EUA apertam exigências para estudantes estrangeiros e monitoram redes sociais

O governo dos Estados Unidos retomou a emissão de vistos para estudantes estrangeiros com novas regras. Agora, candidatos devem desbloquear suas redes sociais para análise. A recusa pode ser interpretada como tentativa de esconder atividades, o que leva à reprovação.

Segundo o Departamento de Estado, a exigência mira postagens que contrariem os princípios e instituições americanas, portanto, a medida marca o retorno da triagem reforçada que havia sido suspensa.

Vistos cancelados e universidades em alerta

Desde janeiro de 2025, o governo Trump ampliou as restrições a estudantes internacionais. Harvard, por exemplo, recebeu ordem para limitar suas matrículas a cidadãos americanos, mas conseguiu barrar a decisão temporariamente na Justiça.

Além disso, o governo revogou, sem explicações públicas, mais de mil vistos de estudantes em 40 estados. Casos incluíram desde infrações leves até acusações mais graves. Universidades relataram falta de comunicação e notificações apenas por sistemas internos.


Regras para vistos de estudantes ficam mais rígidas (Reprodução/YouTube/@g1)

Pressão contra estrangeiros e foco nos chineses

Estudantes chineses foram diretamente afetados após o secretário Marco Rubio anunciar que o país suspenderia vistos ligados a universidades “críticas”. A justificativa envolve suspeitas de ligação com o Partido Comunista Chinês, mas os critérios permanecem vagos.

O Instituto de Educação Internacional estima que aproximadamente mais de 270 mil estudantes chineses estudavam nos EUA até 2024. Agora, muitos enfrentam incertezas e instabilidade diante do novo cenário político e educacional.

Crise nos vistos para imigrantes e autoridades

Os EUA ainda ampliaram restrições e passaram a bloquear vistos de autoridades estrangeiras ligadas à censura contra o país, segundo Marco Rubio. Além disso, o governo Trump revogará o status legal de mais de 500 mil imigrantes latino-americanos protegidos por um programa de asilo criado em 2022.

Consequentemente, a medida atinge especialmente venezuelanos, cubanos, haitianos e nicaraguenses, que agora enfrentam risco de deportação em massa.

Trump proíbe Harvard de admitir estudantes estrangeiros por meio de nova ordem executiva

O presidente dos EUA, Donald Trump, por meio de ato proclamatório, proibiu a Universidade Harvard de admitir estudantes estrangeiros em seus cursos. O ato, semelhante a uma Ordem Executiva, foi assinado na data de ontem, quarta-feira (04). Conforme publicado, a medida é necessária para reforçar a segurança nacional e abordar os riscos existentes na universidade, sobretudo relacionados a estudantes ligados ao Partido Comunista Chinês.

Segundo consta, o Departamento Federal de Investigação (FBI) alertou o governo de que adversários estrangeiros têm utilizado o Programa de Visto de Intercâmbio Estudantil (SEVP)  para ter acesso fácil às universidades estadunidenses e assim “roubar informações do país”. Além de “propagar informações falsas” contrárias ao governo para fins políticos, utilizando o programa de maneira imprópria a fim de “promover suas próprias ambições”. 

Em resposta, a Universidade Harvard acusou o governo de Donald Trump de violar a primeira emenda da Constituição dos EUA, relacionada à liberdade de expressão, de crença e de reunião. Informou, ainda, que a Constituição protege o direito da universidade de ensinar e pesquisar sem interferência de forças governamentais. Portanto, considera a medida ilegal e informa que “continuará a proteger seus estudantes internacionais”

Informações sobre estudantes 

A ordem assinada por Donald Trump menciona, ainda, a necessidade da universidade repassar informações sobre seus estudantes ao Departamento de Segurança Interna (DHS). Uma vez que, segundo declarou, crimes violentos têm ocorrido dentro do campus da instituição e são praticados por estudantes estrangeiros, representando um risco à segurança nacional. O documento afirma, inclusive, que Harvard não tem tomado medidas eficazes para coibir tais ações. 

Consta, ainda que, Harvard não repassou ao DHS dados precisos sobre atividades ilegais, perigosas e violentas, ameaças contra alunos e funcionários e privações de direitos cometidos por alunos estrangeiros dentro da instituição. Declara, inclusive, que as informações repassadas ao departamento são deficitárias, impedindo o governo de atuar para coibir tais ações. A Universidade contesta.


Protesto: “Estudantes de Harvard pela Liberdade” em apoio aos estudantes internacionais (Fotos: reprodução/ RICK FRIEDMAN/AFP/Getty Images Embed)


As medidas são, sobretudo, relacionadas a estudantes estrangeiros chineses que tenham principalmente ligações com o Partido Comunista. Em 28 de maio (2025), o Secretário de Estado Marco Rubio, informou que os EUA revogarão vistos destes estudantes. A Assistente do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, acrescentou que o país recebeu “277.000 estudantes chineses” no ano de 2024, contra “800 estudantes estadunidenses” recebidos pela China.


Publicação de Marco Rubio repostada por Tricia McLaughlin (Foto: reprodução/X/@TriciaOhio)

Segundo consta na Ordem Executiva assinada ontem, quarta-feira (04), pelo presidente Donald Trump, Harvard teria aceito em torno de US$ 150 milhões de dólares somente da China. E, segundo informou, em troca “hospedou e treinou repetidamente membros de uma organização paramilitar do Partido Comunista Chinês”. Essa informação, Trump credita a uma investigação realizada pelo Comitê Seleto da Câmara dos Representantes dos EUA.

Prazo para implementação 

A suspensão de matrícula de estudantes estrangeiros limita-se à Universidade Harvard não se aplicando a outras instituições ou a alunos que estejam em conformidade com os interesses nacionais determinados pelo Secretário de Estado, Marco Rubio e pela Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem. 

A Ordem Executiva informa o prazo de 90 dias para que sejam implementadas essas ações em Harvard. Dando aval aos secretários Rubio e Noem de agir conforme necessário dentro da Lei de Imigração e Nacionalidade (INA), a fim de impor restrições à instituição na admissão de estudantes estrangeiros em seu corpo discente.