Avanço na medicina: OMS recomenda injeção semestral e revoluciona prevenção do HIV no mundo

Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta segunda-feira (14 de julho de 2025), usou a Conferência Internacional sobre AIDS em Kigali (Ruanda) para recomendar o uso do lenacapavir, uma injeção semestral, sendo a promessa de uma nova ferramenta capaz de prevenir contra HIV, ela apresentou uma eficácia igual ou superior aos 99% dos comprimidos diários atualmente distribuídos no Brasil.

O objetivo é tornar amplo o acesso global de métodos de profilaxia de longa duração, diminuir infecções e facilitar a adesão em países com alto número de casos, oferecendo uma alternativa prática à PrEP oral diária.

Injeção semestral contra o HIV: como funciona a nova forma de prevenção

A nova injeção semestral para prevenção do HIV, baseada no medicamento lenacapavir da farmacêutica Gilead Sciences, representa uma alternativa inovadora e avançada aos métodos tradicionais de profilaxia pré-exposição (PrEP). O lenacapavir oferece proteção prolongada com apenas uma aplicação a cada seis meses, diferente dos comprimidos de uso diário, o que facilita a adesão ao tratamento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que estudos clínicos indicaram eficácia de quase 100% na prevenção do HIV, tornando o método uma das maiores promessas no combate à doença em décadas. Especialistas destacam que a injeção é especialmente útil para populações mais vulneráveis, que enfrentam dificuldades para manter o uso contínuo de medicamentos orais.

Segundo a OMS, a recomendação é vista como um marco para reduzir o número de novas infecções globalmente, especialmente em regiões com alto índice do vírus e infraestrutura de saúde limitada. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização, explicou que mesmo não havendo uma vacina disponível contra o HIV, já se pode considerar o lenacapavir como a melhor opção atual para interromper a cadeia de transmissão.

Além de sua eficácia, estudos apontam que o medicamento também é indicado como uma estratégia prática para superar barreiras como o estigma social e o esquecimento frequente de doses diárias. A OMS também reforçou que está trabalhando com governos e parceiros para acelerar a implementação dessa inovação nos países que mais necessitam.


— Remédios para tratamento de HIV (Foto: reprodução/Joe Raedle/Getty Images Embed)


OMS aponta desafios e próximos passos

Mesmo sendo considerada um marco no combate ao HIV, a implementação global da injeção semestral com lenacapavir ainda enfrenta obstáculos. Um dos principais desafios é o acesso equitativo em países de baixa e média renda, onde os sistemas de saúde possuem limitações para distribuir medicamentos inovadores em larga escala.

A OMS ressaltou a importância de parcerias estratégicas com governos, organizações não governamentais e a indústria farmacêutica para superar barreiras logísticas e econômicas. “Essas novas recomendações foram pensadas para aplicação no mundo real. A OMS está trabalhando de forma próxima com os países e parceiros para apoiar a implementação”, explicou a Dra. Meg Doherty, diretora de programas globais da organização.

Outro ponto crítico é que o tratamento ainda não tem um custo definido para a maioria dos mercados. A agência defende negociações para reduzir preços e tornar o lenacapavir acessível em comunidades mais vulneráveis, porém, isso ainda é algo a ser discutido futuramente.

Tedros Adhanom Ghebreyesus também reforçou o compromisso da organização em expandir o acesso ao tratamento. “É a melhor opção disponível enquanto aguardamos uma vacina contra o HIV. A OMS está comprometida em trabalhar com países e parceiros para garantir que essa inovação chegue às comunidades o mais rápido e seguro possível”, afirmou.

A entidade também estuda estratégias para garantir treinamento e suporte técnico aos profissionais de saúde, além de campanhas de conscientização para reduzir o estigma e incentivar a adesão ao novo método.

A recomendação da OMS para o uso da injeção semestral na prevenção do HIV marca um passo importante no combate à doença. Com potencial para facilitar o acesso e reduzir novas infecções, a iniciativa reforça a esperança de um futuro com menos barreiras na luta contra o vírus.

Nova injeção semestral contra o HIV promete revolucionar prevenção

A FDA aprovou o lenacapavir, primeira injeção semestral para prevenção do HIV. O medicamento reduz em quase 100% o risco de infecção.

Com apenas duas aplicações ao ano, o lenacapavir se mostra uma inovação significativa na profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). A droga já era usada para tratar casos resistentes do vírus, mas agora passa a ser adotada como estratégia preventiva nos EUA, com eficácia comprovada superior à das pílulas diárias tradicionais.

