lasry R/Getty Images Embed)


O movimento de oposição defende que o resultado das eleições foi uma fraude. De acordo com os resultados das pesquisas realizadas pela agência Reuters, González era o vencedor das eleições presidenciais.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconhece a vitória de Maduro. A comunidade internacional questiona a vitória de Maduro e pede transparência na contagem dos votos.

Cerca de 400 venezuelanos entram no Brasil após anúncio da vitória de Maduro

Depois da votação presidencial da Venezuela, a CNN pediu ao Exército Brasileiro um balanço de quantos venezuelanos cruzaram a fronteira dos países desde a última segunda-feira (29). São 419 venezuelanos e o número continua aumentando. 

Inicialmente se tratava de 50 venezuelanos na segunda-feira (29) e, nesta quinta-feira (1), registraram cerca de 184 outros cidadãos também atravessaram a fronteira. Estes dados foram obtidos por uma operação montado pelo exército chamada Operação Acolhida, em regiões fronteiriças onde acontece o processo de imigração.

Eleições na Venezuela

Uma nova crise se instaurou após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarar Nicolás Maduro reeleito. Entretanto, o órgão que fez essa declaração tem como presidente um de seus aliados, e os resultados foram divulgados antes de a apuração dos votos ser concluída e sem a divulgação dos boletins de urna. 

A vitória de Maduro foi proclamada na segunda-feira (29), com resultado vitorioso de 51,2% dos votos e, seu opositor, Edmundo González, com 44,2% dos votos. Entretanto, González argumenta que baseado em contagens paralelas, ele é o vencedor da eleição. 


Polêmicas de Nicolás Maduro nas eleições (Vídeo: reprodução/Youtube/CNN Brasil)

Além disso, o site do CNE prossegue fora do ar desde o dia das eleições. No domingo (28), segundo o Ministério Público venezuelano, aliado do governo de Maduro, informou que houve um ataque hacker sobre o comando do candidato opositor. 

Segundo a oposição, os números nas urnas foram adulterados e o resultado é uma fraude. Com isso, a Organização dos Estados Americanos (OEA) está consoante a oposição e também não reconhece a vitória de Maduro.

Movimento de venezuelanos

Muitos venezuelanos que são da oposição contestaram os resultados divulgados pelo CNE e, segundo pesquisas realizadas pela agência Reuters, resultando de duas pesquisas baseadas em boca de urna, González era o vencedor e com uma larga vantagem. 

Simeão Peixoto é vice-prefeito de Pacaraima, cidade onde fica a fronteira terrestre entre Brasil e a Venezuela, comentou a situação da região em entrevista à CNN: “A insegurança é o maior impacto que temos sofrido. Tanto por parte dos Venezuela que estão saindo do país, como a insegurança fronteiriça de uma possível guerra civil“. 

Também segundo a CNN, existe o relato de filas na fronteira dos países, em mercados e em postos de combustíveis em Pacaraima. O vice-prefeito completa que o número de atendimentos relacionados a saúde, programas sociais e a movimentação das Forças Armadas venezuelanas tem preocupado bastante.

EUA confirma que Edmundo González teve margem de votos “Intransponível”

Com as eleições venezuelanas ocorridas no último domingo (28), o cenário mundial se tornou sensível às expectativas pelo resultado final. Ao ser divulgado, na segunda-feira (29), declarando que Nicolás Maduro havia sido reeleito com 80% dos votos apurados, a política internacional se viu em um impasse polarizado entre rejeitar a reeleição ou aceitá-la.

Posição Americana

Devido a todos os contrastes que fizeram parte da última semana da corrida eleitoral venezuelana, as possibilidades que construiriam o novo caminho da Venezuela se viam envoltas por dúvidas e, mesmo depois da atual vitória protagonizada por Nicolás Maduro, este caminho ainda é incerto.

