Brasil regulamenta Lei da Reciprocidade e define regras para retaliação comercial

O governo brasileiro deu um passo importante na defesa de sua soberania e competitividade internacional ao regulamentar, por meio de decreto presidencial, a Lei da Reciprocidade Econômica. A norma, publicada no Diário Oficial da União em 15 de julho de 2025, estabelece critérios para que o país possa reagir de forma proporcional a medidas unilaterais adotadas por outros países ou blocos econômicos que prejudiquem o Brasil em áreas como comércio, investimentos e propriedade intelectual.

A legislação prevê a possibilidade de adoção de contramedidas em três situações principais: quando houver interferência externa nas decisões soberanas do Brasil; quando forem violados acordos comerciais firmados com o país; ou quando forem impostas exigências ambientais mais rigorosas do que aquelas praticadas internamente, sem acordo prévio. Essas ações podem incluir desde a suspensão de concessões comerciais até a aplicação de tarifas adicionais sobre produtos e serviços vindos do país que adotou a medida hostil.

Governo cria comitê para negociações

Para coordenar essas respostas, foi criado o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, presidido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O comitê é composto também por representantes da Casa Civil, da Fazenda e das Relações Exteriores, podendo contar com outros ministérios conforme o tema em análise.


Lula assina decreto da reciprocidade (Foto: reprodução/X/@LulaOficial)


Brasil define tipos de retaliação em nova lei

O decreto também diferencia dois tipos de resposta: as contramedidas ordinárias, que seguem um trâmite mais detalhado, e as provisórias, que podem ser adotadas com maior agilidade em situações excepcionais. Ambas visam proteger os setores nacionais mais afetados, priorizando áreas menos dependentes das importações do país alvo.

Embora o texto não mencione diretamente os Estados Unidos, a regulamentação ocorre em meio a tensões comerciais com o governo americano, que anunciou recentemente um aumento significativo nas tarifas sobre produtos brasileiros.

A nova lei oferece ao Brasil uma base legal sólida para reagir de forma estratégica e coordenada, fortalecendo sua posição nas negociações internacionais.

Tensão diplomática entre Brasil e EUA expõe divergências comerciais e políticas

Relações entre Brasil e Estados Unidos ganharam novos contornos nesta quinta-feira (17) após declarações cruzadas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O episódio começou com a divulgação de uma entrevista concedida por Lula à jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, na qual o presidente brasileiro afirmou que Trump não foi eleito para ser “imperador do mundo” e que o Brasil busca independência nas relações comerciais

Pronunciamento da Casa Branca

Horas depois, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, respondeu às declarações durante coletiva com jornalistas em Washington. Segundo ela, Trump exerce uma liderança forte e de alcance global, mas não pretende impor sua vontade sobre outras nações. A representante reforçou que o atual governo americano age em defesa dos interesses da população dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito à economia e à proteção de suas empresas.

“O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre. E vimos uma grande mudança em todo o globo por causa da liderança firme deste presidente”

Karoline Leavitt, disse

No mesmo pronunciamento, Leavitt comentou sobre a carta enviada recentemente por Trump ao presidente Lula, que comunicava a imposição de tarifas de 50% sobre determinados produtos brasileiros. A medida foi justificada por alegadas práticas que, segundo os norte-americanos, estariam prejudicando a competitividade das empresas dos EUA. Entre os pontos levantados estão a baixa proteção à propriedade intelectual, a regulação digital brasileira considerada desfavorável e a tolerância com o desmatamento ilegal na Amazônia.

Além das tarifas, Leavitt confirmou a existência de uma investigação comercial em andamento contra o Brasil, conduzida por um órgão do governo americano. A iniciativa visa avaliar se o país adota políticas que comprometem a equidade no comércio bilateral.


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemora Dia Internacional da Floresta Amazônica no Salão Nobre do Palácio do Planalto em Brasília (Foto: reprodução/Andressa Anholete/Getty Images Embed)


Declarações do Presidente Lula

Em resposta à carta, Lula declarou que inicialmente pensou se tratar de uma “fake news”, mas ressaltou que o governo brasileiro dará uma resposta “no momento certo”. Apesar da tensão, o presidente negou a existência de uma crise diplomática e destacou a tradição de diálogo entre as duas nações. Reforçou ainda que o Brasil valoriza negociações pacíficas e espera o mesmo comportamento por parte dos Estados Unidos.

