A pintora americana Emma Webster alega ter sido vítima de um golpe. A artista pensou ter vendido uma de suas obras para alguém que se passava pela cantora Lady Gaga. A negociação foi feita por e-mail. O suposto comprador enviou uma selfie de Gaga e pagou Webster integralmente. A transação, no entanto, parece ter sido forjada.
A negociação e venda aconteceram em 2022. Emma Webster recebeu uma mensagem de Stefani Germanotta, nome verdadeiro da cantora. No texto, a pessoa que entrou em contato dizia ser fã do trabalho da artista, além de declarar que pretendia ampliar sua coleção pessoal e incluir obras de artistas mulheres como Yayoi Kusama, Louise Bourgeois e outras. A mensagem foi enviada por um endereço de e-mail com o nome de um dos cachorros de Lady Gaga “ladyandkoji@gmail.com.”
A negociação
Na época da negociação, o trabalho de Emma estava em alta no mercado artístico, em contínuas exposições bem-sucedidas. A pintora respondeu a mensagem e ofereceu a pintura Happy Valley – uma obra de 2×3 metros com o uso de cores variadas e temática pastoral.
A obra Happy Valley, de Emma Webster, ilustra um cenário natural onde pode-se ver o céu de tons alaranjados ao fundo (Foto: reprodução/Instagram/@greenfamilyartfoundation)
O golpista aceitou comprar a obra, pediu um desconto e enviou uma selfie. Na foto, estava Lady Gaga, de suéter cinza e óculos escuros. A pessoa ainda afirmou que uma assistente ficaria responsável pelos detalhes do pagamento e envio. A transação de US$ 55 mil foi feita e a peça foi enviada à localização indicada. Webster ainda pediu para que sua obra não fosse revendida por ao menos cinco anos. O suposto comprador respondeu que nunca faria isso.
Lady Gaga veste suéter cinza e óculos pretos em selfie (Foto: reprodução/Instagram/@ladygaga.now)
O paradeiro do quadro
Dois anos após a venda da obra, em 2024, o pai de Webster identificou a peça em uma publicação da casa de leilões Christie’s, em Hong Kong. A artista, então, contatou o empresário da cantora, Bobby Campbell, que confirmou a fraude.
Ela não usa esse e-mail e não temos ninguém com o nome citado na mensagem. Sinto muito que você tenha sido enganada”, explicou.
Webster foi atrás de mais pistas sobre o local onde o quadro foi parar. A Christie’s declarou que a obra foi enviada por um galerista chamado Matt Chung, de Hong Kong. Chung afirmou ter adquirido a peça através do consultor de arte de Los Angeles John Wolf.
Tanto Chung quanto Wolf afirmaram não saber sobre a origem fraudulenta do quadro. Os dois também se declararam vítimas da situação. Chung propôs que Webster recebesse 30% do valor da venda da obra no leilão. A pintora recusou a oferta.
O caso se tornou uma disputa legal em que Matt Chung entrou com uma ação civil em Hong Kong. Ele alega ter um contrato válido com a casa de leilões e pede restituição do quadro. A Christie’s tem a posse da obra até que a Justiça decida a quem pertence.
O caso foi reportado às autoridades estadunidenses. O advogado de Webster, Thaddeus Stauber, afirmou que o FBI está na apuração do caso.