Mesmo depois do resultado da apuração declarar a reeleição do atual presidente com uma margem de 80% dos votos apurados, às suspeitas de sua vitória rondam a oposição venezuelana e vários outros países como declaração oficial. Um deles, grande porta-voz da política internacional, o governo americano rejeitou a vitória de Maduro e considerou o resultado suspeito visto a alegação da oposição de que nem todas as urnas haviam sido apuradas.

Nesta quinta-feira (1), o Departamento de Estado Americano divulgou uma nota a respeito das eleições onde afirmava que a oposição venezuelana já publicou mais de 80% das atas recebidas diretamente das sessões de votação por todo o território venezuelano. De acordo com o Departamento, as atas indicam vitória de Edmundo González, rival de Maduro na corrida eleitoral, no documento ainda salienta-se que González recebeu um número maior de votos por uma margem intransponível. Ainda é destacado que observadores independentes, sondagens de boca das urnas e contagens rápidas no dia das eleições confirmam esses fatos.


Manifestantes entram em confronto com polícia na Venezuela durante protesto contra reeleição de Maduro (Foto: reprodução/ Yuri Cortez / AFP)

Segundo o Departamento de Estado Americano, em consulta com outros países, nenhum outro inferiu que Nicolás Maduro tenha recebido o maior número de votos perante das provas é certo para os Estados Unidos que Edmundo González obteve o maior número.

Sobre as alegações afirmadas por Maduro acerca da oposição, o governo americano as rejeitou e declarou como infundadas, afirmando que as ameaças do presidente contra González e Corina Machado são uma tentativa antidemocrática de reprimir participação política e manter o poder. Além disso, ressaltou que a segurança dos líderes e membros da oposição democrática deveria ser protegida.

O governo americano ainda parabenizou Edmundo González pela vitória, citando que seria a hora das partes iniciarem discussões a respeito de uma transição “respeitosa e pacífica”.

Visão Venezuelana

Atual presidente da República Bolivariana da Venezuela e agora reeleito pelos olhos do país, Nicolás Maduro é uma das figuras centrais na polarização política que representa a Venezuela.

Apesar de um número crível de eleitores, é inegável o aumento de divergências com outros nichos do país desde sua última reeleição, em 2018. Agora, com o resultado da nova eleição e consagrando mais uma vez seu lugar como presidente, os primeiros dias tomados por protestos de civis e entidades públicas, nacionais e internacionais afincam ainda mais sua representação em um cenário comandado pela polarização política.

Oposição contesta órgão responsável e a vitória de Maduro nas eleições na Venezuela

A coalizão de oposição ao atual governo da Venezuela contestou e não reconheceu a decisão do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) de declarar Nicolás Maduro como o vencedor das eleições no país. O candidato da oposição Edmundo González disse “Nossa luta continua, e não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada“, em seu discurso após os resultados das eleições.

Além disso, a líder da oposição María Corina Machado, impedida de concorrer no pleito, também havia dito anteriormente que o resultado anunciado pelo CNE vai contra as pesquisas internas que apontavam para a vitória da oposição com uma grande margem em relação a Maduro. “Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia“, afirmou Machado. “Espero que todos se mantenham firmes, orgulhosos do que fizemos, porque nos próximos dias vamos anunciar ações para defender a verdade.“, disse María completando sua fala anterior.

Vitória em todos os estados

Machado declara que a oposição ganhou em todos os estados do país que os resultados esperados dariam a vitória a González com cerca de 70% dos votos contra 30% dos governistas. A política afirmou que essa foi a eleição presidencial com margem de vitória mais extensa. Segundo a oposicionista, havia três pesquisas “independentes e autônomas” que mostravam a vitória da oposição. Os resultados também seriam condizentes com quatro “recounts” (contagens rápidas) e aos boletins de urna acessados pela campanha.