“O Brasil valoriza as relações econômicas que tem com os EUA, mas o Brasil não aceitará nada imposto a ele de outro país. Aceitamos negociação, e não imposição.”

Presidente Lula, disse

O episódio marca mais um capítulo na complexa relação entre os dois países, que tentam equilibrar divergências políticas com interesses econômicos estratégicos.

Entenda os motivos que levaram o governo Trump a querer investigar o Pix

O presidente estadunidense Donald Trump solicitou abertura de investigação comercial contra o Brasil, na última terça-feira (15). Alegando práticas desleais, encarregou Jamieson Greer, Representante do Comércio dos EUA, de fiscalizar, entre outras coisas, o sistema de pagamento eletrônico brasileiro, Pix. Trump entende que este sistema prejudica empresas norte-americanas voltadas ao setor financeiro. 

Ainda que o comunicado não faça menção direta ao Pix, especialistas creditam a fala de Trump a este sistema aderido em massa, segundo dados do Banco Central, pela população brasileira. Conforme estudiosos do assunto e economistas, o sistema passou a vigorar como uma alternativa aos pagamentos realizados com cartões de crédito. Dessa forma, empresas voltadas a este setor, em sua maioria norte-americanas, deixaram de ser acessadas em detrimento desse novo formato de pagamento.

Teor da ação

Encarregado da investigação, Jamieson Greer, declarou à imprensa que “por ordem do presidente Trump” dará início a uma investigação fundamentada pela Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA. A ação, em suas palavras, visa os “ataques do Brasil às empresas americanas de redes sociais, bem como outras práticas comerciais injustas que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos americanos”.

Para Greer, “o Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, a promoção de seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”. Fazendo menção indireta ao Pix. 


Publicação sobre a investigação a ser feita pelo governo Trump referente ao Brasil (Foto: reprodução/X/@USTradeRep)

As falas do Secretário do Comércio dos EUA alinham-se aos discursos do presidente Donald Trump, que intensificou críticas ao Brasil e às decisões tomadas pelo governo brasileiro, alegando que os EUA, ao longo dos anos, têm sido prejudicados em sua relação comercial com o país. 

Além do Pix, o documento menciona o comércio popular brasileiro, principalmente ocorrido na rua “25 de março”, localizada no centro da capital paulista, e conhecida por vender produtos a preços acessíveis, atraindo compradores de todo o país. Segundo o governo estadunidense, o Brasil é falho em sua fiscalização por não tomar medidas eficientes para impedir que produtos “pirateados” sejam vendidos nesses centros, prejudicando os “direitos de propriedade intelectual” dos verdadeiros fabricantes. 

O documento trata, ainda, das relações comerciais entre o Brasil e demais países, as quais Trump classifica como injustas em relação às práticas comerciais entre EUA-Brasil. Outro ponto considerado é sobre áreas desmatadas por agricultores brasileiros de forma ilegal e que, conforme Donald Trump, prejudicam agricultores estadunidenses, uma vez que não seguem as devidas normas agrícolas para o plantio.

Resposta do governo brasileiro

 Ao saber do teor da investigação e que um dos pontos a ser questionados por Donald Trump é o sistema de pagamento eletrônico Pix, o governo brasileiro repudiou as falas do mandatário norte-americano alegando que  o sistema “seguro, sigiloso e sem taxas” e o “mais utilizado pelos brasileiros” faz parte da soberania do Brasil.


Publicação do governo brasileiro sobre o Pix em investigação dos EUA (Foto: reprodução/Instagram/@govbr)



Demais autoridades brasileiras, também, saíram em defesa da soberania nacional alegando que Donald Trump não pode interferir em assuntos comerciais e econômicos do país. Ao alegar que empresas norte-americanas têm sido prejudicadas pela forma como os brasileiros pagam suas contas, abrindo espaço para retaliação comercial, o presidente estadunidense realiza ações inaceitáveis a boa prática e a relação bilateral que possui com o Brasil, de acordo com membros do governo Lula.

 

Lula reage ao “tarifaço” de Trump em pronunciamento e defende soberania do Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou na data de ontem, quarta-feira (16), um pronunciamento a ser veiculado em rede nacional. A filmagem ocorreu no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente e será transmitida hoje à noite, quinta-feira (17), em horário nobre, à nação brasileira, reforçando a soberania do país.

