O clima de expectativa no Flamengo após o Natal transformou-se em apreensão. A torcida esperava que as festividades viessem acompanhadas de um anúncio aguardado: a renovação de Filipe Luís. Entretanto, o presente não veio. Mesmo com tratativas intensas e meses de diálogo, as partes seguem sem consenso e a paciência interna começa a se esgotar. A questão financeira, apontada como último obstáculo, reacendeu incertezas e abriu margem para dúvidas sobre o futuro do treinador no clube.
A negociação chegou a ser considerada bem encaminhada. Detalhes sensíveis, como tempo de duração do vínculo, multa rescisória e bonificações por desempenho, foram ajustados após sucessivas reuniões realizadas desde maio, quando o Flamengo apresentou sua proposta inicial. O novo contrato, se firmado, teria validade até o fim de 2027, garantindo ao técnico uma projeção sólida de continuidade. Porém, o valor mensal discutido para o próximo ciclo virou o centro da discórdia, adiando o desfecho e frustrando o planejamento rubro-negro.
Entrave salarial coloca renovação em xeque
Fontes internas garantem que o salário pretendido por Filipe Luís o colocaria no topo da lista de salários de treinadores no Brasil. O montante não seria o maior do país, mas se aproximaria desse patamar, tornando-o o técnico mais bem remunerado da Série A. O Flamengo acredita que a valorização proposta reflete o impacto das conquistas de 2025 e demonstra reconhecimento ao trabalho desempenhado. No entanto, dirigentes afirmam que a “corda já foi esticada ao limite” e rejeitam novas concessões.
Filipe, de férias, mantém a postura firme e delegou a negociação ao seu empresário, o português Jorge Mendes. O envolvimento do agente elevou o nível de exigência na mesa e trouxe outro elemento de complexidade: a comissão solicitada para concluir o acordo. O presidente do clube deixou as discussões e passou a responsabilidade ao diretor de futebol José Boto, encarregado de tentar fechar o ciclo e impedir que a situação se transforme em crise. Ainda assim, Boto também impõe limites e evita flexibilizar condições adicionais.
Felipe Luís na final da Intercontinental no comando do Rubro-Negro (Foto: reprodução/Getty Images Embed/NurPhoto)
Pressão do calendário e alternativas em análise
Com o encerramento do contrato atual marcado para a próxima quarta-feira, o relógio corre contra o Flamengo. Caso não haja definição até o Ano Novo, a diretoria estará diante de uma decisão inevitável: aceitar as exigências, ceder mais um pouco ou encerrar o capítulo. Internamente, a desistência já foi cogitada, não apenas pelo custo, mas pelo desgaste acumulado durante meses de idas e vindas.
Enquanto tenta preservar o otimismo, o clube monitora discretamente o mercado. Planos B e C estão em avaliação para evitar improvisações, caso o desfecho seja desfavorável. A preferência segue sendo a continuidade do projeto com Filipe Luís, considerado peça chave no desenvolvimento das diretrizes traçadas para 2026. Porém, a falta de confirmação prejudica o próprio planejamento, que só ganhará velocidade após a decisão final.
A indefinição transforma a reta final do ano em um período crítico para o Flamengo. Entre custos, convicções e planejamento, o clube equilibra a manutenção de sua identidade esportiva e a necessidade de proteger suas finanças. O desfecho deste impasse pode não apenas definir o comando técnico para 2026, mas influenciar diretamente os rumos da próxima temporada e a relação entre diretoria e torcida.