“Neste momento, temos mais de 40% das atas. Vou dizer algo a vocês: 100% das atas que transmitiu o CNE, nós as temos. Não sei de onde saíram as outras”, disse a líder opositora, insinuando fraude no anúncio dos resultados. “Todas as que transmitiram, a gente as tem. E toda essa informação coincide. Sabe no quê? Em que Edmundo González Urrutia obteve 70% dos votos desta eleição, e Nicolás Maduro, 30% dos votos.” 

Questionamento dos resultados

O CNE afirmou que Nicolás Maduro foi o vencedor das eleições, com 51,2% dos votos com 80% das urnas apuradas. A oposição denunciou irregularidades na apuração dos votos e por isso pediu aos apoiadores para fazerem uma vigília nos locais de votação para viabilizar uma contagem paralela dos votos. O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse que os resultados divulgados foram “difíceis de crer” e que “do Chile, não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”. A votação ocorreu sem grandes episódios de violência, com longas filas em vários locais de votação. Os eleitores estavam aguardando na fila mesmo após o fim do horário final.


Maduro votando no dia 28 (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Anadolu)


O presidente Nicolás Maduro foi eleito em 2018 recebendo 6.248.864 votos, correspondente a 67,85% dos votos válidos. A votação teve a participação de somente 46% do eleitorado. Os resultados foram questionados pela oposição e por entidades internacionais. O contexto era, e ainda é, de profunda crise econômica e humanitária na Venezuela. Em 10 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano caiu 80%, fazendo mais de 7 milhões de pessoas deixarem o país.

Nicolás Maduro é declarado vencedor pelo CNE da Venezuela

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou na madrugada desta segunda-feira (29) que com 80% dos votos apurados, Nicolás Maduro foi o vencedor das eleições presidenciais de domingo (28). Edmundo González, principal adversário do Chavista, diz ter recebido 70% dos votos, Estados Unidos, Chile e Peru contestaram os números oficiais.

Conforme declaração da CNE, liderada por um aliado do presidente venezuelano, Nicolás maduro obteve 51,2% dos votos e o principal candidato da oposição, Edmundo González, apenas 44%. O resultado mostra uma diferença de 704 mil votos entre os dois candidatos. Os dados finais ainda não foram divulgados por completo.

Minutos depois dos resultados terem sido anunciados, Maduro disse aos seus apoiadores do lado de fora do Palácio Miraflores, sede do governo da Venezuela, que a sua reeleição foi um triunfo da paz e da estabilidade. Com o resultado, favorecendo Maduro ele deverá permanecer no poder em Caracas por mais seis anos, totalizando seus 17 anos no comando da Venezuela.


Nicolás Maduro em campanha das eleições na Venezuela (Reprodução/Instagram/@nicolasmaduro)

Oposição e denúncias de Irregularidade nas votações

A oposição, que denunciou as irregularidades, contestou os números publicados pela CNE e afirmou que, nos seus cálculos, Edmundo González teve 70% dos votos e Maduro 30%. Os resultados de duas pesquisas publicadas pela Reuters mostram uma vitória clara de Gonzales.

Em fala breve, Edmundo González disse: “não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada”. Segundo dados do conselho nacional eleitoral do país, 59% dos eleitores participaram da eleição deste ano, registrando um aumento de eleitores em comparação com as eleições de 2018 com 46% do eleitorado total.

Após a divulgação dos resultados, algumas autoridades internacionais questionaram a declaração de vitória de Maduro e pediram uma transparência na contagem dos votos

O anúncio do resultado segundo a CNE surgiu após horas de incerteza (em 2018, os resultados foram publicados no mesmo dia das eleições) e no contexto de reclamações da oposição por irregularidades na contagem dos votos, houve pedidos de vigília nos locais de votação visando viabilizar uma contagem paralela dos votos.

No primeiro boletim de imprensa com resultados parciais das eleições, O CNE relatou que atribuiu a demora para o resultado das porcentagens devido a uma “agressão ao sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados dessas eleições presidenciais”.