Em seu pronunciamento, Lula abordará questões relacionadas às tarifas de 50% a serem aplicadas pelos EUA aos produtos importados brasileiros e reforçará que o país norte-americano, ao longo dos anos, alcançou superávit nas relações comerciais com o Brasil. 

Outra questão a ser abordada é referente ao processo judicial do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu. Lula ratificará a independência da justiça brasileira, rechaçando qualquer interferência externa aos órgãos julgadores da ação penal. 

Alinhando os discursos

O discurso do presidente brasileiro era aguardado desde que Donald Trump anunciou a sobretaxa ao Brasil na semana passada. No entanto, Lula decidiu aguardar o alinhamento dos discursos junto à sua base aliada, aos demais parlamentares e ao empresariado, para dar uma resposta concreta à população brasileira.

Importante ressaltar que, em pesquisa realizada pela Quaest, nos últimos dias, 72% dos entrevistados são contra as tarifas aplicadas pelo presidente estadunidense, enquanto 19% concordam com os atos de Trump. Os demais, 9%, não quiseram ou não souberam responder.


Pesquisa Quaest, veiculada ontem, quarta-feira (16), sobre o “tarifaço” do presidente Donald Trump contra o Brasil (Foto: reprodução/X/@profFelipeNunes) 



Além do pronunciamento do presidente Lula, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, enviaram na data de ontem, quarta-feira (16), uma carta assinada conjuntamente ao Departamento de Comércio dos EUA, reforçando a indignação contra as políticas tarifárias aplicadas por Donald Trump.

Carta conjunta aos EUA

Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil e Ministro do Desenvolvimento, e Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, em carta direcionada a Howard Lutnick, Secretário de Comércio dos EUA e a Jamieson Greer, Representante de Comércio estadunidense, contestam as declarações do governo Trump. No documento, reforçam que a aplicação tarifária terá impacto “muito negativo em setores importantes de ambas as economias”. 

As declarações das autoridades brasileiras seguem afirmando que a relação comercial bilateral entre as “maiores economias das Américas”, ao longo de décadas trouxe prosperidade ao Brasil e aos EUA. Ressalta, ainda, que a sobretaxa coloca “em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda” entre os países.


Carta conjunta do MRE e do MDIC do Brasil à autoridades estadunidenses (Foto: reprodução/X/@ItamaratyGovBr)

Na última terça-feira (15), o Governo Federal regulamentou o decreto de Reciprocidade Econômica, onde prevê igualdade tarifária a países que utilizam tarifas coercitivas contra a economia brasileira, a fim de proteger os interesses econômicos-comerciais da nação. O discurso do presidente Lula e a carta conjunta enviada ao governo estadunidense somam-se a estas e outras medidas tomadas por autoridades brasileiras, no intuito de coibir e encontrar uma solução referente a política tarifária dos EUA relacionadas ao Brasil.

Quaest: aprovação do governo Lula sobe, mas desaprovação permanece maior

A empresa de pesquisa Quaest divulgou nessa hoje (16) os resultados de seu último levantamento. Os dados indicam que 43% do eleitorado brasileiro aprova o terceiro mandato de Lula, enquanto 53%, não. Comparado ao relatório anterior, a atual investigação aponta uma oscilação na avaliação positiva de 3 pontos para cima e na negativa de 4 pontos para baixo, de modo que a diferença entre elas passou de 17 para 10 pontos. A margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos. O nível de confiança é de 95%.

Segmentos mais informados da população aumentam apoio ao governo

A avaliação do gestor petista no Sudeste, entre quem tem ensino superior completo e entre pessoas de 35 a 59 anos foi mais positiva do que na pesquisa anterior, realizada em junho. 


Comentário político da CNN Brasil destaca a importância da presença da equipe de comunicação do governo nas redes sociais (Reprodução/Youtube/CNN Brasil)


São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo”, disse o CEO da Quaest, Felipe Nunes, ao portal G1.

Ainda sob tal viés, 72% dos entrevistados consideram que o presidente americano, Donald Trump, está errado ao sobretaxar o Brasil devido a uma suposta perseguição política a Jair Bolsonaro.

