Silas Malafaia orientou Jair Bolsonaro a descumprir ordem do STF, segundo investigações da Polícia Federal

De acordo com a apuração da Polícia Federal (PF), divulgada nesta quarta-feira (20), o pastor Silas Malafaia estimulou o ex-presidente Jair Bolsonaro a descumprir ordens do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).  A investigação em curso indica que Malafaia teve papel ativo na articulação de publicações em redes sociais, mesmo após Bolsonaro ser proibido de utilizá-las por decisão judicial. 

Segundo o relatório, o pastor sugeriu os melhores horários para as postagens, indicou canais para amplificação das mensagens e ajudou a formular discursos com o objetivo de pressionar a opinião pública contra o STF, em uma possível tentativa de obstruir a Justiça e coagir autoridades.

A investigação 

A PET 14305 / DF, assinada em 18 de agosto (2025), pelo ministro Alexandre de Moraes indica que o pastor Malafaia atuou “de maneira deliberada e consciente, em alinhamento com os demais investigados”, em menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro. 

Para a PF, foram “estratégias voltadas à intimidação e à propagação de informações falsas”, inclusive, participando do “planejamento de ações coordenadas“, a fim de “pressionar membros do alto escalão do Poder Judiciário”, para “impedir que decisões do Supremo Tribunal Federal (STF)” contrariassem os interesses dos investigados.


Parte integrante da PETIÇÃO 14.305/DF, em curso no STF (Fotos: reprodução/STF)


Segundo a Polícia Federal, a atuação do pastor Silas foi além de conselhos. Em conversas analisadas pelos investigadores, o pastor orientou o ex-presidente sobre “o que dizer, como dizer e quando publicar”, demonstrando planejamento e intencionalidade. Para a PF, Malafaia aderiu a uma estratégia que violava decisões do ministro Alexandre de Moraes. 

A investigação concluiu que havia uma atuação conjunta, com ações deliberadas para manipular a opinião pública e fragilizar o sistema judiciário brasileiro, especialmente nas redes sociais, onde Bolsonaro, ainda, tinha grande influência.


Parte integrante da PETIÇÃO 14.305/DF, em curso no STF (Fotos: reprodução/STF)


Um dos episódios apontados pela PF envolve uma mensagem enviada por Silas Malafaia orientando Bolsonaro sobre como transformar o tema das tarifas impostas pelos EUA ao Brasil em uma bandeira política contra a Suprema Corte brasileira. Na mensagem, o pastor sugere que o ex-presidente use o discurso da “justiça e liberdade”, e declara que os ministros do STF se intimidariam com possíveis sanções a eles e suas famílias.

Inclusão no processo

Na data de ontem, quarta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou busca, apreensão e imposição de medidas restritivas contra o pastor Silas Malafaia. A decisão foi tomada com base em representação da Polícia Federal (PF) e com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Uma das medidas adotadas em desfavor do pastor Silas é a proibição de deixar o país, além de manter contato com Jair e Eduardo Bolsonaro. Houve, também, a apreensão do celular de Malafaia e de seus passaportes. 


Publicação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre medidas cautelares contra o pastor Silas Malafaia (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

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Conforme relatos, as investigações apontam que Malafaia teria agido como “orientador e auxiliar” nas ações de coação e obstrução promovidas por Jair e Eduardo Bolsonaro, com o objetivo de influenciar o andamento da Ação Penal 2668, referente aos “atos antidemocráticos”, que acusa o ex-presidente de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. 

