Miu Miu transforma avental em símbolo de contestação no verão 2026

Durante a Semana de Moda de Paris, a Miu Miu apresentou sua coleção de verão 2026 e escolheu o avental como a peça central. A marca, comandada por Miuccia Prada, usou o tema para provocar uma reflexão sobre o conservadorismo atual e o papel da mulher na sociedade. O que antes era visto como um símbolo doméstico agora ganha um novo significado, tornando-se uma forma de liberdade, atitude e questionamento sobre as expectativas impostas às mulheres.

Do lar à passarela

Depois de transformar a minissaia plissada em um sucesso mundial, a Miu Miu voltou a provocar com o avental. A peça, que sempre foi associada à vida doméstica e à obediência, aparece na passarela com uma nova proposta. Nas mãos de Miuccia Prada, o avental se transforma em um símbolo de resistência e ironia, questionando o ideal de mulher tradicional e a valorização do papel feminino restrito ao lar.


Modelo desfilando pela Miu Miu (Foto:reprodução/Instagram/@miumiu)

A coleção mistura delicadeza e força, unindo babados, transparências e recortes que sugerem uma feminilidade menos previsível. As modelos surgiram com pouca maquiagem, cabelos bagunçados e estampas que lembram toalhas de mesa antigas, criando uma estética propositalmente despretensiosa. Tudo parece cuidadosamente pensado para transmitir a ideia de uma mulher que não se encaixa em moldes e que não tem medo de desafiar as regras. A Miu Miu mostra que o feminino pode ser múltiplo e contraditório, e é justamente aí que reside sua potência.

Ferramenta de desconstrução

As peças também brincam com os limites entre o desejo e a crítica. Aventais de couro usados sobre biquínis mostram como a coleção provoca ao misturar sensualidade e desconstrução. Miuccia questiona até que ponto o que usamos é realmente uma escolha pessoal ou apenas uma forma de atender às expectativas sociais. Essa dualidade entre o que é mostrado e o que é escondido faz o público refletir sobre a relação entre aparência e identidade.



Modelo desfila pela Miu Miu na PFW (Foto:reprodução/Instagram/@miumiu)

Mesmo com referências delicadas, como babados e microvestidos, o resultado final é maduro, corajoso e cheio de atitude. A coleção reforça que ser feminina não significa ser frágil e que a moda pode ser uma ferramenta de expressão e questionamento. Ao encerrar o desfile com um leve sorriso, Miuccia Prada confirma mais uma vez seu talento em transformar o comum em discurso, usando a passarela como espaço de reflexão sobre o papel da mulher e os códigos do próprio universo fashion.

Olivia Rodrigo doa lucros da sua turnê para ONGs

A cantora e compositora Olivia Rodrigo está destinando uma parte significativa dos lucros de sua turnê mundial, “GUTS”, para organizações que apoiam a saúde, igualdade e bem-estar das mulheres. A artista irá doar mais de US$ 2 milhões (aproximadamente R$ 12,2 milhões). Boa parte da turnê de Olivia é focada em ações beneficentes a mulheres. 

A “Artista de Turnê do Ano”, de acordo com a Billboard

A turnê que promove o álbum GUTS, lançado em 2023, já percorreu vários lugares do mundo, sendo um sucesso de público e crítica. Hits como “vampire”, presente no segundo álbum, consolidou Olivia Rodrigo como uma das vozes mais fortes da nova geração da música pop. 


Billboard nomeou cantora como “Artista de Turnê do Ano” (Reprodução/Instagram/@oliviarodrigo)

“A Artista de Turnê do Ano pela Billboard eletrizou o mundo em sua primeira turnê em arenas, arrecadando quase 185 milhões de dólares em cerca de 100 shows e provando ser, desde já, uma das maiores estrelas do pop.”

