Governo Trump realiza primeira viagem de autodeportação de imigrantes

Nesta segunda-feira (19), foi feito o primeiro voo de autodeportação de imigrantes ilegais, partindo dos Estados Unidos, rumo à Honduras e Colômbia. De acordo com um comunicado do governo, 64 pessoas foram levadas de volta à seus países de origem. Essa ação é uma iniciativa do governo Trump, que visa incentivar os imigrantes ilegais no país a voltarem para sua nação originária, para que assim, possam obter documentos legais.

A autodeportação

Foi feita a primeira viagem de imigrantes dos Estados Unidos, que se autodeportaram de volta para seus países de origem. O voo partiu de Texas, nos EUA, e levou 64 pessoas para Honduras e Colômbia, como foi informado pelo Departamento de Segurança Interna (DHS), dos Estados Unidos, nesta segunda-feira (19).

Hoje, o DHS realizou seu primeiro voo do Projeto Volta ao Lar, com 64 pessoas que voluntariamente decidiram se autodeportar para seus países de origem, Honduras e Colômbia”, disse o DHS, em comunicado.

Segundo o anúncio, os imigrantes, que saíram dos EUA por conta própria, receberam de ajuda o valor de US$ 1 mil (R$5,6 mil), e ainda possuem a possibilidade de poder voltar aos Estados Unidos, de maneira legal.


Imigrantes saindo do aeroporto em que chegaram, em Honduras (Foto: reprodução/ORLANDO SIERRA/AFP/Getty Images Embed)


Dos 64 imigrantes que retornaram à seus países de origem, 38 foram pra Honduras. Essas pessoas irão aproveitar de um programa governamental chamado “Irmão, Irmã, Volte para Casa”, que inclui um dinheiro extra no valor de US$ 100 para maiores de idade, vouchers de alimentação e também um incentivo para buscar emprego. Os outros 26 imigrantes colombianos também possuem serviços sociais para auxiliá-los.

As medidas de Trump

Desde sua segunda campanha presidencial, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tinha como sua principal pauta a deportação de imigrantes ilegais no país. Quando assumiu o cargo, começou a pôr em prática as medidas para mandar os imigrantes de volta à suas origens.


Foto de Donald Trump (Foto: reprodução/Nathan Posner/Anadolu/Getty Images Embed)


Uma das medidas foi criar um projeto que apresenta uma escolha aos migrantes: deixar os Estados Unidos de maneira voluntária, contando com apoio e assistência financeira do governo, ou permanecer e sofrer pressão do governo.

Essa pressão está ligada à multas, encarceramento e até expulsão do país. Essas medidas de Trump visam acelerar a expulsão dos imigrantes ilegais, principalmente com um custo inferior ao de voos de deportação normais.

Trump consegue aprovação de lei severa para punir imigrantes ilegais

A Suprema Corte dos Estados Unidos concedeu a Trump o direito de utilizar uma antiga lei, que é somente usada em tempos de guerra, para punir imigrantes ilegais. A lei agiria como forma de desmantelar e deportar gangues venezuelanas. O presidente já havia tentado utilizar este artifício, no dia 15 de março, porém foi barrado por juiz.

A vitória de Trump

O presidente dos EUA, Donald Trump, obteve uma vitória, nesta segunda-feira (7), quando a Suprema Corte dos Estados Unidos, autorizou o uso da Lei de Inimigos Estrangeiros, criada em 1798, e que historicamente, era utilizada apenas em tempos de guerra. Esta medida será usada no combate aos imigrantes ilegais, nos EUA, que fariam parte de gangues venezuelanas. Essa lei já foi usada para deter imigrantes japoneses, alemães e italianos, durante o período da Segunda Guerra Mundial.


Foto de Trump, durante encontro com o Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Foto: reprodução/Kevin Dietsch/Getty Images Embed)


O juiz James Boasberg havia bloqueado o uso dessa lei, que já foi tentada pelo presidente dos EUA, porém a Suprema Corte decidiu derrubar essa decisão, permitindo o uso do método. Apesar disto, eles também impuseram limites ao governo, quanto ao uso da lei, deixando claro que é necessário haver revisão judicial.

Os detidos devem receber notificação, após a data desta ordem, de que estão sujeitos à remoção sob a Lei. Essa notificação deve ser feita dentro de um prazo razoável e de forma que permita que eles busquem de fato o habeas corpus na jurisdição adequada antes que a deportação ocorra”, disse a maioria, que aprovou a votação.