Na decisão, o ministro Moraes, ressaltou que os diálogos entre Malafaia e Bolsonaro evidenciam “atos executórios claros” dos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de organização criminosa, configurando uma campanha criminosa orquestrada com ampla produção e divulgação de ataques ao Poder Judiciário 

Moraes desafia sanções dos EUA e reafirma firmeza no julgamento de Bolsonaro

Em entrevista, divulgada nesta segunda-feira (18), ao diário americano The Washington Post, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, reafirmou sua determinação em não recuar no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração ocorreu em meio a recentes investidas diplomáticas dos Estados Unidos, que impuseram sanções contra o Brasil e contra o próprio ministro, aumentando a tensão no cenário internacional. Segundo o ministro, o Supremo seguirá firme em seu papel de proteger a democracia brasileira, independentemente das pressões externas ou internas.

Moraes resiste

Na conversa com o jornal americano, Moraes foi enfático ao afirmar que o Supremo não se deixará intimidar pelo cenário diplomático adverso. “Não há a menor possibilidade de recuar um milímetro”, declarou. Ele também destacou que a Corte não permitirá manobras protelatórias de Bolsonaro: “O tribunal não permitirá que o réu faça dele motivo de chacota”. O ministro ressaltou ainda o compromisso com o devido processo legal: “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas e quem deve ser condenado será condenado; quem deve ser absolvido será absolvido”.

As declarações de Moraes ocorrem em um momento de tensão após o governo Trump impor medidas econômicas contra o Brasil, como o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, a revogação de vistos de ministros e opositores de Jair Bolsonaro. O ministro, alvo direto dessas medidas, disse que sua responsabilidade é “vacinar” a democracia brasileira contra riscos de retrocesso.

Julgamento de Bolsonaro ocorre em setembro

O julgamento de Jair Bolsonaro terá início no dia 2 de setembro de 2025, na Primeira Turma do STF, presidida por Cristiano Zanin e relatada por Alexandre de Moraes. A previsão é de que a análise se estenda por até cinco dias. O ex-presidente é acusado de arquitetar e movimentar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, além de também ser julgado por tentar abolir violentamente o Estado democrático de direito.


Bolsonaro é interrogado no STF em processo sobre tentativa de golpe em 2022 (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Getty Images Embed)


Especialistas apontam que Bolsonaro poderá ser condenado a penas que variam de dez a mais de 40 anos de prisão. Ele cumpre atualmente prisão domiciliar por descumprimento de medidas cautelares e corre risco real de ser enviado a um regime fechado.

Enquanto isso, a crise diplomática com os EUA se aprofunda. Além das sanções, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, tem atuado junto a autoridades americanas para tentar aumentar a pressão externa e criar um ambiente favorável ao pai.

Entre sanções e justiça

As declarações de Alexandre de Moraes ao diário Washington Post reforçam não apenas sua posição de guardião da Constituição, mas também o papel central do Supremo Tribunal Federal na preservação da democracia brasileira. Ao assumir publicamente que não pretende recuar diante de pressões externas ou internas, Moraes projeta a imagem de uma Justiça que busca resistir a retrocessos e reafirma a importância da independência do Judiciário em momentos críticos.

Bolsonaro alega inocência ao STF e nega plano para impedir posse de Lula

As alegações finais apresentadas na data de ontem, quarta-feira (13), perante o Supremo Tribunal Federal (STF), pela defesa de Jair Bolsonaro, manifestaram que o ex-presidente jamais tentou impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, vencedor das eleições presidenciais de 2022. As manifestações referem-se à ação penal 2668, da qual Bolsonaro é réu e responde por cinco crimes, entre eles “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito” e “golpe de Estado”. 

No documento, com cerca de 200 páginas, os advogados declaram que Bolsonaro sempre agiu favorável à democracia, reforçando esse compromisso como base em sua atuação política ao longo de sua carreira parlamentar, seja como deputado ou presidente da República.

Críticas à acusação

Um dos pontos mais rebatidos pela defesa do ex-presidente está no plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, além de possíveis vínculos com os chamados “Kids Pretos”, ligados aos “atos antidemocráticos” de 8 de janeiro de 2023. A defesa de Bolsonaro rebate as acusações e afirma que o próprio autor, o tenente‑coronel Mauro Cid, tem “delação premiada questionável”, levantando dúvidas sobre sua confiabilidade e à lisura do processo.