Alta eficácia e desafios de acesso

Estudos clínicos demonstraram que o lenacapavir preveniu a infecção em 96 a 100% dos casos. Pesquisas na África, América Latina e Ásia reforçam a eficácia da droga, que age bloqueando a replicação do vírus no organismo. Especialistas apontam que a posologia semestral pode superar obstáculos como adesão e estigma associados à PrEP oral.


— Multidão humana em torno de um frasco injetável da vacina contra o HIV no fundo roxo (Foto: MicroStockHub/Getty Images Embed)


Apesar dos avanços, o alto custo preocupa. Estimado em US$ 40 mil por paciente ao ano, o remédio ainda não está acessível em países como o Brasil. Organizações internacionais pedem que a farmacêutica Gilead reduza o preço e amplie a produção, garantindo o acesso global. Versões genéricas já estão em negociação para 120 países de baixa e média renda, mas ainda sem previsão para o Brasil.

Por que não é uma vacina?

Embora preventivo, o lenacapavir não é uma vacina. Diferente de imunizantes, ele não estimula a produção de anticorpos, mas age diretamente contra o vírus. A eficácia depende de sua presença contínua no organismo. Caso a aplicação seja interrompida, a proteção desaparece.

Risco global com cortes no combate à AIDS

O bloqueio de verbas do programa PEPFAR, anunciado por Donald Trump, ameaça reverter duas décadas de avanços contra o HIV.


Programas de HIV na África em risco após cortes na ajuda dos EUA na era Trump (Vídeo: reprodução/YouTube/APT_News)

Um estudo da The Lancet HIV aponta que a redução no financiamento pode causar até 10,8 milhões de novas infecções e 2,9 milhões de mortes até 2030, especialmente em países mais pobres. A queda no apoio afeta diretamente regiões dependentes, como a África Subsaariana, e pode anular progressos conquistados desde o ano 2000.

Cortes no financiamento internacional comprometem avanços no combate ao HIV/AIDS

Atualmente, 39,9 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo. Um estudo recém-publicado na revista The Lancet HIV alerta que cortes no financiamento internacional para o combate ao HIV/AIDS podem reverter avanços e resultar em milhões de novas infecções e mortes até 2030.

Com a redução da ajuda externa, até 10,8 milhões de novas infecções pelo HIV e 2,9 milhões de mortes podem ocorrer nos próximos anos, segundo aponta a pesquisa. O impacto será maior em países de baixa renda, como os da África Subsaariana, que enfrentam problemas estruturais na saúde e falta de suprimentos.

Essa região depende fortemente de programas financiados por iniciativas internacionais, como o Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS (PEPFAR), responsável por fornecer tratamentos antirretrovirais, testagem e ações preventivas.

Cortes significativos no combate ao HIV/AIDS

Países como EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Holanda representam mais de 90% do suporte financeiro global. No entanto, esses governos anunciaram cortes significativos, reduzindo em 24% os recursos destinados à luta contra a AIDS até 2026. Doadores internacionais foram responsáveis por expressivos 40% do financiamento global para o HIV desde 2015 em países vulneráveis.

A UNAIDS (agência da ONU para a luta contra a AIDS) alertou que, caso os recursos não sejam restaurados, até duas mil novas infecções podem ocorrer diariamente no mundo. A diretora-executiva da UNAIDS, Winnie Byanyima declarou sobre a suspensão temporária dos recursos do maior contribuinte, os EUA:

Essa retirada repentina do financiamento norte-americano levou ao fechamento de várias clínicas e à demissão de milhares de trabalhadores da saúde (…). Tudo isso significa que esperamos um aumento nas novas infecções.”


Apelo da OMS após corte de recursos para combater HIV (Vídeo: reprodução/YouTube/TV Jornal SBT)


Risco de retrocesso

Países que receberam apoio do PEPFAR ou de outras iniciativas externas que procuram promover a prevenção, o teste e o tratamento do HIV conseguiram reduzir, em média, 8,3% das novas infecções por ano e 10,3% das mortes relacionadas ao vírus entre 2010 e 2023. No entanto, caso os cortes se concretizem, especialistas alertam que os números podem voltar aos níveis de 2010, anulando os avanços conquistados desde o ano 2000.