A tentativa de uso anterior

O presidente Donald Trump tentou, no dia 15 de março, já acionar essa lei, para deportar indivíduos que, supostamente, fariam parte da gangue “Tren de Aragua”. Esse grupo venezuelano é acusado de crimes na nação americana.

No dia em que Trump fez a ordem, os venezuelanos que estavam detidos por autoridades de imigração entraram com uma ação para impedir que as deportações ocorressem. A União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) foi quem representou o grupo, neste caso. O argumento usado contra o presidente, pela ACLU, é de que sua ordem ultrapassava os poderes da Presidência, pois a lei só poderia ser usada em situações de guerra. Nesse mesmo dia, Boasberg aceitou o pedido e bloqueou imediatamente a medida.


Trump respondendo repórter, durante encontro com o Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Foto: reprodução/Kevin Dietsch/Getty Images Embed)


Apesar desta ordem judicial, foram mantidos dois voos, que já estavam em andamento, para El Salvador, onde 238 venezuelanos foram levados para o “Centro de Confinamento de Terrorismo”, prisão de segurança máxima do país. Advogados do Departamento de Justiça disseram que os voos já haviam deixado os EUA, portanto, a ordem que foi dada duas horas antes não havia peso suficiente para impedir a deportação. Ainda está em análise se o governo descumpriu as ordens de Boasberg.

As famílias dos imigrantes deportados negam qualquer ligação com gangues. Um dos casos que foram citados é o de um jogador e treinador de futebol venezuelano. Os advogados dizem que ele foi erroneamente associado ao “Tren de Aragua”, por possuir uma tatuagem de coroa, que, na verdade era apenas uma homenagem ao time de futebol espanhol, Real Madrid.

Trump é eleito presidente e promete nova era para os EUA

Donald Trump discursou na madrugada de quarta-feira (06), em frente aos seus apoiadores em um resort de luxo em Palm Beach, Flórida. Ainda durante o processo de apuração dos votos americanos, o candidato se declarou vencedor e prometeu trazer uma nova “era de ouro” para o país e fechar as fronteiras. Dados da Associated Press confirmam que o candidato alcançou os votos que precisava para assumir o cargo, com 277 delegados a seu favor. O candidato não citou a adversária Kamala Harris.

Apuração das urnas americanas

Durante a fala de Trump, um pouco antes das 2h30 no horário local, a apuração apontava 267 delegados a favor de Trump. Nas eleições norte-americanas, é necessário ter 270 membros do Colégio Eleitoral para se garantir a vitória, e a confirmação desse número veio poucas horas após seu discurso, após a apuração do estado de Wisconsin.

A confirmação da vitória de Trump nos chamados estados-pêndulo, aqueles que a dominância da dicotomia republicano/democrata varia e o resultado é imprevisível, ajudou a confirmar a vitória de Trump antes do anúncio oficial. Trump triunfou em estados importantes, como Pensilvânia, Carolina do Norte, Nevada e Geórgia, onde também ganhou de Kamala na escolha popular. O presidente reeleito classificou a vitória como o maior movimento político de todos os tempos.


Donald Trump é eleito como o novo presidente dos Estados Unidos, com 277 delegados a seu favor (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty images embed)


“Eu não vou descansar até devolver uma América segura e próspera que merecemos. Essa vai ser a era de ouro da América”, disse Trump. Sua fala incluiu as promessas de fechar as fronteiras do país, cortar impostos e reduzir o déficit, que subiu para 6,4% do PIB, somando 1,9 trilhão de dólares. Donald Trump ainda agradeceu ao seu více, J.D. Vance, e declarou amor ao empresário Elon Musk, que foi um dos grandes patrocinadores do republicano. “Nós vamos começar a colocar a América em primeiro lugar. Juntos, podemos fazer com que a América seja grande novamente. Eu não vou decepcioná-los.”

As promessas de Trump

Donald Trump afirmou que os EUA precisam fechar as fronteiras, mas que isso não impediria que as pessoas visitassem o território, mas de forma legal. Durante seus esforços de campanha, o candidato prometeu fazer a maior deportação em massa da história americana, pois ele afirma que o aumento da criminalidade no país está relacionada com a imigração ilegal. Trump também prometeu melhorar a economia americana, melhorando os indicadores econômicos, e sugeriu que Robert Kennedy Jr, faça parte da gestão de saúde. 