Acareação entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, réus no processo sobre os “atos antidemocráticos” de 2023 (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

Os defensores de Jair Bolsonaro, também, acusa a Procuradoria-Geral da República (PGR) de construir uma narrativa baseada em “interpretações distorcidas” e “atos descontextualizados”, informando que não há provas consistentes que sustentem estas acusações e nos autos não há indícios de que Bolsonaro tenha atentado contra poderes constitucionais ou instigado terceiros a agirem em seu favor. 

Para a PGR, Bolsonaro teria exercido papel central como líder de uma organização criminosa, sendo responsável por articular um golpe de Estado visando impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto; incitando seus apoiadores a atos inconstitucionais a fim de permanecer no poder. 

Condenação midiática

Outro ponto enfatizado pelos advogados do ex-presidente é a crítica à cobertura da imprensa. Conforme alegado, Bolsonaro afirma que vive sob um “massacre midiático”, onde boa parte dos veículos de comunicação o julgam como já condenado, antes mesmo do julgamento formal. Declarando que diversas matérias com “fontes não identificadas”, segundo ele, especulam até sobre sua futura prisão, configurando, na visão da defesa, um julgamento antecipado. 


Manifestantes na Praça dos Três Poderes, em Brasília, capital federal, em 08 de janeiro de 2023 (Fotos: reprodução/ Evaristo Sá/Ton Molina/Sergio Lima/Getty Images Embed)


Na parte final das alegações, os advogados de defesa classificam as acusações contra Jair Bolsonaro como absurdas e fundamentadas apenas em atos preparatórios que, conforme afirmam, não configuram crime sob a legislação brasileira. Além disso, declaram que o ex-presidente foi um agente de transição responsável e que buscou evitar o caos, especialmente em relação a incidentes como os bloqueios por caminhoneiros no fim de 2022. 

Com o encerramento das alegações finais na data de ontem, quarta-feira (13), a ação penal 2668 segue o rito processual, a ser concluído pela Primeira Turma do STF, formada por cinco ministros, incluindo Alexandre de Moraes como relator. A expectativa é que o presidente da turma, ministro Cristiano Zanin, marque uma data para o julgamento, prevista para setembro, onde será decretada a acusação ou absolvição dos réus.

Repercussão global: sanções a Moraes são destaque na imprensa dos EUA, Europa e América do Sul

A decisão do governo dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repercutiu em diversos veículos da mídia internacional. Na tarde de ontem, quarta-feira (30), com base na Lei Global Magnitsky, o presidente Donald Trump sancionou o magistrado, proibindo sua entrada no país, além de bloquear os bens e ativos que o ministro, caso possua nos EUA. 

O ato foi interpretado pela imprensa internacional como um agravamento das tensões diplomáticas entre os governos de Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva. Inclusive, representando um gesto político em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na Ação Penal 2668, relativa aos “atos antidemocráticos” de 08 de janeiro de 2023.

Repercussão nos Estados Unidos

O jornal “The New York Times”, sediado em Nova York, nos EUA, destacou que a medida marca uma “vitória de Bolsonaro” e relaciona a punição a tarifas já aplicadas por Donald Trump sobre produtos brasileiros importados pelo país. Para o jornal, a sanção contra Moraes sinaliza que os EUA estão dispostos a enfrentar o governo brasileiro, indicando uma nova fase do confronto bilateral.

O periódico também relembrou a atuação de Moraes no Supremo Tribunal Federal, classificando-a como uma tentativa de proteger a democracia, ainda que com decisões vistas como autoritárias por parte da oposição ligadas ao ex-presidente.


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao jornal The New York Times (Foto: reprodução/nytimes.com)

O também estadunidense,“ The Washington Post”, publicou que a punição agrava a hostilidade entre Brasil e EUA e que a medida ocorreu após pressão de aliados de Bolsonaro, incluindo seu filho, Eduardo Bolsonaro, deputado federal, atualmente morando nos EUA e próximo a Donald Trump. 

