Morte do líder Hossein Salami abala liderança militar do Irã

 O ataque surpresa de Israel contra o Irã, na madrugada desta sexta-feira (13), horário local, resultou na morte do comandante-chefe da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC), major-general Hossein Salami. Além de Salami, outros líderes das mais altas patentes militares iranianas, dezenas de civis e cientistas nucleares, também foram mortos na ofensiva.

Conforme informou as Forças de Defesa de Israel (IDF), os ataques foram realizados visando a destruição da expansão do programa nuclear iraniano. Salami e outros  funcionários do alto escalão do governo do Irã estavam reunidos em uma base militar quando foram surpreendidos pelos ataques israelenses.

Hossein Salami

Um dos mais influentes líderes iranianos, o major-general Hossein Salami comandava a Guarda Revolucionária iraniana desde 2019. Nomeado pelo líder supremo Ali Khamenei, tinha sob seu comando mais de 120 mil militares. Era responsável pelas forças aéreas, terrestres e marítimas do Irã. 

Salami entrou para a carreira militar na década de 1980, durante a guerra Irã-Iraque. Ao final do conflito, ocupou vários cargos de liderança até se tornar o chefe da IRGC. Era conhecido por seu discurso anti-EUA e seus aliados. Em abril e em outubro de 2024, sob seu comando, as forças militares iranianas atacaram Israel. Estes ataques contaram com o lançamento de mísseis balísticos, inclusive mísseis de cruzeiro e drones. 

Em suas falas, Hossein Salami, não escondia que um dos objetivos da Guarda Revolucionária iraniana era acabar com o “regime sionista”, que defende a autodeterminação do povo judeu. Por esse motivo, alguns países, entre eles EUA e Canadá, consideram a  IRGC como um grupo terrorista armado. 


Guarda Revolucionária do Irã e manifestantes iranianos na capital Teerã em 2017 (Fotos: reprodução/ HOSSEIN MERSADI/ATTA KENARE/AFP/Getty Images Embed)


A Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia (UE) impuseram sanções contra Salami, nos anos de 2007 e 2021, respectivamente. Segundo essas organizações, as sanções foram necessárias devido ao envolvimento do major-general com o programa balístico do Irã e pelos seus atos repressivos contra civis iranianos durante as manifestações. Estas sanções incluíram desde congelamentos financeiros até a proibição de viagens e acessos a países europeus. 

Morte

A morte de um dos mais graduados militares das Forças Armadas iranianas significa a perda de uma liderança estratégica para o Irã, além do impacto moral causado na Guarda Revolucionária, que foi atacada de surpresa em seu território expondo a vulnerabilidade existente em seus sistemas de defesa. 


Confirmação da morte de Hossein Salami pela mídia estatal iraniana (Foto: reprodução/X/@IrnaEnglish)

Para os líderes iranianos, Hossein Salami, possuía uma grande influência regional, no chamado “Eixo da Resistência”, formado por países e lideranças do Oriente Médio que se opõem a Israel, EUA e demais aliados. Com a sua morte, as tensões geopolíticas aumentam, favorecendo disputas internas e podendo ser utilizada como justificativa para intensificação de ataques contra os responsáveis. Fragilizando a segurança e a diplomacia interna e externa, não só do Irã, mas, também, de países fronteiriços a ele e da região como um todo. 

Oriente Médio: Israel ataca o Irã e elimina os principais chefes militares

As Forças de Defesa de Israel (IDF) atingiram alvos militares iranianos em ataques surpresa realizados na madrugada desta sexta-feira (13), horário local, matando comandantes da alta patente das Forças Armadas do Irã. A ação ocorreu enquanto líderes iranianos realizavam uma reunião de contenção de crise para discutir questões ligadas à expansão do programa nuclear iraniano.

Conforme informou o IDF, diferentes áreas do Irã, incluindo alvos nucleares, foram atingidos por “representarem uma ameaça ao Estado de Israel e ao mundo em geral”.  Segundo Eyal Zamir, chefe das forças armadas israelense, o país está preparado para qualquer contra-ataque e, quem desafiar Israel, “pagará um preço alto”. 

Logo após os ataques, Effie Defrin, porta-voz do IDF, fez um pronunciamento nas redes sociais. Segundo informou, Israel não teve escolha e realizou os ataques a fim de proteger seus cidadãos. Uma vez que, o Irã está trabalhando na produção de armamento nuclear, enriquecendo milhares de quilos de urânio em suas instalações subterrâneas.


Pronunciamento de Effie Defrin, logo após os ataques contra o Irã (Vídeo: reprodução/X/@IDF)



Sabotagem do Mossad

Antes e durante o ataque, o Serviço de Inteligência de Israel, Mossad, realizou uma série de sabotagens desativando o sistema de defesa iraniano. O que permitiu acessar o espaço aéreo do Irã. Várias cidades do país foram atingidas, no entanto, o alvo principal foi a  instalação de enriquecimento iraniana, na cidade de Natanz, a cerca de 225 km ao sul da capital Teerã.


Ataques israelenses a diversos alvos iranianos (Vídeo: reprodução/X/@GeopolPt)

De acordo com informações, Israel atingiu o complexo de segurança onde militares estavam abrigados, além de seis bases militares e prédios residenciais em diversos pontos de Teerã, capital do Irã, incluindo alvos estratégicos nas cidades próximas à capital. Essa ofensiva causou dezenas de mortes e foi chamada por funcionários iranianos de “ataque seletivo”.

Mortes de militares

Em uma sequência de postagens em suas redes sociais, o IDF vem relatando detalhes sobre o ataque. Em uma das publicações confirmou que o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Iranianas, o Comandante do IRGC e o Comandante do Comando de Emergência do Irã foram mortos na ofensiva.


Confirmação das mortes de militares de alta patente do Irã (Foto: reprodução/X/@IDF)

As mortes do general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã; do general Hossein Salami, comandante-chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC) e do major-general Gholam-Ali Rashid, chefe do Comando de Emergência do Irã, também foram confirmadas pela mídia estatal iraniana. Além da morte de dois cientistas nucleares, Fereydoun Abbasi-Davani e Mohammad Mehdi Tehranchi.

Promessa de revide

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, informou que a ofensiva de Israel contra alvos militares iranianos causando a morte de seus principais chefes foi uma “declaração de guerra” por parte de Israel, prometendo vingança.

“A mão poderosa das Forças Armadas da República Islâmica não os deixará impunes, se Deus quiser. Com esse crime, o regime sionista preparou um destino amargo e doloroso para si mesmo e certamente o receberá”.

Em um comunicado enviado à Organização das Nações Unidas (ONU), Araghchi pede intervenção imediata do Conselho de Segurança da ONU para a resolução dessa questão. Já o general Abolfazl Shekarchi, porta-voz das Forças Armadas iranianas, incluiu os EUA como alvo nesse contra-ataque, acusando o país norte-americano de apoiar a ofensiva realizada por Israel. Em sua fala Shekarchi afirma que “americanos e israelenses vão pagar um preço alto pelos bombardeios”.

Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA, declarou que  “Israel tomou uma ação unilateral” e que a Casa Branca foi informada sobre os planos de ataque israelense contra o Irão, porém, não participou da ação. Conforme Rubio,a prioridade dos EUA, agora, é proteger suas tropas no Oriente Médio devido à tensão que os ataques causaram na região.