O republicano ainda frisou que recebeu votos de vários segmentos da população, incluindo afroamericanos, hispânicos e árabes, que normalmente votam no Partido Democrata. Trump pediu que todo o país se junte à ele em sua jornada, que era hora de unir o país. Trump também citou o atentado à sua vida, que Deus o poupou para que pudesse assumir a presidência. “Deus salvou minha vida por uma razão: para salvar nosso país e restaurar a América em sua grandeza. Vamos seguir essa missão juntos. Essa tarefa não será fácil, mas trarei toda a minha energia e minha alma para conseguir.”


Trump, juntamente com o vice JD Vance, afirma que seu slogan será “promessas serão cumpridas” (Foto: reprodução/Stephen Maturen/Getty images embed)


Trump será o 47º presidente norte-americano e deve assumir o cargo em 20 de janeiro de 2025. Ele será o segundo presidente a ter dois mandatos não consecutivos e, aos 78 anos, também será o mais velho a assumir o cargo, superando Joe Biden. Mesmo eleito, Trump ainda terá que responder à Justiça, pois é réu em três processos diferentes que possuem diversas acusações, incluindo fraude contábil e crimes sexuais.

Brasileiros contam sobre imigração legal nos EUA e deportação

Na última sexta-feira de junho, um avião desembarcou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, trazendo brasileiros deportados dos Estados Unidos. Estes brasileiros usavam roupas brancas, sapatos pretos, e carregavam um saco em mãos. Segundo a concessionária BH Airport, esse cenário repetiu-se em outros seis voos somente neste ano.

De volta ao Brasil, algumas destas pessoas andavam apressadamente, provavelmente para não serem identificados, e desejando ao máximo sair logo dali, enquanto outros procuravam tomadas para carregar seus celulares, ou então procuravam alguém que lhes emprestasse o aparelho para notificar sua chegada. Algumas já estavam no processo de compra de passagem para seu local de origem aqui, enquanto outros não possuíam um único centavo no bolso para cogitar essa possibilidade.

Três pessoas deportadas, as quais não quiseram identificar-se, foram ouvidas pelo G1. Mesmo com a frustração pela deportação, o sentimento em comum era de desafogo, por estar de volta ao seu País após meses de detenção nos EUA.

As histórias dos deportados

Um dos deportados nasceu em Sergipe, no município Umbaúba, com população de 25,550, tendo visitado o país com visto de turista, inicialmente, e então permaneceu no país após o visto ter expirado. Sua estadia nos Estados Unidos durou uma década.

O sergipano de 34 anos vivia em Kentucky, ganhando de US$ 800 a US$ 900 por semana no trabalho com construção, e então, um dia foi detido pela polícia enquanto dirigia.

Um processo na Justiça ocorreu, foi chamado um advogado, mas ele foi preso, ficando quatro meses circulando em prisões de quatro estados distintos, onde nem sempre tinha como ligar e avisar sua família.

Nos 10 anos que passou no País, o sergipano casou-se com uma cubana, com a qual teve um filho, que hoje tem 2 anos. Seu plano era voltar para seu estado, e trazê-los para o Brasil.

Em seu relato, não é recomendado ir para o País ilegalmente, “porque você tem que ficar se escondendo”. Por mais que haja trabalho e se ganhe bem, pela necessidade de esconder-se, não há qualidade de vida, e nem vida algum. Sem contar que é preciso trabalhar de domingo a domingo para se ter algum dinheiro; e se houver tempo livre, ficar apenas em casa, porque sair é demasiadamente arriscado.

Um ex-morador de Frei Lagonegro, no Vale do Rio Doce, passou pelo processo de deportação pela segunda vez. Na primeira vez, em abril de 2023, o mineiro de 24 anos foi deportado para o Brasil dois meses ter-se apresentado para a imigração.

Oito meses depois, tentou acessar o país mais uma vez, desta vez com os irmãos, realizando a travessia de Juarez (México) para El Paso (Texas), em um vagão de trem de carga, num esquema organizado por coiotes. O motivo da mudança de País seria para uma “oportunidade de vida melhor”.