O jornal relatou que o relacionamento bilateral, de quase 200 anos, colapsou e agora vive um momento de “hostilidade aberta”. Segundo o veículo, a iniciativa é uma interferência direta na política interna do Brasil, relembrando que o ex-presidente Jair Bolsonaro é julgado por tentativa de Golpe de Estado contra a democracia brasileira.

Europa e América do Sul

O britânico “The Guardian” salientou o impacto político da decisão. Segundo a publicação, aliados do presidente Lula veem as sanções como um ataque à democracia, enquanto apoiadores do ex-presidente comemoraram e consideram a medida como um endosso à defesa de Jair Bolsonaro.

Já o francês “Le Monde” fez uma cronologia dos fatos, relatando antecedentes do conflito e ligando a decisão de Donald Trump diretamente ao julgamento de Bolsonaro e ao papel, segundo o jornal, controverso de Alexandre de Moraes no combate à desinformação.

A publicação destacou que Trump já havia retaliado o Brasil com restrições de vistos e tarifas comerciais, alegando perseguição política ao ex-presidente. Conforme a publicação, o ministro Alexandre de Moraes se tornou um símbolo da polarização política brasileira: ao mesmo tempo que é elogiado por uns, é criticado por outros.


Jornal francês, Le Monde, sobre sanções aplicadas ao ministro Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/lemonde.fr)

A rede portuguesa “SIC Notícias” afirmou que o governo dos EUA justifica a medida com base em “graves violações de direitos humanos” associadas à atuação de Moraes no STF. Conforme a matéria, as sanções aplicadas a Moraes são parte de uma escalada diplomática e comercial, antes que as tarifas impostas ao Brasil por Donald Trump entrem em vigor. A emissora, também, aponta que a medida é mais um episódio de tensão entre os governos de Trump e Lula e alerta que os impactos de tais sanções ante a política externa brasileira são imprevisíveis.


Jornal argentino Clarín e a repercussão sobre sanções de Donald Trump ao ministro do STF, Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/clarin.com)

O jornal argentino “Clarín” considerou a sanção como “dobrar a aposta”. Conforme a publicação, Donald Trump ao se opor ao governo Lula fez um gesto de retaliação direta ao julgamento de Bolsonaro. Para o jornal, trata-se de um movimento que eleva o nível do embate político-diplomático. A publicação menciona, ainda, que desde o início de julho de 2025, Trump tem intensificado exigências políticas contra o Brasil, e que tensões bilaterais atingiram um novo patamar com a punição a Alexandre de Moraes.

Brasil no mundo

Ao aplicar sanções ao ministro, Alexandre de Moraes e, também, sobretaxas comerciais, as medidas adotadas pelo governo dos EUA, são vistas por parte da imprensa internacional como uma interferência direta em assuntos internos de outro Estado soberano, o que pode desgastar a imagem estadunidense em temas ligados aos direitos humanos e democracia.


Publicação da Embaixada dos EUA no Brasil informando sobre as sanções aplicadas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes (Foto: reprodução/Instagram/@embaixadaeua)


Por outro lado, a repercussão internacional das sanções contra o magistrado pode apresentar uma imagem de instabilidade institucional brasileira. Conforme os conteúdos publicados, um ministro da Suprema Corte, ser alvo de punições por parte da maior potência econômica mundial, levanta questionamentos sobre uma possível crise democrática no Brasil. Inclusive, expõe globalmente a polarização política interna brasileira. Para especialistas, o Brasil pode passar a impressão de fragilidade nas instituições, podendo comprometer sua reputação.