Opinião popular de viés econômico é desfavorável

Apesar da melhora geral, a população desacredita na condução econômica do terceiro governo de Luís Inácio da Silva. Dos entrevistados, 46% considera que a economia piorou nos últimos 12 meses; 21%, que melhorou.  Quanto ao futuro, 43% acham que a economia brasileira vai piorar nos próximos 12 meses, enquanto 35% pensam que vai melhorar. Em junho, os números eram de 30% e 45%, respectivamente.

A pesquisa Quaest foi realizada entre os dias 10 e 14 de julho, com abrangência nacional, e ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais em diferentes regiões do Brasil.

EUA justificam inquérito para investigação formal contra o Brasil

Nesta terça-feira (15), o governo dos Estados Unidos anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. A motivação do inquérito seriam as práticas comerciais brasileiras, consideradas pelo país, como desleais. O inquérito está sendo conduzido pelo USTR (Representante de Comércio dos Estados Unidos), mas foi iniciado por orientação direta do presidente em exercício, Donald Trump. 

As principais áreas a serem investigadas são: comércio digital e serviços de pagamentos eletrônicos; tarifa preferencial aplicada a outros países (como México e índia); fortalecimento a anticorrupção no Brasil; proteção à propriedade intelectual; acesso ao mercado de etanol; e desmatamento ilegal. 

Setores investigados

Motivados pelas leis brasileiras impostas a plataformas digitais – que responsabilizam as redes pelos conteúdos postados nelas -, os EUA apontam que essas políticas atrapalham operações de empresas americanas no Brasil. De acordo com o USTR, existem ordens judiciais secretas para bloqueio de contas e remoção de conteúdos que afetam cidadãos americanos.

No âmbito das tarifas preferenciais, os norte-americanos dizem que o Brasil estaria dando vantagem nas tarifas de importação a parceiros estratégicos, como o México e a índia, o que também atrapalharia a economia americana. Segundo os agentes americanos, a tarifa média imposta sobre produtos vendidos por eles chega a ser de até 100%.

Os EUA apontam um retrocesso no combate à corrupção no Brasil, citando acordos judiciais pouco transparentes e intervenções que anulam condenações importantes por suborno. Segundo o USTR, a percepção do retrocesso cria uma insegurança para empresas norte-americanas.

Também é apontado pela investigação, falhas na proteção e fiscalização de direitos de propriedade intelectual no Brasil. Entre os problemas citados por eles, estão a demora na concessão de patentes, a ampla circulação de produtos piratas no país e uma falta de resposta considerada por eles suficiente à pirataria digital.

A tarifa brasileira para o etanol americano é de 18% e isso foi um dos motivos citados na investigação. Segundo o inquérito, houve uma queda de US$ 761 milhões para US$ 53 milhões nas exportações do etanol americano, decorrente do fim de um acordo bilateral entre os EUA e o Brasil.

O desmatamento ilegal também é citado no inquérito como um dos alvos da abertura. O governo Trump diz que 91% do desmatamento registrado no ano de 2024 ocorreu de forma ilegal, favorecido por falhas na fiscalização ambiental e sugestões de corrupção no setor madeireiro. A justificativa da investigação dessa área é de que a competitividade dos produtos de madeira e agrícolas podem ser prejudicados.


Publicação no perfil da USTR na rede X sobre o inquérito contra o Brasil (Foto: reprodução/X/USTradeRep)


Tarifas impostas pelo governo americano

O presidente norte-americano, Donald Trump, publicou na Truth Social – sua rede social – no dia 9, uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde ele anuncia que a partir de 1º de agosto, tarifas de 50% serão impostas às exportações brasileiras.

No documento, Trump diz que os números de trocas comerciais estão “longe” de serem recíprocas, acusando de haver um défice na economia americana. Ainda no documento, é citado o ex-presidente Jair Bolsonaro, onde Trump diz que a investigação contra ele é uma “caça às bruxas”.

Durante reunião nesta terça-feira com empresários, o governo Lula disse que não pretende aplicar a Lei de Reciprocidade em resposta às tarifas, mesmo que não haja negociação com os EUA até agosto.

Entidade empresarial americana defende negociação de Trump com o Brasil

Nesta terça-feira (15), a US Chamber of Commerce, que é a maior entidade empresarial dos Estados Unidos, lançou um comunicado, advertindo sobre os riscos ligados à taxação de 50% dos produtos brasileiros importados para os Estados Unidos. Foi afirmado que poderia ser uma medida prejudicial tanto para o Brasil, quanto para os EUA. A sugestão para resolver o caso foi de haver negociações sérias entre os dois países.

