Droga 40 vezes mais potente que o Fentanil: Nitazeno é encontrado por pesquisadores

Na revista Forensic Science International: Reports, intitulada “Opioides sintéticos ilícitos no Brasil: A chegada dos nitazenos”, foi mencionado que este é o primeiro relato consistente de apreensões de nitazeno no Brasil.

O nitazeno é um opioide, ou seja, uma substância altamente analgésica. Opioides têm origem natural, principalmente da planta papoula, como a morfina, amplamente usada na medicina para aliviar a dor.

Modificações e comércio ilegal

Para aumentar seu potencial, cientistas começaram a criar versões semissintéticas ou completamente sintéticas, como a heroína, do fentanil e do nitazeno. O fentanil é extremamente importante em hospitais, mas seu uso fora desses ambientes e recreativo tornou-se uma das principais causas de morte nos EUA.


nitazeno, um analgésico opioide sintético (Foto: reproduçao/instagram/@portalnovonorte)

Segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os nitazenos foram modificados como uma alternativa à morfina. No entanto, devido à sua alta potencialidade de causar overdose, nunca foram aprovados para uso e acabaram sendo comercializados diretamente no mercado ilegal.

Preocupação para o país

Os opioides causaram mais da metade das mortes por overdose nos Estados Unidos em 2023, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), tornando-se uma preocupação significativa para o país.

Um dos maiores culpados é o fentanil, sendo 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais potente que a morfina.

O artigo foi escrito pelo professor de Medicina de Emergência da Universidade de Virgínia, nos EUA, Christopher P. Holstege. Ele afirmou que o nitazeno pode ser de 10 a 40 vezes mais potente que o fentanil.

Brasil em alerta

Um estudo recente realizado por pesquisadores brasileiros mostra que, ao longo de quase um ano, foram analisadas 140 amostras de opioides pela polícia de São Paulo. Dentre essas amostras, 133 continham nitazeno, correspondendo a 95% do total, enquanto apenas 5% continham outros opioides. Eles também destacaram que quase todas as amostras de nitazeno foram encontradas em combinação com outras substâncias.

Perigo: analgésicos sem supervisão médica podem levar à morte

Em meio ao crescente número de mortes por uso indevido de analgésicos como cetamina e morfina, é importante que as pessoas tenham consciência de que esses medicamentos só podem ser tomados sob vigilância profissional, é um ponto de destaque afirmado pelo toxicologista Álvaro Pulchinelli em entrevista à CNN Brasil, alegando que esse tipo de analgésico pode facilmente resultar em fatalidade se não for feito corretamente.

Automedicação e riscos à saúde

O uso indevido de analgésicos vendidos sem receita médica – como paracetamol, diclofenaco e ácido acetilsalicílico – representa ameaças adicionais. O paracetamol pode causar danos ao fígado que podem ser fatais em casos graves, o uso de ácido acetilsalicílico pode desencadear sangramento intestinal que causa anemia, enquanto o diclofenaco tem maior probabilidade, em comparação com outros, de resultar em ataques cardíacos.

Nos Estados Unidos, 16,5 mil pessoas morrem a cada ano devido ao uso inapropriado de medicamentos para dor e inflamação. O paracetamol, por exemplo, causa 80 mil hospitalizações a cada ano. Um estudo da Universidade de Edimburgo mostrou que mesmo pequenas doses podem causar danos graves ao fígado.

Ketamina e morfina: perigos do uso sem controle

A ketamina, originalmente usada para finalidade veterinária, tem efeitos alucinógenos que podem causar depressão do sistema nervoso central, levando à sonolência, apatia e, em alguns casos graves, coma.

Em algumas pessoas, há um potencial alucinógeno. Em doses excessivas, ela pode matar por depressão do músculo do coração, do miocárdio”, explica Pulchinelli.


Foto destaque: A ketamina é prescrita para tratamento contra a depressão em alguns casos (Reprodução/RJ Sangosti/MediaNews Group)

A morfina, por sua vez, é um analgésico muito potente, utilizado de forma abundante na medicina. Apesar do seu grande uso, também apresenta riscos. “Ela vai deprimindo os centros respiratórios, o que programa o nosso organismo a continuar respirando”, acrescenta o toxicologista. Além disso, a morfina pode causar inchaço agudo nos pulmões, dificultando a respiração.


Morfina, medicamento utilizado em tratamento de dores crônicas (Foto: reprodução/CNB Brasil)

Uso controlado e alternativas

A fim de evitar esses riscos, os analgésicos devem ser usados ​​sob orientação médica e nas doses recomendadas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regula com bastante rigor as vendas de substâncias controladas, como a ketamina e morfina, mas podem ocorrer desvios criminosos e falsificações.

Especialistas da área também recomendam outros métodos alternativos para o alívio da dor, como acupuntura e dieta rica em ômega-3, que podem ajudar no processo de redução da inflamação dos tecidos. Além disso, evitar exercícios físicos excessivos e manter uma prática regular e moderada podem fortalecer o corpo e ajudar na prevenção de lesões.

A automedicação pode levar à tolerância que pode exigir doses cada maiores para trazer alívio da mesma magnitude – e à dependência física ou psicológica em casos como os opioides. Por isso, quando a dor dura mais de dois ou três dias, é sempre fundamental consultar um médico para avaliação e tratamento adequado, caso seja necessário.

Os analgésicos ainda são ferramentas importantes no controle da dor, mas seu consumo precisa ser feito com cuidado e sob a supervisão de um médico. O uso inadequado pode levar a danos graves e permanentes, e a supervisão profissional pode garantir o uso seguro e otimizado desses medicamentos, de modo a preservar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.