Bolsonaro culpa Lula e Moraes por tensão com EUA

As críticas do ex-presidente em meio a medidas judiciais inéditas como o uso de tornozeleira eletrônica, mostram um ambiente político cada vez mais polarizado e ao envolver os Estados Unidos na questão, transformam uma investigação interna em um potencial conflito diplomático.   

Entrevista e Investigação 

Nesta Sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista à Reuters, nela Bolsonaro afirmou que quem está estimulando as tensões entre Brasil e Estados Unidos é o atual presidente do país, Lula, e o ministro Alexandre de Moraes, ele ainda afirmou que a Suprema Corte tem “poder demais’ e “perdeu a mão”.

Já o Ministro Alexandre de Moraes afirmou que o ex-presidente está “atuando dolosa e conscientemente de forma ilícita, conjuntamente com o seu filho, Eduardo Bolsonaro, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro”

Com tudo também nesta Sexta (18), Moraes enquanto ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a operação da Polícia Federal após parecer favorável da PGR (procuradoria-Geral da República) em que Bolsonaro é acusado dos crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataque à soberania nacional.

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Bolsonaro em depoimento no STF (Foto: Reprodução/Arthur Menescal/Getty imagens Embed)

Repercussão interna e externa

 Após operação da PF que cumpriu mandados de busca e apreensão  na casa de Bolsonaro e na sede do PL, o então ex-presidente acabou com uma tornozeleira eletrônica, com base em uma decisão do STF que também proíbe o contato com autoridades estrangeiras, outros investigados na operação e o uso de redes sociais. 

No cenário internacional Trump, atual presidente dos Estados Unidos, promoveu uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como suposta resposta ao tratamento judicial que Bolsonaro está recebendo em processo que é réu, em carta o presidente americano diz que o aliado é alvo de ataques de um sistema injusto e que o julgamento precisa parar.

Já em resposta a Donald Trump, Lula classificou a atitude do presidente americano como “chantagem inaceitável” e afirmou ainda que “o Brasil é soberano e não aceitará interferência de nenhum país”. Ele ressaltou também que o Poder Judiciário é um órgão independente.

Apesar do governo tentar preservar a soberania nacional, a repercussão internacional e os reflexos econômicos – como a ameaça de tarifas de Trump – evidenciam que esse processo vai muito além da política nacional e atinge diretamente os interesses do país no cenário global.  

Gonet conclui parecer e deve pedir condenação de Bolsonaro e aliados 

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deverá encaminhar à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) até a próxima segunda-feira (14), data limite, parecer decisivo em relação à ação penal 2668, que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 30 réus. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e outros quatro ministros terão até setembro deste ano (2025) para concluir o caso.

Decisão de Gonet 

Nos bastidores, os advogados dos réus acreditam que o parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) será rigoroso. Mesmo após a decisão do presidente estadunidense, Donald Trump, em taxar os produtos brasileiros importados pelos EUA em 50%, como forma de pressionar autoridades do Brasil, inclusive, pela ampla anistia dos julgados nos atos antidemocráticos de 08 de janeiro de 2023, entende-se que Gonet seguirá o rito processual, com base nas provas colhidas até o momento, solicitando a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A pressão pela anistia dos réus tem se intensificado ao longo dos últimos dias. O ex-presidente Jair Bolsonaro, seus filhos Eduardo e Flávio, além de aliados e parlamentares, tem realizado diversas publicações em suas redes sociais alegando perseguição política. Com o apoio do presidente dos EUA Donald Trump uma “guerra de narrativas”, contra e a favor do ex-presidente, fortalece a polarização política no Brasil.


Publicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, sobre o apoio recebido do presidente estadunidense Donald Trump (Foto: reprodução/X/@jairbolsonaro)

No entanto, além de Bolsonaro, outros sete réus considerados parte integrante do “núcleo 1” ou “núcleo crucial” da ação podem ser condenados pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado, grave ameaça contra o patrimônio da União, além de organização criminosa armada. Ao todo, neste processo, 30 pessoas estão sentadas no banco dos réus.