Repercussão internacional

Nos Estados Unidos, o secretário de estado Antony Blinken deu uma breve fala sobre eleições venezuelanas, dizendo que existe a preocupação dos resultados não refletirem de fato a vontade dos cidadãos do país.

Já no Chile, o Presidente Gabriel Boric, falou que é difícil de crer nos resultados do regime chavista, e o chanceler peruano, Javier González-Olaechea, condenou as irregularidades com atos extremos de um processo eleitoral transparente.

Oposição Venezuelana enfrenta desafios fiscais próximo as eleições

A poucos dias das eleições presidenciais na Venezuela, a oposição tem um grande desafio para superar. O ex-diplomata Edmundo González Urrutia está à frente de Maduro nas pesquisas, um detalhe que deveria ser de extrema relevância se não estivéssemos falando de um ambiente eleitoral conturbado cujas regras mudam constantemente.

O principal desafio é tornar as intenções de votos em números reais nas urnas, para isso, Urrutia e a líder da oposição, María Corina Machado contam com testemunhas eleitorais.

A maior barreira é o registro das testemunhas por conta dos requisitos do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que agora exige que as testemunhas ou fiscais votem no mesmo local onde atuarão, dificultando a adesão de voluntários nas fiscalizações. A mudança implantada a menos de um mês das eleições, complicou totalmente a logística para a oposição.


Edmundo Gonzaléz e Maria Corina Machado no comício de encerramento da campanha em Caracas, Venezuela (Foto: reprodução/Marcelo Perez Del Carpio/Anadolu/Getty Images Embed)


Além de tudo, a Venezuela voltou atrás e impediu observadores da União Europeia de participarem das eleições e com mais uma barreira, a oposição precisa chegar a 600 mil voluntários a fim de garantir a integridade do processo eleitoral.

A diferença entre testemunhas eleitorais e observadores é que a primeira defende os interesses dos candidatos e serve como controle mútuo entre as partes, já a segunda atua de forma imparcial, registrando irregularidades durante as eleições.

Nicolás Maduro por sua vez conta com o apoio de militares leais nas sessões de voto com o “Plano República” com aumento de postos de controle que envolvem supostos “subornos” em troca de colaboração e apoio, além de contar com as Forças Armadas com promoções e elogios, frisando a importância da vitória eleitoral e a resistência frente às tentativas de desestabilização da oposição. Maduro investiu em equipamentos anti-motim e punições a soldados descontentes.


Soldado das Forças Armadas da Venezuela em desfile militar segurando uma urna como material eleitoral (Foto: reprodução/ STRINGER/AFP/Getty Images Embed)


Processo eleitoral na Venezuela

O sistema eleitoral da Venezuela tenta provar mais do que nunca sua veracidade e confiabilidade, especialmente por conta da próxima eleição que acontece no domingo (28).

A verificação funciona através de um “processo de fiscalização dobrado”, que envolve a apresentação de identidade, reconhecimento biométrico e votação eletrônica, com o voto impresso como uma espécie de “comprovante”, ao qual o eleitor pode confirmar se confere com a escolha registrada e caso confirme, deposita o papel em uma urna. 

Não há conexão de internet no procedimento de envio dos votos à central, para evitar fraudes e tentativas hackers e logo após o recebimento de todos os votos, há uma conferência entre sistema e papeis.


Sistema “duplo” de conferência com voto eletrônico e urna em uma seção eleitoral em Caracas, Venezuela (Foto: reprodução/Gaby Oraa/Bloomberg/Getty Images Embed)


Mesmo com a denúncia de fraudes pela oposição, alguns especialistas elogiam a segurança no sistema, criticando apenas restrições impostas à participação dos observadores.

Dois candidatos não assinaram um acordo que reconheça o resultado eleitoral, entre eles está Edmundo González que acredita que o governo é o primeiro a violar os acordos feitos.

