Ataque certeiro de Israel sobre Irã atinge infraestrutura militar

Nesta segunda-feira (23), Israel lançou um novo ataque contra o Irã, atingindo o quartel-general da Guarda Revolucionária, a prisão de Evin e a central nuclear de Fordow, atingida no fim de semana. Em contrapartida, o Irã ameaçou os EUA sobre as graves consequências dos bombardeios às instalações militares, o que pode fazer a guerra se estender pelo Oriente Médio

Base nuclear era o alvo específico

Israelenses e iranianos confirmaram os ataques. A agência de notícias iraniana Tasnim citou um porta-voz da província de Qom — onde fica Fordow, uma base militar localizada em uma montanha — que confirmou as explosões no local. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que a central nuclear era um dos alvos do bombardeio, mas que havia outros na lista de objetivos.

“De acordo com a orientação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e minha, as Forças de Defesa de Israel estão atacando neste momento, com intensidade sem precedentes, alvos do regime e órgãos de repressão governamental no coração de Teerã”, escreveu Katz em uma publicação na rede social X. “Entre eles: a sede da milícia Basij, a prisão de Evin — que abriga presos políticos e opositores do regime —, o relógio da ‘destruição de Israel’ na Praça Palestina, quarteis da segurança interna da Guarda Revolucionária, o quartel da ideologia e outros alvos do regime”.

Sobre o ataque a Fordow

O ataque a Fordow, segundo o Exército, teve como objetivo obstruir as rotas de acesso à instalação militar iraniana. A base foi construída no interior de uma montanha justamente para resistir a possíveis bombardeios. A central nuclear de Fordow é considerada por Israel um dos símbolos do programa nuclear iraniano, que o governo israelense acusa de ter fins militares — algo que Teerã nega. Quando os Estados Unidos bombardearam a base com bombas antibunker de 13,6 toneladas, os danos causados podem ter sido significativos.

Após uma reunião de emergência do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o chefe da agência nuclear da ONU, Rafael Grossi, comunicou nesta segunda-feira que há indícios de que as bombas lançadas pelos Estados Unidos causaram ‘danos muito significativos’ em áreas subterrâneas da usina iraniana.


Local atingido por ataque (Foto: Reprodução/Majid Saeedi/Getting Imagens Embed)

“Dada a carga explosiva utilizada e a natureza extremamente sensível à vibração das centrífugas, espera-se que tenham ocorrido danos muito significativos”, disse Grossi, citado no comunicado.

Ataques em Teerã

Autoridades do Crescente Vermelho (organização humanitária equivalente à Cruz Vermelha) afirmaram que bombas caíram próximas à sede da instituição. Uma densa fumaça preta tomou o céu da capital iraniana após os ataques realizados por Israel. Fontes tanto de Israel quanto do Irã confirmaram que alvos militares também foram atingidos.

O Nounews um jornal iraniano, divulgou imagens captadas pelas câmeras de segurança da entrada da prisão de Evin. Nesse cárcere estão detidas pessoas consideradas inimigas do regime. Segundo fontes oficiais, os presos não foram feridos e a situação está ‘sob controle’. “No último ataque do regime sionista a Teerã, projéteis infelizmente atingiram a Prisão de Evin, danificando partes da instalação”, relatou o site Mizan Online, que está vinculado ao judiciário do Irã.

O ministro das Relações Exteriores israelenses, Gideon Sa’ar, escreveu uma publicação nas redes sociais, referenciando o slogan do presidente da Argentina, Javier Milei, que foi marcado na postagem.

Nós alertamos o Irã uma vez após a outra: parem de mirar os civis! Eles continuaram, inclusive nesta manhã. Nossa resposta: Viva a liberdade, caral”

Gideon Sa’ar

Aliás, a prisão de Evin não é conhecida por tratar bem os presos políticos. Lá estão, inclusive, prisioneiros estrangeiros, como os franceses Cécile Kohler e Jacques Paris. Noémie Kohler, irmã de Cécile, detida em Evin desde 2022, classificou o bombardeio israelense como ‘completamente irresponsável’

O Exército israelense confirmou, em um comunicado mais detalhado, que bombardeou quartéis-generais iranianos — inclusive aquele que pode ser o principal quartel da Guarda Revolucionária na capital — além do Comando Geral de Segurança da Informação das Forças de Segurança Interna. Os danos causados por esse ataque ainda não foram avaliados.