Condenação

A defesa dos réus entende que Paulo Gonet apresentará, em seu parecer, uma pena alta a ser cumprida por Bolsonaro. Levando em consideração que as denúncias oferecidas pela PGR apontam o ex-presidente como líder do que eles chamam de “atos golpistas”, o pedido de Gonet optará por uma pena entre 20 a 30 anos, inicialmente em regime fechado. A percepção dos advogados baseia-se em outras penas aplicadas pelo STF até o momento a outros réus condenados, os quais não tiveram papel crucial na ação.


Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, em depoimento no STF em 09 de junho de 2025 (Fotos: reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg/Getty Images Embed)


A decisão de Paulo Gonet, será conhecida na íntegra nos próximos dias e leva em consideração não só as provas iniciais, mas também os depoimentos colhidos ao longo do julgamento. Tanto os depoimentos das testemunhas de defesa quanto das testemunhas de acusação foram essenciais para a elucidação do caso, conforme informou a PGR. Indicando que a pressão do presidente Donald Trump, feita nos últimos dias, não será levada em conta pelas autoridades brasileiras julgadoras da ação penal 2668.

Cid afirma que Bolsonaro “enxugou documento” com o único objetivo de prender Moraes

Nesta segunda-feira(9), o coronel Mauro Cid, que também já trabalhou com o ex-presidente, disse que Jair Bolsonaro recebeu a chamada “minuta do golpe”, e editou. Ele disse o seguinte quando questionado se o direitista havia lido o documento, disse “sim, senhor, recebeu e leu”. O ex-ajudante do antigo do governante que presidiu o país de 2019 até 2022, lembrou que não estava presente na sala, aonde foi feita as alterações do documento da minuta, junto o seu assessor Felipe Martins, mais que após isso mostraram a documentação para ele, onde estiveram mostrando.

“Enxugou o documento”

Conforme Mauro Cid informou em depoimento, o então ex-presidente do Brasil teria enxugado o documento, em citação o ex-ajudante da presidencia disse o seguinte:

Ele enxugou o documento, retirando basicamente as autoridades das prisões, somente o senhor ficava como preso”, disse o relator se referindo a que somente seria preso Moraes, quando prestou depoimento na tarde desta segunda-feira(9).


Mauro Cid no dia 24 de Agosto de 2023 participando de uma sessão que investiga os atos anti-democraticos ocorridos no dia 8 de Janeiro de 2023 (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty images Embed)


Os réus do “Núcleo crucial”

Se iniciou neste dia 9 de junho, os interrogatórios com os réus que fazem parte do “núcleo crucial” do julgamento, da ação penal que apura o julgamento da tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022
  • Anderson Torres, ex-ministro da justiça
  • Almir Garnier, ex-comandante da marinha
  • Mauro Cid, ex-ajudante das ordens da presidência
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI

Os interrogatórios ocorreram durante os cinco dias dessa semana, se iniciando no dia 9 e terminando na data do dia 13 de junho de 2025

Redes sociais de Carla Zambelli estão bloqueadas por determinação judicial 

Por determinação judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta tarde de quarta-feira (04), as grandes empresas de tecnologia, responsáveis pelas principais redes sociais, bloquearam os perfis ligados à deputada federal Carla Zambelli. Além da parlamentar, os perfis da mãe e do filho da deputada, Rita Zambelli e João Zambelli, respectivamente, também foram bloqueados. 

Transferência de titularidade

O bloqueio é válido em todo o território nacional e foi acatado pelas empresas dentro do prazo de duas horas estabelecido pelo ministro. Em sua decisão, Alexandre de Moraes estabeleceu multa diária de R$ 100 mil reais em caso de descumprimento. Além de uma multa a ser aplicada à Zambelli, de R$ 50 mil reais, caso faça novas publicações, seja em outras contas criadas por ela ou em contas de terceiros. 