Há ainda denúncias de que a oposição pode ir contra os resultados acusando fraude eleitoral mesmo com o sistema de verificação atual.

O embargo econômico internacional sobre a Venezuela, que limita o acesso a mercados financeiros, minerais e petróleo, também afeta o ambiente político e eleitoral.


Nicolás Maduro em seu comício de encerramento com apoiadores (Foto: reprodução/Pedro Rances Mattey/Anad/Getty Images Embed)


Ameaça ao poder de Nicolás Maduro

O atual presidente da Venezuela, busca sua terceira reeleição após 11 anos no poder e dessa vez enfrenta um forte concorrente que lidera as pesquisas com uma diferença de 30 pontos – significativos para Maduro.

Além das diversas denúncias de irregularidades eleitorais, partidos da oposição foram anteriormente excluídos e rotulados como “fascistas” pelo atual governo.

Novas sanções foram impostas com bloqueios de candidaturas, como no caso de Maria Corina, impedida de concorrer pela Suprema Corte, controlada por Maduro.


Manifestantes protestam o direito de Maria Corina Machado a se candidatar ás eleições após ter sido desqualificada (Foto: reprodução/ Sebastian Barros/NurPhoto /Getty Images embed)


Algumas questões seguem pendentes caso haja a eleição de um novo presidente no país, como a aceitação de Nicolás Maduro sem intervenção militar e retaliações.

Com o desejo de mudança da população do país, dada a situação econômica e política, Maduro sabe do risco que está para correr no domingo.

Os eleitores registrados ultrapassam a marca de 20 milhões e a divisão de votos pode definir o futuro do país. Os impedimentos para que as eleições ocorram dentro da normalidade não diminuem devido a exigências burocráticas do governo e especialistas preveem uma difícil transição de poder com Maduro no controle até 2025.

Eleição na Venezuela: candidato da oposição é revelado

Foi anunciado nesta sexta-feira, 19/04, através da plataforma X (antigo Twitter), pela Plataforma Democrática Unitária (PUD), que o candidato da oposição será o embaixador Edmundo González, o qual fora escolhido de forma unânime.

O candidato inicial havia sido María Corina Machado, contudo, sua candidatura fora impedida, assim como a de sua substituta, Corina Yoris, após não terem tido acesso ao sistema de inscrição.

A oposição incrimina o governo de obstruir candidaturas que o opõem, a qual o governo nega.

Venezuela hoje

A Venezuela encontra-se em uma crise política e econômica há mais de uma década, após a morte de Hugo Chávez e tomada de poder de Nicolás Maduro. Fora a desvalorização do petróleo, a maior fonte de capital do país, a crise política separou ainda mais o povo, com o autoritarismo total difundido pelo governo de Maduro.

As manifestações contra ocorrem até hoje, e a reação da regência é de plena violência, fora perseguição e prisão dos opositores, ponto principal para sua reeleição, tendo em vista que o enfraquecimento da resistência. Além da crise interna, os Estados Unidos atua também para que isso continue, a fim de apropriar-se das reservas petrolíferas.

A mudança democrática é aguardada pela população, para uma possível mudança no país, e melhora na qualidade de vida.

Edmundo González

Edmundo foi embaixador na Argélia entre 1991 e 1993, e estava presente na Argentina nos primeiros anos do governo de Hugo Chávez, além de ter representado internacionalmente a Mesa Redonda da Unidade Democrática entre 2013 e 2015, como membro da oposição.


Embaixador Edmundo González (Foto: Reprodução/X/@unidadvenezuela)

Posicionamento da oposição

A oposição teme a reeleição de Maduro, conforme indicado pela líder da oposição, María Corina Machado, a qual foi impedida de participar das eleições.

María relata que, caso haja uma reeleição, isso poderia ocasionar uma migração nunca antes vista na Venezuela, por falta de visão de futuro e qualidade de vida, bem como esperança para com sua pátria.