Alerta no Mercado: Anvisa interdita venda de azeite “Ouro Negro”

Uma nova intervenção regulatória atingiu o mercado de alimentos nesta segunda-feira (20), com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinando a proibição total da venda, distribuição, importação e propaganda do azeite de oliva da marca “Ouro Negro”. A medida drástica foi oficializada através de publicação no Diário Oficial da União (DOU), acendendo um alerta sobre a fiscalização de produtos importados no país.

A justificativa central apresentada pela agência reguladora reside na desclassificação do produto pelo Ministério da Agricultura, que apontou a origem desconhecida do azeite. Em um setor onde a procedência e o controle de qualidade são cruciais para garantir a autenticidade e segurança do alimento, a falta de rastreabilidade clara representa uma falha grave que levou à intervenção imediata.

Irregularidades na importadora expõem falhas

A ação da Anvisa não se limitou apenas ao produto, mas se estendeu à empresa responsável pela entrada do azeite no território nacional. Foi identificada a Intralogística Distribuidora Concept Ltda como a importadora. Uma verificação adicional revelou que esta empresa possui o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) com situação suspensa junto à Receita Federal, adicionando uma camada de irregularidade administrativa ao caso.

Este cenário levanta questionamentos sobre os mecanismos de controle prévios à distribuição de produtos alimentícios no Brasil, especialmente aqueles oriundos de importação. O azeite, frequentemente visado por fraudes devido ao seu alto valor agregado, exige um rigoroso controle documental e laboratorial. A suspensão do CNPJ da importadora sugere que a companhia pode não estar em conformidade com obrigações fiscais e cadastrais básicas, o que fragiliza a cadeia de responsabilidade sobre o produto final que chega ao consumidor.


Post sobre a proibição de azeite de origem desconhecida (Foto: reprodução/X/@Metropoles)

Retirada do azeite “Ouro Negro” revela lacunas na fiscalização

A determinação da Anvisa abrange todos os lotes e locais onde o azeite “Ouro Negro” possa estar armazenado, exigindo a retirada imediata do produto das prateleiras para evitar penalidades. A agência reforça que a medida tem como objetivo proteger a saúde pública, diante do risco de adulterações ou contaminações associadas à ausência de controle sobre a origem do azeite.

A ausência de informações claras sobre a regularidade da empresa importadora e as circunstâncias da entrada do produto no país levanta dúvidas sobre os procedimentos de fiscalização e controle aplicados à importação de alimentos. O caso evidencia a importância de uma vigilância constante e rigorosa, especialmente em produtos com alto valor agregado e suscetíveis a fraudes, como o azeite.

MP será editada para garantir isenção fiscal para medicamentos importados 

Após erro do Congresso em relação a uma redação de projeto de lei, o governo editará medida provisória (MP) a fim de garantir isenção fiscal para medicamentos importados. 

Nova taxação de produtos

Recentemente, se tornou aprovada a lei que passou a taxar produtos importados de até US$ 50 (dólares) em 20%. Muitas dúvidas foram formadas entre advogados e tributaristas com relação ao texto da proposta, em especial sobre a taxação também valer para medicamentos, considerando que a lei pode se justapor a uma portaria do Ministério da Fazenda, que já havia determinado um imposto menor para medicações vindas do exterior.  

Em resposta às imprecisões, Alexandre Padilha, ministro de Relações Institucionais, afirmou que o governo iria editar uma medida provisória para certificar o proveito de remédios por lei, igualando o nível jurídico da isenção ao da taxação dos importados.  

Imposto sobre importados

O que ficou conhecido popularmente por “taxa das blusinhas” se deve ao imposto de 20% produtos abaixo de US$ 50 vendidos em plataformas de comércio eletrônico, especialmente vindas da Ásia, onde vendem importados de baixo custo.  


Imagem ilustrativa de cédulas reais e moedas (Foto: reprodução/ Freepik/ rafapress)

Na redação do projeto vinculado a taxação também foi incluído o desconto no pagamento do tributo para produtos do exterior de maior valor. Aqueles entre US$ 50 e US$ 3 mill apresentarão desconto final de US$ 20 sobre a quantia paga de imposto. 

Em exemplo, uma compra de US$ 1 mil recaíra sobre um tributo de 60% — equivalente à US$ 600 e em cima disso haverá um desconto de US$ 20. Tendo assim um valor pago em imposto cerca de US$ 580 e uma taxa de 58% ao final, com desconto. 

O tributo também poderá ser menor para produtos mais baratos. 

Em exemplos, para uma compra de US$ 60, recai uma taxa de 60% — equivalente a US$ 36. Em cima dos dólares resultante, desconto de US$ 20, tendo em conclusão uma quantia paga em impostos cerca de US$ 16 — equivalente a 26%. 

Taxação de importados caminha em linha de sanção

O atual governo está caminhando em linha reta para a aprovação da taxação de compras internacionais, o famigerado “taxa das blusinhas”.