Carla Zambelli, que informou estar fora do país para tratamento médico, transferiu no início desta semana a titularidade de suas contas nas redes sociais, à mãe e ao filho, temendo ser “silenciada” por decisão da justiça. No entanto, o bloqueio se estendeu a estes familiares também. 


Conta retida da deputada federal Carla Zambelli na rede social X, antigo Twitter (Foto: reprodução/X/@zambelli2210)

A partir de agora, as contas em nome dos envolvidos nas redes sociais: X (antigo Twitter), Linkedin, YouTube, Facebook, Instagram e Tik Tok ao serem acessadas, apresentam a mensagem de conta retida por determinação judicial. Até o presente momento não houve manifestação por parte da assessoria de imprensa da parlamentar sobre o assunto.

Oposição italiana

A prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli foi solicitada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e aceita pelo ministro Alexandre de Moraes na tarde desta quarta-feira (04). A parlamentar havia sido condenada em maio (2025), a 10 anos de prisão e perda de mandato por envolvimento no caso do hacker Walter Delgatti, sobre a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).


Carla Zambelli, deputada federal (Foto: reprodução/Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)


Carla Zambelli, que está nos EUA, pretende buscar refúgio na Itália informando que lá ela “é intocável“, uma vez que possui cidadania italiana. No entanto, o deputado italiano de oposição, Angelo Bonelli, informou que busca junto ao governo do país medidas para poder extraditar a parlamentar brasileira. Segundo declarou Bonelli, “a Itália arrisca se tornar um paraíso para golpistas”, ressaltando que Zambelli foi condenada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro.

Alexandre de Moraes decreta prisão preventiva de Carla Zambelli

O ministro do Supremo do Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira (04), determinou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli. O pedido feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) na data de ontem foi aceito por Moraes. Além de ser incluída na lista vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), Zambelli teve seus vencimentos parlamentares bloqueados e, também, a solicitação de bloqueio dos seus passaportes.

A deputada federal foi condenada em maio (2025), por unanimidade pela Primeira Turma do STF, a 10 anos de prisão com a perda do mandato parlamentar. A sentença refere-se ao caso relacionado à invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos. 

Carla Zambelli nega as acusações e entrou com pedido de recurso contra a sentença, a qual julga ser parcial. Uma vez que, segundo a deputada, não teve direito a ampla defesa e informa que a sentença se baseou na acusação do hacker Walter Delgatti, condenado no mesmo processo a 08 anos de prisão. 

Saída do Brasil 

Na data de ontem, terça-feira (03), Carla Zambelli informou que estava fora do país para a realização de tratamento médico. A deputada declarou estar nos EUA, em Miami. Ao término do tratamento, Zambelli seguiria para a Itália, onde possui cidadania. De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), Zambelli deixou o Brasil através da fronteira com a Argentina, pela cidade de Puerto Iguazu, seguindo para a capital argentina, Buenos Aires. De lá, pegou um voo rumo a Miami.

Em entrevista exclusiva dada à CNN, Zambelli declarou que por ser cidadã italiana buscará refúgio no país e que na Itália ela é “intocável”. Ainda, segundo a deputada, a justiça brasileira poderá expedir mandado de prisão encaminhado às autoridades italianas, a qual poderá ou não acatar o pedido de prisão e extradição.


Entrevista exclusiva da deputada federal Carla Zambelli à CNN (Vídeo: reprodução/Youtube/@CNNbrasil)


Em suas falas, Zambelli reafirma ser inocente e vítima de perseguição por parte das autoridades brasileiras e adversários políticos. Reiterou, ainda, que pretende retornar ao Brasil para se defender. Contudo, atrelou sua volta ao país, quando, segundo a parlamentar, “o Brasil for uma democracia novamente”. 