Billboard

Fund 4 Good

A iniciativa Fund 4 Good, criada por Olivia e sua equipe, é um projeto criado para apoiar projetos voltados para educação, saúde e lutas femininas. Parte dos recursos é arrecadado por meio das vendas de ingressos e produtos oficiais da turnê. A proposta é estabelecer parcerias com organizações locais e internacionais e divulgar a ação ao redor do mundo.

Rodrigo apoia campanhas relacionadas aos direitos femininos nos Estados Unidos, defendendo o acesso à saúde e à educação sexual desde o 2022, quando saiu em turnê pela primeira vez. Ela doou metade dos fundos arrecadados durante seu show em Orlando para uma instituição que apoia direitos abortivos das mulheres LGBTQ+, racializadas e palestinas. Em seus shows, ela oferece espaços de estandes com profissionais de ONGs que promovem essas ações. 

Como descendente de Filipinos, durante a etapa asiática da turnê GUTS, Olivia visitou pessoalmente uma organização de saúde reprodutiva e educação para mulheres, doando o valor do show que fez nas Filipinas para a instituição. A artista dedicou um tempo para interagir com mulheres beneficiadas pelos programas.


Olivia Rodrigo durante show nas Filipinas (Reprodução/Instagram/@oliviarodrigo)

Com apenas 21 anos, Olivia Rodrigo se destaca, não apenas como um fenômeno na música, mas também como uma artista consciente da sua influência. O sucesso da GUTS Tour é mais um exemplo de como o entretenimento e os atos humanos andam juntos.

Rock in Rio 2024: Cyndi Lauper reafirma seu status de ícone pop em show empoderado

Às 19h15 do dia 20 de setembro, no Palco Mundo, uma das cantoras mais influentes de sua geração fez sua tão aguardada estreia na Cidade do Rock. Em entrevista ao G1, Cyndi Lauper brincou: “Parecia que todo mundo já tinha cantado no Rock in Rio, menos eu.” Finalmente, o momento chegou para corrigir essa injustiça e encantar o público com sua performance histórica no festival.

Quase alcançando o status de EGOT — título reservado para artistas que conquistam um Emmy, Grammy, Oscar e Tony —, Lauper está a apenas um Oscar de completar esse seleto grupo. Com uma carreira brilhante e onze álbuns no currículo, ela se prepara para sua despedida dos palcos com a “Girls Just Wanna Have Fun Farewell Tour”, que trará uma retrospectiva de seus maiores sucessos. A apresentação para mais de 100 mil pessoas no Rock in Rio ofereceu um gostinho dessa turnê, marcando o início da despedida de uma das vozes mais icônicas da música.

Cyndi Lauper, um ícone feminista que transcende gerações

Dona de hits que atravessam gerações, Cyndi Lauper presenteou o público com uma setlist repleta de sucessos, entregando uma performance vibrante e nostálgica. Sua apresentação manteve a mesma energia contagiante de sua estreia em festivais, ocorrida este ano no aclamado Glastonbury, encantando a plateia da Cidade do Rock com seu carisma e presença de palco inigualáveis.


Cyndi Lauper no Palco Mundo (Reprodução/Instagram/@rockinrio)

Apesar de uma setlist breve e alguns problemas técnicos, Lauper fez um show inesquecível. Vestindo um terninho quadriculado preto e branco repleto de brilhos, ela encantou a plateia com vocais impressionantes. Aos 71 anos, a artista não apenas brilhou em sua dança e canto, mas também se destacou como uma verdadeira multinstrumentista, surpreendendo a todos ao tocar flauta doce durante seu clássico de 1983, “She Bop”, acompanhada por sua banda vibrante.

Demonstrando uma energia contagiante, Cyndi apresentou seu sucesso de 1989, “I Drove All Night”, pulando, dançando e até deitando no chão, animando o público. Sempre simpática, mesmo admitindo que não entende português, ela cativou os fãs ao tocar suas mãos durante “Money Changes Everything”, mostrando uma conexão genuína com a plateia.