O anúncio da US Chamber of Commerce

A US Chamber of Commerce, junto com a Amcham Brasil, a maior câmara americana de comércio fora do país, emitiram uma nota em conjunto, explicando todas as consequências que a taxação de Donald Trump, em cima dos produtos brasileiros, poderiam ter, para ambas as nações.

Mais de 6.500 pequenos negócios nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, enquanto 3.900 empresas americanas investem no país. O Brasil é um dos dez principais mercados para as exportações dos Estados Unidos e o destino para aproximadamente US$ 60 bilhões em bens e serviços americanos todos os anos.

A US Chamber e a Amcham Brasil instam os governos americano e brasileiro a se engajarem em negociações de alto nível para evitar a implementação de tarifas prejudiciais. A imposição de tais medidas, em resposta a tensões políticas mais amplas, corre o risco de causar danos reais a uma das relações econômicas mais importantes dos Estados Unidos e estabelece um precedente preocupante.

A tarifa de 50% proposta impactaria produtos essenciais para as cadeias de suprimentos e os consumidores dos Estados Unidos, aumentando os custos para as famílias e reduzindo a competitividade das principais indústrias americanas”, declarou a US Chamber of Commerce, juntamente à Amcham Brasil, em uma nota, publicada nesta terça-feira (15).

A melhor solução encontrada, pelas duas entidades, para a crise entre os EUA e Brasil foi a de uma negociação séria, pragmática e construtiva, sendo apontadas as retaliações apenas como um último e extremo recurso para resposta das tarifas de Trump.

As tarifas de Trump

Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA, Donald Trump, decretou uma taxação de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA, que entrará em vigor no dia 1° de agosto. Ele revelou sua medida em uma carta, enviada ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.


Donald Trump em entrevistas com jornalistas fora da Casa Branca (Foto: reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)


Na carta, Trump revelou suas motivações para tomar essa medida drástica. Seu principal ponto de destaque foi a maneira a qual o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, está sendo tratado, comparando as ações do Supremo Tribunal Federal (STF), como uma “caça às bruxas “. O americano também destacou que os acordos econômicos entre Brasil e EUA haviam sido rompidos, o que foi desmentido.

Trump faz nova ameaça ao governo do Brasil e diz acompanhar de perto o julgamento de Bolsonaro

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, novamente faz ameaças ao atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As críticas do americano são principalmente direcionadas ao tratamento que o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tem recebido nos últimos anos.

De acordo com Trump, o julgamento de Bolsonaro, por suposta tentativa de golpe de estado, é injusto e um atentado contra a democracia brasileira.

Uma nova ameaça

O subsecretário para Diplomacia Pública da Secretaria de Estado dos EUA, Darren Beatie, em um post em seu perfil no X (antigo Twitter), expondo as novas ameaças de Trump ao governo brasileiro, após decretar uma taxação de 50% aos produtos importados do Brasil. O americano declarou que as ações do STF contra o ex-presidente, Jair Bolsonaro, eram consideradas antidemocráticas.


Post de Darren Beatie sobre o novo anúncio de Trump (Reprodução/X/@UnderSecPD)

Essa declaração de Trump foi emitida no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República irá apresentar as alegações finais do julgamento do ex-presidente do Brasil, acusado de tentativa de golpe de estado. O americano disse que estará acompanhando a situação de Bolsonaro de perto.

As tarifas de Trump

O presidente Donald Trump, anunciou na última quarta-feira (9), que iria aplicar uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros destinados aos EUA. Essa ação deve entrar em atividade à partir do dia 1° de agosto. O americano enviou uma carta para o presidente Lula, explicando o motivo da taxação.


Donald Trump falando em frente à mídia jornalística (Foto: reprodução/Al Drago/Bloomberg/Getty Images Embed)


Trump afirma que as tarifas impostas são devidas ao julgamento de Bolsonaro, que Trump disse ser um tipo de “caça às bruxas”, e um atentado à democracia brasileira. Ele também declarou que o Brasil está descumprindo os acordos comerciais com os Estados Unidos, algo que foi desmentido.