Foi extremamente complicado no México, sendo quase sequestrado. Além do risco de vida, como ter viajado durante oito horas em um espaço de menos de 20cm, era preciso pagar tudo. O trem foi parado pela polícia, na fronteira entre os países e, após dois dias algemado, passou por seis centros de detenção durante seis meses. Seus irmãos conseguiram entrar no País.

Segundo o jovem, cada detenção possui um comportamento distinto: em alguns não é possível dormir, e podem prender ou soltar. A alimentação ocorre somente quando eles querem, e a comida não é das melhores. Alguns oficiais são tranquilos, enquanto outros “te tratam como se fosse um cachorro amarrado na corrente”.

Estando de volta ao Brasil, ele deseja voltar a trabalhar próximo da família, como serrador, e deseja recomeçar sua vida.

Após sofrer violência doméstica em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, uma das poucas mulheres do grupo havia ido para o País a fim de tentar uma nova vida. Após três tentativas fracassadas, onde retornou para o México, e uma deportação, ela conseguiu entrar no País pelo mar, por meio de jet ski, em março deste ano.

Durante a viagem, a mineira de 26 anos caiu dentro do mar, devido o mar violento, precisando inclusive nadar. No quarto dia, o coiote, outra imigrante e a brasileira chegaram na Califórnia, especificamente em San Diego. Se esconderam, entraram em um carro e, cinco minutos depois, a imigração os capturou, e a mineira passou três meses detida.

A valadarense relata que todos os dias a rotina era a mesma: às 05h30 o café da manhã, 11h30 o almoço, e às 17h30 o jantar. A habitação possuía oito pessoas ao todo, e havia tablet, cobertor, água quente e médico. Assim como mencionado pelos outros brasileiros, o tratamento não era bom; ela relata que gritavam “Desse jeito vocês não vão entrar no meu país”.

O processo de deportação

Este processo se dá pela eliminação de imigrantes irregulares, ou então, de imigrantes regulares que cometeram algum crime.

A advogada Paula Infante, especialista em direito internacional, relata que os brasileiros que entram ilegalmente no País hoje, entram em contato com agentes de imigração para solicitar asilo. Isso porque, no governo atual de Biden, a deportação tem tido mais flexibilidade; muitas pessoas são liberadas, desde que usem tornozeleira eletrônica e informem o endereço do local em que ficarão.


Muro fronteiriço, Estados Unidos-México (Foto: reprodução/Joey Ingelhart/Getty Images Embed)


Todavia, este asilo nem sempre é fornecido para os brasileiros, pois, o Brasil não é um país que está em guerra, ou com perseguição política. Ainda assim, como o pedido leva muito tempo ─ normalmente anos ─ para ser finalizado, nesse período é concedido a autorização para trabalhar. Ao fim do processo, decidido na Justiça, caso a necessidade de asilo não seja expressa, estas pessoas são deportadas.

Paula ainda relata que, dependendo do caso, as pessoas detidas pela imigração ficar nos centros de detenção e são deportadas sem qualquer liberação.

Além disso, conforme a especialista, em algumas situações, as pessoas pegas pela imigração permanecem nos centros de detenção e são deportadas sem serem liberadas em nenhum momento. Conforme o Ministério das Relações Exteriores, o período de detenção varia de um a três meses e, apesar de nem sempre ser possível ligar, os brasileiros podem acionar o Consulado Brasileiro.

Pauta nas eleições

A eleição presidencial ocorre daqui cerca de quatro meses nos Estados Unidos, no dia 5 de novembro e, como todos os anos, a imigração e um tema-chave.

Especificamente neste ano, conforme pesquisas realizadas de fevereiro a abril pela Gallup, empresa global de análise e consultoria, os estadunidenses acreditam que esse é o maior problema que o país enfrenta, na frente inclusive de tópicos como economia, inflação, e o próprio governo.

Em fevereiro, a Universidade Monmouth realizou um estudo relatando que, entre 10 estadunidenses, 8 veem a imigração como um problema muito sério (61%) ou sério (23%). Ademais, 53% aprovam a construção de um muro na fronteira com o México, o que ocorre pela primeira vez desde 2015.

Outro levantamento, realizado pela Universidade Monmouth e divulgado em fevereiro, mostra que mais de oito em cada dez estadunidenses veem a imigração como um problema sério (23%) ou muito sério (61%).