Sobre o ataque do Irã a Israel

O Irã realizou ataques contra Israel nesta segunda-feira. Foram disparados mísseis em sequência, atingindo o país de norte a sul. Com a ofensiva, milhões de israelenses buscaram abrigo. As cidades afetadas foram Haifa, Tel Aviv e a região da fronteira com Gaza, no sul do país. O ataque prejudicou o fornecimento de energia durante a manhã e o início da tarde (madrugada e manhã em Brasília).

Casa Branca divulga imagens de Trump durante ataque dos EUA a alvos nucleares no Irã

O departamento de comunicação da Casa Branca divulgou, na noite do último sábado (21), imagens do presidente Donald Trump coordenando os ataques a três instalações nucleares iranianas. Diretamente dos EUA e sob o seu comando, as plantas nucleares nas cidades de Fordow, Isfahan e Natanz, no Irã, foram bombardeadas. 

A ação foi condenada por membros da oposição ao governo Trump. Conforme informações, a ofensiva não teve o apoio do Congresso norte-americano.  A deputada Alexandria Ocasio-Cortez e o deputado Jim McGovern declararam que Donald Trump tomou uma decisão unilateral “arrastando os EUA para uma guerra no Oriente Médio“.

Sala de situação

Na investida dos EUA contra o Irã, na sala de situação da Casa Branca, juntamente com Donald Trump, estavam presentes: o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rúbio, o secretário de Defesa dos EUA Peter Hegseth, além de militares e outras autoridades estratégicas estadunidenses. 

Em declaração após os bombardeios, o presidente Trump afirmou que a ação “quebrou as pernas” do regime liderado pelo Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, e declarou que a ação poderá “trazer paz” ou “tragédia” para o Irã, a depender dos próximos passos dados pelo país do Oriente Médio.


Donald Trump e demais autoridades dos EUA monitorando o ataque ao Irã (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)


Em seu discurso, Donald Trump declarou, ainda, que caso haja uma retaliação por parte do Irã contra os EUA, a resposta “virá com muito mais força” do que foi nesta ofensiva. No entanto, autoridades iranianas, entre elas o próprio aiatolá Ali Khamenei, informaram que não se renderão e não farão acordos mediante “coerção”.  

O ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, publicou em suas redes sociais que os ataques “terão consequências duradouras” e que o Irã utilizará “todas as opções” para contra-atacar. Na madrugada deste domingo (22), horário local, o Irã bombardeou cidades israelenses, incluindo a cidade de Tel Aviv.

Reação mundial

Após os ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas, líderes de grandes potências mundiais condenaram a ofensiva realizada pela Casa Branca. Tanto autoridades da China quanto da Rússia criticaram a ação dos EUA, uma vez que, segundo informaram, a ofensiva agrava a situação no Oriente Médio.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou que “as ações dos EUA violam gravemente os propósitos e princípios da Carta da ONU e do direito internacional, e exacerbaram as tensões no Oriente Médio”. Informando ainda que o país está pronto para trabalhar pela paz na região. 


Publicação do Ministério das Relações Exteriores da China sobre a ofensiva dos EUA contra o Irã (Foto: reprodução/X/@MFA_China)

Kaja Kallas, vice-presidente da União Europeia, pede que as negociações sejam retomadas para um cessar-fogo entre Israel e Irã. Jean-Noel Barrot, ministro das Relações Exteriores francês, solicita que o conflito seja resolvido dentro dos termos do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). A Alemanha se mantém cautelosa e informa que o chanceler do país, Friedrich Merz, avalia a situação. Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, declara apoio aos EUA, informando que a ação foi necessária para barrar a ascensão do programa nuclear iraniano.