Debra ten Brink, coautora do estudo publicado na The Lancet HIV, reforça:

“É fundamental garantir financiamento sustentável e evitar o ressurgimento da epidemia de HIV, que pode ter consequências devastadoras não apenas na África Subsaariana, mas globalmente.”

O estudo analisou dados de 26 países, projetando os impactos em outras nações de baixa renda. No entanto, os pesquisadores reconhecem que os resultados podem não refletir precisamente todas as realidades e os efeitos podem ser ainda mais graves do que os previstos.

ONU alerta para possível aumento no número de mortes por AIDS e HIV

Nesta sexta-feira (07), a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou sobre um bloqueio no chamado Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS (PEPFAR), devido à suspensão do envio de recursos, por parte do governo americano, anunciado por Donald Trump na semana passada.

Número alto de mortes é estimado

Caso o corte vá adiante, é estimado um cenário critico entre os pacientes que tratam das DSTs, podendo bater a marca de seis milhões de pessoas que seriam prejudicadas pela ausência de recursos para o ideal tratamento contra o quadro clínico.

O PEPFAR, órgão ameaçado pelos cortes anunciados pelo presidente Trump, é uma iniciativa não-governamental, que há mais de 20 anos tem sido fundamental para fornecer tratamento, prevenção e assistência a milhões de pessoas que lutam contra a doença ao redor do mundo.


Sede da PEPFAR localizada na embaixada americana de Uganda (Foto: reprodução/Chris Lubega/CDC Global/Flickr)

Desde sua criação, no início da década de 2000, o programa já ajudou a salvar mais de 25 milhões de vidas.

Entenda os cortes por parte do governo dos EUA

Foi anunciado na última semana, que o novo governo do país norte-americano, administrado por Donald Trump, adotará medidas rigidas, envolvendo cortes de gastos da União em importantes organizações ao redor do mundo, no intuito de diminuir eventuais despesas no orçamento. Desde o anúncio, diversos órgãos responsáveis por ajuda humanitária entraram em desespero, por conta de uma crise iminente devido à perda crucial em suas verbas.

O Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, chegou a alertar sobre a atitude do presidente em entrevista, usando como exemplo, uma situação semelhante ocorrida nos países britânicos anos atrás.

Passamos anos desvendando esse erro estratégico. O desenvolvimento continua sendo uma ferramenta de soft power muito importante. Fomos extremamente críticos em relação à forma como o último governo lidou com a decisão. Portanto, eu aconselharia os amigos dos EUA a olharem de perto o que deu errado no Reino Unido enquanto navegam por essa decisão.


Secretário de Relações Exteriores do parlamento britânico, David Lammy (Foto: reprodução/Ihor Kuznietsov/Global Images Ukraine/Getty Images embed)


Devido às ações de Trump, um grupo de trabalhadores da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID) entraram com um processo contra o presidente nesta quinta-feira (07), na tentativa de reverter a situação delicada.

OMS alerta que suspensão de recursos para o programa de AIDS pode causar retrocessos globais

A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou grande preocupação e declarou um alerta de “ameaça global” devido à decisão recente do governo de Donald Trump de suspender o financiamento para o programa de combate à AIDS.

Segundo a OMS, a decisão representa uma grande ameaça aos países de baixa renda que são beneficiados através do programa, incluindo o Brasil, e põe em risco a vida de mais de 30 milhões de pessoas que vivem com o vírus HIV.

Nota da OMS

De acordo com a Organização, a suspensão dos recursos pode causar um significativo aumento de mortes por AIDS no mundo e um retrocesso de décadas.

Essas medidas, se prolongadas, podem levar ao aumento de novas infecções e mortes, revertendo décadas de progresso e possivelmente levando o mundo de volta aos anos 1980 e 1990, quando milhões morriam de HIV a cada ano, incluindo muitos nos Estados Unidos”, diz a nota.

Por fim, a OMS apela para que os Estados Unidos reavalie a medida e permita isenções adicionais, garantindo a prestação de tratamentos e cuidados para os pacientes.

Apelamos ao Governo dos Estados Unidos para que permita isenções adicionais para garantir a prestação de tratamento e cuidados vitais para o HIV.”


OMS apela que a decisão seja reavaliada por Trump (Foto: reprodução/Agência Brasil)

Estados Unidos são os maiores doadores de recursos

Segundo a OMS, os EUA são os maiores fornecedores de recursos vitais e sustentam muitas operações de combate à doença em todo o mundo, além de apoiar diversos programas de saúde pública. Com o maior financiamento, a decisão tomada pela atual gestão representa um corte de U$ 500 milhões.