Após Trump aumentar tarifas Lula assina decreto que regulamenta “Lei de Reciprocidade”

Nesta segunda-feira(14), o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o decreto que regulamenta a chamada lei de reciprocidade, a medida foi apontada como resposta ao “tarifaço”, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

O que se espera é que estabeleça, os procedimentos que deverão ser adotados na criação de um comitê para discutir esses impostos que serão inseridos nas importações de produtos do Brasil pelos Estados Unidos da América. A decisão será publicada no diário oficial da união nesta terça-feira(15).

Entenda a situação

Donald Trump, recentemente, informou que a partir de agosto (2025) será inserido 50% em cima dos produtos brasileiros que serão exportados para os EUA. A decisão acabou sendo criticada pelo presidente Lula, que considera tudo isso uma retaliação política, pois para ele o governante norte-americano estaria tomando essa atitude em resposta às investigações feitas no caso da trama golpista. Trump já havia feito críticas a respeito do julgamento em questão.

O governo brasileiro anunciou, também, que haverá uma reunião em breve entre o governo federal e representantes do setor privado, para discutir como será a resposta a esse aumento das tarifas. O comitê interministerial, reunirá o ministério de desenvolvimento, indústria, comércio e serviços( MDIC), a casa civil e ainda, os ministérios da Fazenda e o das Relações Exteriores. Geraldo Alckmin organizará estas reuniões em blocos, sendo que em cada horário, trará grupos diferentes para discutir a respeito da situação.


Lula e Geraldo Alckmin no dia 14 de julho em reunião sobre a tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump (Foto: reprodução/Evaristo S.A/Getty Images Embed)


Como serão as reuniões

Conforme o vice-presidente informou, as reuniões serão parte de um trabalho vindo do comitê interministerial criado pelo presidente Lula. Na reunião, que se iniciará as 10h desta terça-feira (15), os setores convidados serão:

  • Aço
  • Aviões
  • Celulose
  • Móveis
  • Autopeças
  • Alumínio
  • Máquinas
  • calçados

A tarde, por volta das 14 horas, ocorrerá outra leva de conversas com convidados de mais alguns setores, entre eles:

  • Pescado
  • Couro
  • Mel
  • Frutas
  • Carne
  • Suco de laranja

Conforme Geraldo Alckmin disse, há cerca de dois meses, o Brasil chegou a enviar uma proposta para os EUA, porém não obteve resposta. A respeito da taxa de 50% o vice-presidente disse que não houve ainda um pedido para prorrogação.

Hillary Clinton critica Trump por taxar em 50% produtos brasileiros

A advogada e ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton se posicionou através da rede social Bluesky de forma contrária à escolha do presidente americano Donald Trump de taxar em 50% produtos brasileiros. Clinton afirmou que a medida, que começará a valer a partir do dia 1º de agosto, fará com que os estadunidenses paguem mais caro na carne bovina. Ela ainda disse que Trump quer “proteger seu amigo corrupto”, em referência à Jair Bolsonaro.

A advogada adicionou à postagem um link para uma matéria do New York Times. O título da publicação do jornal diz “Trump promete tarifa de 50% contra o Brasil, citando ‘caça às bruxas’ contra Bolsonaro”.

Carta para Lula

Em carta para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Donald Trump mencionou o processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado. O republicano também citou o que chamou de “ordens de censura às mídias sociais” para justificar a taxação.


Presidente americano Donald Trump (Foto: reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)


A tarifa de 50% sobre produtos do Brasil é a mais alta da série de taxações impostas por Donald Trump.

Trump defende Bolsonaro

O presidente americano já defendeu Jair Bolsonaro em outras postagens nas redes sociais. O republicano se referiu ao julgamento do STF como uma “caça às bruxas”. Trump já usou a expressão outras vezes para falar sobre seus próprios processos. Ele também apelou para que deixassem Bolsonaro “em paz”.


Publicação de Hillary Clinton no Bluesky (Foto: reprodução/Bluesky/@hillaryclinton.bsky.social)

Além de criticar as tarifas, Hillary Clinton também falou sobre as taxações que os “Republicanos no Congresso decidiram ceder o seu poder sobre a política comercial para ele (Donald Trump)”. Durante o governo Barack Obama, Clinton foi secretária de Estado dos Estados Unidos e representou o Partido Democrata nas eleições de 2016, quando Donald Trump foi eleito para seu primeiro mandato.