Bloqueio das redes sociais 

Além das ações decretadas contra a Deputada Carla Zambelli, o ministro do STF Alexandre de Moraes solicitou, também, o bloqueio das redes sociais da mãe da deputada, Rita Zambelli, e do filho da parlamentar, João Zambelli. Em sua decisão, Mores enviou comunicado às principais Big Techs e redes sociais, como LinkedIn, Tik Tok, Meta, X, YouTube e Telegram determinando o bloqueio dessas contas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil reais. 


Publicação sobre o mandado de prisão expedido pelo STF, juntamente com a solicitação dos bloqueios das redes sociais utilizadas por Carla Zambelli (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

O jornalista Gustavo Uribe, informou com exclusividade nesta tarde de quarta-feira (04), que a Deputada Carla Zambelli condenou esses bloqueios, informando que a decisão é “monocrática” e “inconstitucional”. Ainda, segundo Zambelli, ela denunciará as ações de Alexandre de Moraes em todos os lugares e essa atitude, será só o começo.

Nas redes sociais a polarização política vivida no país fomenta reações a favor e contrárias à decisão do ministro. Muitos apoiadores da parlamentar utilizaram suas redes para demonstrar apoio à Zambelli, validando o discurso de perseguição política. Agora, fica a cargo da Interpol realizar a prisão da parlamentar que pode ser ou não acatada pelo país onde Zambelli estiver e extraditá-la ao Brasil.

Testemunhas de Mauro Cid depõem ao STF sobre atos antidemocráticos

A primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta quinta-feira (22), colheu depoimentos das testemunhas de defesa vinculadas ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Por videoconferência, os ministros interrogaram os oito indicados sobre questões relacionadas aos atos praticados em Brasília, DF, em janeiro de 2023.

Uma das testemunhas de defesa, o general Edson Ripoli declarou Cid como um funcionário leal, correto e obediente aos seus comandantes.

 “Todas as missões que dei pra ele ele cumpriu muito bem. Naquele ano em que trabalhei com ele, ele foi leal e correto.” General Edson Ripoli

Além das alegações sobre a obediência de Cid, as testemunhas de defesa, também, negaram qualquer menção do ex-ajudante de ordens sobre ações que visassem impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. 

O ministro Alexandre de Moraes permaneceu como  relator do caso. Os demais ministros que integram a primeira turma são: Cristiano Zanin, Carmen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.

As testemunhas 

Conforme o rito processual, as primeiras testemunhas a serem ouvidas são as testemunhas de acusação. Fato ocorrido na última segunda-feira (19). Na data de hoje, quinta-feira (22), foram ouvidas as testemunhas de defesa de Mauro Cid. 

Os oito indicados pelos advogados de defesa, são militares com cargos que variam de sargento a general.  São eles: Adriano Alves Teperino, Edson Dieh Ripoli, Fernando Linhares Dreus, Flávio Alvarenga Filho, João Batista Bezerra, Julio Cesar de Arruda, Luís Marcos dos Reis, Raphael Maciel Monteiro. 


Publicação sobre a audiência ocorrida nesta data, quinta-feira (22), no STF (Vídeo: reprodução/X/@JovemPanNews)

Mauro Cid e mais outros sete, foram indiciados pela Procuradoria Geral da República (PGR) e tornados réus pela Primeira Turma do STF em 26 de março (2025). Entre os crimes estão:  tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Rito processual

Um dos réus na ação é o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, que poderá apresentar, também, suas testemunhas de defesa perante o STF. Ao todo, segundo consta, são 82 testemunhas relacionadas aos oito réus do núcleo 1 ou núcleo crucial. 

Nas audiências, o interrogatório é conduzido pelos advogados, porém, ministros e procuradores gerais também realizam perguntas a fim de colher o maior número de informações possíveis para a elucidação dos fatos.

Finalizado os depoimentos de todas as testemunhas, tanto de defesa quanto de acusação, os réus deverão ser ouvidos. Só então, a Primeira Turma do STF poderá optar pela absolvição ou condenação deles.