Cyndi Lauper durante a performance de I Drove All Night (Reprodução/Instagram/@rockinrio)


O público também brilhou, emocionando a todos com o poderoso coro de “Time After Time”, clássico de 1983. Ao final da canção, fãs lançaram uma bandeira do Brasil para Cyndi, que a agarrou e vestiu com orgulho.

Além de sua imensa vitalidade e talento, Lauper, conhecida por seus cabelos icônicos, demonstrou seu empoderamento. No início da setlist, ela homenageou o público LGBTQIA+ e seu amigo Prince ao interpretar “When You Were Mine” e ‘Sisters of Avalon’ “Sisters of Avalon”, reforçando seu compromisso com o feminismo. Diferente de muitos artistas que seguem tendências passageiras, Cyndi sempre se envolveu ativamente em causas sociais, e sua dedicação só se intensificou ao longo do tempo.


Cyndi Lauper durante a performance de Girls Just Wanna Have Fun (Reprodução/Instagram/@rockinrio)


Uma defensora apaixonada do feminismo, sua mensagem ressoou fortemente durante a apresentação, culminando em sua canção mais famosa, “Girls Just Wanna Have Fun”. Antes de cantá-la, Cyndi compartilhou sobre o fundo que criou em 2022 em prol das mulheres. Em um ato de empoderamento, ela alterou em alguns momentos a letra do clássico, substituindo “fun” por “fundamental rights”, reforçando a luta por direitos iguais. Ao fechar a apresentação com um coro intenso de fundo, ela animou ainda mais o público fazendo um coração com as mãos, deixando todos com um desejo imenso de ver mais da lenda musical.

Setlist do show

Composta por apenas 11 canções, a setlist de Cyndi Lauper foi uma escolha certeira e nostálgica, reverenciando sua carreira de mais de 40 anos. A seleção percorreu principalmente os clássicos da década de 80, proporcionando ao público uma viagem no tempo e celebrando os hits que definiram sua trajetória. Confira abaixo:

  1. She Bop
  2. All Through The Night
  3. The Goonies ‘R’ Good Enough
  4. When You Were Mine
  5. I Drove All Night
  6. Sisters of Avalon
  7. Change of Heart
  8. Time After Time
  9. Money Changes Everything
  10. True Colors
  11. Girls Just Wanna Have Fun

Assim, Cyndi Lauper deixou o público desejando mais, provando que, mesmo em sua despedida dos palcos, ela ainda reina e se reafirma como um verdadeiro ícone do pop. Sua trajetória, repleta de sucessos cantados a plenos pulmões há mais de 40 anos, continua a ressoar no coração de seus fãs, consolidando sua atemporalidade.

Claudia Raia se posicona e defende a legalização do aborto

Mais um episódio do “Roda-Viva” foi ao ar nesta noite de segunda-feira (07) e contou com a participação especial de Claudia Raia. Durante a entrevista, a atriz revelou seu posicionamento em relação a legalização do aborto e relata caso de aborto espontâneo no passado.

Posicionamento de Raia

Rodeada por jornalistas, Raia foi questionada por um dos presentes e afirmou ser a favor da legalização do aborto – sem pensar duas vezes. Ela pontua: “É preciso que você tenha autonomia sobre teu corpo e sobre uma gravidez, uma vida que você vai gerar”.

“A mulher que sabe o que está acontecendo com ela. Você não é obrigada a ter uma gravidez se você for estuprada ou se você não deseja, porque se você não deseja o corpo é teu.”

Claudia Raia

A atriz relembrou tambem que no passado sofreu um aborto espontâneo durante as gravações de um filme. A produção em questão foi gravada no Xingu e ela conta que tomou a vacina de febre-amarela e na época estava grávida, no entanto não sabia.


Fala de Claudia Raia (reprodução/X/@rodaviva)

Madonna

Ainda no debate sobre feminismo, Claudia reverência à Madonna após o grandioso espetáculo realizado na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no final de semana passado. 