EUA são os maiores doadores de recursos para o tratamento da AIDS (Foto: reprodução/Pexels)

De acordo com o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz, “Esses financiamentos estão em risco com a saída dos EUA”. As contribuições representam 18% do financiamento que a OMS recebe. Além disso, o país financia 75% do programa voltado para o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Trump ordenou que todos os países onde o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da AIDS (PEPFAR) está presente, deixem de distribuir os medicamentos fornecidos pelos Estados Unidos, mesmo que já estejam estocados.

Impacto do PEPFAR no mundo

A medida já resultou no fechamento de clínicas locais e a suspensão dos atendimentos em diversos países da África. Supõe-se também que na Nigéria os cortes no financiamento irão afetar os serviços de saúde local.

No Brasil, o PEPFAR atua facilitando o acesso a autotestes em diversas capitais brasileiras e colaborando com diversas instituições, entre elas a Fiocruz, nas campanhas de prevenção e conscientização. De acordo com o Ministério da Saúde, 1 milhão de pessoas vivem com o vírus do HIV no Brasil.

Injeção bimestral contra HIV é negociado pelo SUS

O Ministério da Saúde está em negociação com o laboratório produtor de um medicamento preventivo contra o HIV. A proposta para a incorporação da medicação no Sistema Único de Saúde (SUS) está envolvendo o governo, médicos e o próprio laboratório. O fármaco de PrEP, princípio ativo do medicamento, em injeções bimestrais, pode impedir a infecção pelo vírus.

A possível implementação

O SUS aguarda a Fiocruz finalizar em breve o estudo que viabiliza a implementação do medicamento, que já foi aprovado em abril pela Anvisa. Do ponto de vista técnico, se for aprovado, ele passará por um estudo do governo para avaliar o custo-benefício, que conta com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, para a incorporação de novas tecnologias no SUS.

O medicamento produzido pela farmacêutica GSK em parceria com o laboratório ViiV Healthcare. Mesmo sem o resultado da Fiocruz, os médicos e especialistas já se sentem animados com a possibilidade de termos mais uma ajuda no combate do HIV, pois o medicamento apresentou grande eficácia na África, que em altos índices da doença, em função da rejeição do uso do preservativo.

Há também a expectativa que a incorporação no SUS tenha um bom custo-benefício, pois a prevenção poderá compensar evitando tratamentos antirretrovirais, que impedem a multiplicação do HIV no organismo.


95% das pessoas em tratamento do HIV no Brasil estão indetectáveis (Foto: reprodução/X/@brasil_ahf)


Opinião de especialistas

Segundo médicos e cientistas, o medicamento não é como uma arma letal contra o HIV, mas uma ferramenta que é indispensável que é preciso ter para combater doenças.

O médico Alexandre Naime, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em um evento de campanha informática contra o HIV, disse que esse é o momento da pressão, onde é necessário fazer pressão para que a medicação seja aprovada.

Naime revelou também que a empresa responsável pela produção vem tendo contato com o Ministério da Saúde ao longo de todo ano, para que o processo seja o mais rápido possível. O Ministério tem abordado o assunto, mas ainda não possui prazo definido para a incorporação.

Paciente que recebeu transplante infectado por HIV é internado no RJ

A Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro confirmou sobre a internação de um dos transplantados que recebeu órgãos infectados com HIV. Segundo a pasta, a linha de emergência para pacientes transplantados foi acionada neste domingo. O idoso de 70 anos, que fez transplante de fígado, foi levado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz.

A informação foi divulgada e transmitida pela BandNews FM e confirmada pelo O GLOBO. A Secretaria de Saúde ainda não especificou o estado total do paciente.

Sobre as investigações

Adriana Vargas dos Anjos era coordenadora do laboratório (PCS Lab Saleme) e foi presa deste domingo (20) pela Polícia Civil. Ela é suspeita por estar envolvida na emissão de laudos falsos que levaram a contaminação por HIV de pacientes transplantados.

A técnica foi apontada por outros funcionários do local como responsável por determinar a violação do protocolo de triagem de antígenos, que deveria ter sido feito diariamente, mas passou a ser semanal na tentativa de maximizar os lucros do estabelecimento.