Taxação

A comentada taxação de produtos internacionais já movimenta as redes desde o primórdio, quando foi citada em 2023 e mantida pelo governo Lula, agora, em reta final de aprovação. A taxa, que pretende cobrar a fração de 20% sobre o valor do produto a partir de julho, valendo apenas para produtos internacionais acima de US$ 50 (cerca de R$ 250) se torna cada dia mais real.

Espera-se que o projeto anexado de forma não relativa ao texto principal, ou seja, ao projeto de lei do programa nacional Mobilidade Verde e Inovação, não possua relação original com a “taxa das blusinhas”, mas ainda assim ele foi inserido em conjunto no mesmo texto e pode ser que seja sancionado pelo presidente Lula na próxima terça-feira (02).

O Ministério da Fazenda pretende fazer com que a taxa comece a ser aplicada de imediato após a sanção e que, segundo o doutor pela faculdade de Direito da USP, Fernando Zilveti, isso se dá pelo fato de ser um imposto regulatório, que se mantém sob plenos poderes da União regulamentados pela lei.

Manifestação pública

O presidente Lula, no entanto, se mostrou publicamente contra a taxação, mesmo que a regulação leve em peso o nome do seu governo, o chefe da república questionou o fato das classes mais baixas precisarem, novamente, sofrer com os impactos do imposto.

“Por que taxar US$ 50? Por que taxar o pobre e não taxar o cara que vai no ‘free shop’ e gasta US$ 1.000?”


Luiz Inácio Lula da SIlva, presidente do Brasil (reprodução/Getty Images embed/Buda Mendes)


Mesmo com a pública declaração de desafeto pela legislação, é improvável a chance de veto, uma vez que a sanção foi assumida pelo Planalto.

Programa Mover

Era previsto cerca 19,3 bilhões de reais em créditos financeiros pelo Programa Mover, que seriam arrecadados entre 2024 e 2028. Os valores seriam empregados pelas empresas do setor automotivo para abater impostos federais, em contrapartida, a investimentos de pesquisa e desenvolvimento, assim como projetos de produção.

Também era previsto um investimento de R$ 3,5 bilhões em créditos financeiros ainda neste ano para investimento de carbono livre. Além disso, também seria criado o Fundo Nacional para Desenvolvimento Individual e Tecnológico (FNDIT), com destinação de recursos.

O projeto, no entanto, tem validade já definida até 31 de maio e ficará suspenso até que haja a sanção da lei pelo governo.

Freio nos importados

A ideia da “taxa das blusinhas” tinha como força maior diminuir o nível de compras internacionais, que afetam diretamente o comércio local, uma vez que, subentende-se, que a compra de fora é uma retirada do que poderia ser nacional. Com a taxa de 20% espera-se que o impacto nacional possa regredir e que as compras internacionais se tornem menores.

Inicialmente, o impacto internacional seria ainda maior, já que a ideia era uma taxa de 60%, entretanto, por meio de negociações com o governo, ficou acordado em 20%.

Compras entre US$ 50 e 3 mil dólares se mantém como estavam: submetidas a 60% de taxas e US$ 20 de desconto.

Lula e Lira negociam taxação de importados até US$ 50

Nesta terça-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) se reuniram para debaterem o projeto que prevê a taxação de compras internacionais, cujos valores sejam inferiores a 50 dólares. Tais compras são taxadas apenas pelo ICMS, imposto estadual, atualmente.

Projeto Mover

Existe um projeto de autoria do Executivo que trata de incentivos a veículos sustentáveis, o “Mover”. Lira e alguns parlamentares querem retomar o imposto federal sobre as importações até 50 dólares, incluindo um dispositivo no Mover. Uma medida provisória com o mesmo conteúdo do projeto Mover perde a validade no próximo dia 31. Tal fato pressiona o governo a aprovar a proposta nas duas Casas ainda nesta semana.

A questão da taxação é muito polêmica. As empresas nacionais reclamam de uma competição injusta e pressionam os deputados a votarem pela taxação das compras internacionais. A população, do outro lado, pede pela continuidade da isenção das importações. A bancada está bastante dividida, principalmente em ano eleitoral.

Polêmica também envolve a base governista

A pauta divide inclusive a bancada governista. Parte da base do governo, parlamentares próximos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende a necessidade de ampliar a arrecadação. A taxação seria um instrumento fundamental para isso.


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com deputados federais (Foto: Reprodução/Instagram/@min.fazenda)


Após se reunir com o presidente, Lira disse que espera que o tema seja votado com “serenidade” e que acredita em “chegar a um meio termo”.

“Estive hoje com o presidente Lula tratando desse assunto. Ele deve estar com os ministros da economia para a gente chegar em um meio termo de gradação tanto de alíquota quanto de prazo. Nós queremos prejudicar ninguém. Tem setores, regiões que estão desempregando, porque não aguentam a concorrência que aparentemente não é saudável.”

Arthur Lira

O “Mover” deve ser votado ainda nesta terça-feira, de acordo com Lira, uma vez que o prazo para a medida provisória não perder a validade se encerra na próxima sexta. A proposta deverá ser debatida pelos deputados após a sessão do Congresso Nacional. Os senadores ainda precisam analisar o texto.