A atriz declara que a cantora norte-americana foi uma de suas inspirações e conta sobre as portas que Madonna abriu para que algumas pautas fossem debatidas, como o feminismo, o movimento LGBTQUIAP+ e também sobre o etarismo na mídia.

“Madonna é o símbolo do feminismo, símbolo da liberdade. […] Ela só levou porrada porque só enfrentou todas as questões políticas, religiosas e sexuais. Ela é uma mulher absolutamente necessária. Madonna é um exemplo de quem jamais fez o que disseram pra ela fazer”.

Madonna

Claudia Raia segue em cartaz em São Paulo com o espetáculo “Tarsila, A Brasileira” e já tem planos para o segundo semestre de 2024 para retomar o musical “Concerto para Dois – O Musical” ao lado de seu marido, Jarbas Homem de Mello.

IBGE revela que mulheres ganham 21% menos que homens, mesmo sendo escolarizadas

Nesta sexta-feira (08), no Dia Internacional da Mulher, foram divulgados os dados do estudo Estatísticas de Gênero, que revelou que embora as mulheres sejam mais escolarizadas no Brasil, elas em média ganham 21% menos do que os homens. É uma estatística que confirma a continuidade da desigualdade de gênero no país.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados atualizados até o ano de 2022. Na questão de escolaridade, foi observado que 21,3% das mulheres com mais de 25 anos tem o ensino superior completo, enquanto que para homens o mesmo índice é de 16,8%.

Porém, o dado possui certa discrepância quando são avaliados fatores como a etnia: mulheres negras em média tem menos acesso ao ensino superior (14,7%) do que mulheres brancas (29%). O enfoque do estudo, no entanto, é menos sobre as diferenças na escolarização, e muito mais na discriminação de gênero que ocorre no mercado de trabalho, em diferentes graus em diferentes setores.


Desigualdade salarial por gênero, de acordo com o IBGE (Foto: reprodução/IBGE/g1)

Diferentes cargos

Entre os dados revelados pela pesquisa, destacam-se algumas estatísticas em especial:

  • A maior desigualdade ocorre nas profissões intelectuais e científicas, onde homens ganham em média 36,7% mais do que mulheres;
  • No total, 61% dos cargos de liderança são ocupados por homens, enquanto que apenas 39% são ocupados por mulheres;
  • Embora as mulheres apresentem maior escolaridade em geral, elas são apenas 22% dos formandos nas áreas de Ciências, Tecnologias, Engenharias e Matemática (CTEM).

O que esses dados continuam a indicar é que a diferença salarial média ocorre não de forma explícita (sendo pagos salários diferentes pelo mesmo trabalho), mas por conta da diferente distribuição de cargos, com os de maior rendimento sendo ocupados por homens. De acordo com a coordenadora do estudo, Barbara Cobo, a diferença pode ocorrer por causa de estereótipos de gênero.

Trabalho doméstico

Uma das mais graves discrepâncias que vem sido apontada em pesquisas recentes é a diferença no trabalho doméstico: enquanto que homens dedicam em média 11,7 horas semanais, as mulheres contabilizam quase o dobro, chegando a 21,3 horas.

É muito exaustivo, você não conhece uma mãe que não esteja exausta,” disse Barbara. “Será que o cuidar é a vocação das mulheres ou a gente foi socializada para cuidar?

Juntando o emprego remunerado com a manutenção doméstica, a carga total da dita “jornada dupla” também fica maior que a carga dos homens, chegando até o dado elevado de 55,3 horas semanais na região Sudeste. Ao passar do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aumenta-se o risco de AVC em 35%, e de óbito por doenças cardíacas em 17%.

Segundo a pesquisadora do IBGE, não se trata de um problema que vai ser resolvido com uma “grande revolução” no pensamento dos brasileiros para eliminar a misoginia no campo social, mas sim com políticas públicas que afetem o patamar econômico das pessoas, tornando a carga de trabalho mais razoável e igualitária.