PCS Lab Saleme, com viatura da Decon e pilha de exames falsos de HIV (Reprodução/ Rafael Campos/Freepik)

Além da prisão de Adriana, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão contra Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, auxiliar de laboratório e primo do deputado federal e ex-secretário de Saúde do Rio, Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, conhecido como Doutor Luizinho (Progressistas)  Durante o período em que ocorreu a contratação do laboratório para realizar atividades vinculada ao governo do estado, de janeiro a setembro de 2023, Luizinho estava no cargo.

Mais seis pessoas testaram positivo para HIV

Foi anunciado na semana passada que seis pessoas testaram positivo para HIV após receberem órgãos transplantados no estado do Rio. O laboratório PCS Lab Saleme, localizado em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, foi responsável pela testagem dos doadores, apresentando resultados negativos para HIV de dois doadores, ambos na verdade eram soropositivo. Os transplantes realizados incluem de rim, fígado, coração e córnea.

Uma investigação da Secretaria de Saúde do Estado do Rio sobre o assunto começou em setembro deste ano e resultou no fechamento do laboratório. Desde então, o ministério suspendeu os contratos e ordenou uma investigação interna para identificar e punir os responsáveis.

Faculdade diz nunca ter emitido diploma de técnica que assinou laudo de órgãos contaminados com HIV

A Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera informou nesta terça-feira (15) que não emitiu nenhum certificado de conclusão de curso para a técnica Jacqueline Iris Bacellar de Assis. Ela trabalhava no laboratório, como responsável por examinar os órgãos doados. Jacqueline assinou documentos afirmando que os órgãos testaram negativo para HIV.

“A Instituição não emitiu certificado de conclusão de curso de graduação, de qualquer natureza, para Jacqueline Iris Bacellar de Assis”, informou em nota a faculdade ao jornal O Globo.

Segundo o laboratório, o diploma falso apresentado por Jacqueline a credenciou para assinar os exames com falsos negativos.

Jacqueline entregou-se à polícia

Ainda nesta terça-feira, Jacqueline Iris Bacellar de Assis entregou-se à polícia. A técnica, de 36 anos, estava foragida desde segunda-feira (14), após a emissão de seu mandado de prisão temporária.

Apesar de ter sua assinatura nos documentos, Jacqueline afirmou para o jornal O Globo, não ser biomédica.


Diploma apresentado por Jacqueline Iris Barcellar de Assis (Foto: reprodução/Portal G1)

Vírus em órgãos transplantados

Na última sexta-feira (12), foi descoberto o caso de seis pessoas contaminadas pelo vírus HIV devido a órgãos transplantados contaminados que vieram do Rio de Janeiro. A principal suspeita é que a empresa que cuidava e autorizava a doação dos órgãos, o laboratório PCS Lab Saleme, liberou exames como falsos negativos. A empresa fica localizada em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, e foi contratada pela Secretaria Estadual de Saúde em dezembro de 2023.

O erro foi descoberto em setembro, quando um paciente transplantado testou positivo para HIV, o mesmo não tinha o vírus anteriormente.

Dos suspeitos, foram presos o ginecologista e sócio do laboratório, Walter Vieira; o técnico de laboratório, Ivanilson Fernandes dos Santos, suspeito de ser um dos técnicos responsáveis que afirmou negativo para o HIV nos órgãos; além da técnica Jacqueline, que se apresentou hoje à polícia.

FioCruz e UFBA alertam sobre nova variante de HIV em três estados do país 

Foi publicada nesta sexta-feira (16), na revista “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”, uma nova variante do vírus da imunodeficiência humana (HIV) que está circulando no Brasil e foi diagnosticada em três estados do país. 

De acordo com os pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) , há quatro registros recombinantes, sendo eles na Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. 

Estudos mostraram que a nova variante combina genes dos subtipos B e C do HIV, que são mais encontrados no país, por isso chamados de recombinantes. De acordo com a bióloga Joana Paixão Monteiro-Cunha, co-autora da pesquisa, “o que chama a atenção para o surgimento dessas formas recombinantes, é a dupla taxa de infecção. As pessoas estão se contaminando e recontaminando”. 

Ainda de acordo com a pesquisadora, para dar início em novas variantes, é preciso que dois subtipos se encontrem em um mesmo organismo hospedeiro e se produzam, misturando assim características genéticas destes dois subtipos. 


Co-autora da pesquisa pede para que órgãos responsáveis conscientizem a população (Foto: Reprodução/Shutterstock)

O que se sabe até agora sobre a variante CRF146_BC

A nova variante foi batizada de CRF146_BC, e corresponde ao fato de os vírus poderem ser únicos, mas quando encontrados no mesmo organismo que passou por uma reinfecção, podem ser recombinantes viáveis ou circulantes, isso quando se tornam versões transmissíveis. 

Este vírus foi descoberto em 2019, durante um estudo populacional no qual pesquisadores, incluindo a co-autora desse estudo, analisaram 200 amostras de pessoas infectadas que estavam sendo acompanhadas pelo Hospital das Clínicas de Salvador.  

Depois que encontraram a variante eles compararam as informações do genoma do vírus com bancos de dados públicos que contém sequências genéticas de HIV. Tínhamos ali, nesses bancos de dados, outras três amostras que tinham exatamente a mesma estrutura dinâmica que o vírus encontrado na Bahia” – finaliza a pesquisadora Joana Paixão Monteiro-Cunha. 

Os quatro casos registrados, já são resultado da nova transmissão. Nenhum dos pacientes discernidos são pacientes sem infecção alguma, mas aqueles que foram infectados duas vezes por dois subtipos de HIV que se combinaram novamente. 

Ainda não é possível dizer se essa variante pode levar a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) mais rapidamente. Os pesquisadores até o momento apenas tiveram contato com o quadro clínico do primeiro caso descoberto na Bahia e o paciente estava em tratamento com antivirais, sem saber se este vírus recombinante era resistente às medicações. 

Por hora, o tamanho do impacto das novas variantes na epidemia não consegue ser medido. Por isso, a pesquisadora salienta a necessidade de alertar a população, assim como os órgãos responsáveis pelo controle epidemiológico do HIV. Além de evitar a infecção e reinfecção entre os soropositivos. 

Medicamento para prevenção do HIV mostra 100% de eficácia em ensaios clínicos

Um estudo realizado recentemente na África do Sul e Uganda, apontou que um medicamento injetável para a prevenção do vírus HIV demonstrou 100% de eficácia em mulheres. Em comparação a outros dois medicamentos de profilaxia pré-exposição (PrEP), este medicamento que foi injetado de maneira semestral mostrou maior proteção contra a HIV.

O medicamento em questão é o lenacapavir, que foi testado no ensaio clínico PURPOSE 1, este estudo aconteceu em três cidades na Uganda e Africa do Sul. O estudo teve como objetivo avaliar o desempenho da nova medicação em comparação a outros dois PrEP.

O lenacapavir é um inibidor da fusão cápside. Esta fusão que existe no HIV é uma capa de proteína que visa proteger o material genético do vírus, protegendo também as enzimas responsáveis por replicar o vírus.


Pesquisador realizando estudos em um laboratório (foto: reprodução/DigitalVision/Morsa Images/Getty Images Embed)


Evolução da pesquisa

O estudo resolveu testar o lenacapavir de maneira semestral para observar se o medicamento teria um bom desempenho em comparação com o Truvada/TDF, a qual é uma pílula já utilizada há uma década como uma profilaxia de pré-exposição.

Outra pílula parecida com a Truvada/TDF, o Descovy F/TAF, foi testada nesse estudo para ver se ela era mais ou menos eficiente em comparação com a lenacapavir.

As participantes do estudo tinham entre 16 e 25 ano e foram escolhidas de maneira aleatória para testar os três medicamentos. O formato escolhido para fazer o estudo foi o de duplo-cega, isso significa que nem os pesquisadores e nem os participantes sabiam quais medicamentos estavam recebendo, e essa informação somente foi fornecida após a conclusão do estudo.

Depois da conclusão do Purpose 1, agora está sendo feita a Purpose 2 que tem previsão de término no início de 2025. Agora essa pesquisa quer ampliar seu público e realizar testes com outros públicos como os homens e os homens transgêneros, por exemplo. Os testes do Purpose 2 ocorrem em vários lugares do mundo, incluindo o Brasil.

Eficácia do lenacapavir pode auxiliar na adesão do PrEP

Segundo Linda-Gail Bekker, do Desmond Tutu HIV Center, o sucesso do medicamento auxiliaria na aceitação do tratamento, isso ajudaria a combater preconceitos que existem sobre o assunto.

Linda-Gail revela ainda que “lenacapavir semestral para PrEP pode ajudar a lidar com o estigma e a discriminação que algumas pessoas podem enfrentar ao tomar ou armazenar pílulas orais de PrEP”.

Somente no ano passado foi aplicado 1,3 milhões de injeções no mundo, essas estatísticas foram fornecidas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas.