Em meio ao crescente número de mortes por uso indevido de analgésicos como cetamina e morfina, é importante que as pessoas tenham consciência de que esses medicamentos só podem ser tomados sob vigilância profissional, é um ponto de destaque afirmado pelo toxicologista Álvaro Pulchinelli em entrevista à CNN Brasil, alegando que esse tipo de analgésico pode facilmente resultar em fatalidade se não for feito corretamente.
Automedicação e riscos à saúde
O uso indevido de analgésicos vendidos sem receita médica – como paracetamol, diclofenaco e ácido acetilsalicílico – representa ameaças adicionais. O paracetamol pode causar danos ao fígado que podem ser fatais em casos graves, o uso de ácido acetilsalicílico pode desencadear sangramento intestinal que causa anemia, enquanto o diclofenaco tem maior probabilidade, em comparação com outros, de resultar em ataques cardíacos.
Nos Estados Unidos, 16,5 mil pessoas morrem a cada ano devido ao uso inapropriado de medicamentos para dor e inflamação. O paracetamol, por exemplo, causa 80 mil hospitalizações a cada ano. Um estudo da Universidade de Edimburgo mostrou que mesmo pequenas doses podem causar danos graves ao fígado.
Ketamina e morfina: perigos do uso sem controle
A ketamina, originalmente usada para finalidade veterinária, tem efeitos alucinógenos que podem causar depressão do sistema nervoso central, levando à sonolência, apatia e, em alguns casos graves, coma.
“Em algumas pessoas, há um potencial alucinógeno. Em doses excessivas, ela pode matar por depressão do músculo do coração, do miocárdio”, explica Pulchinelli.
A morfina, por sua vez, é um analgésico muito potente, utilizado de forma abundante na medicina. Apesar do seu grande uso, também apresenta riscos. “Ela vai deprimindo os centros respiratórios, o que programa o nosso organismo a continuar respirando”, acrescenta o toxicologista. Além disso, a morfina pode causar inchaço agudo nos pulmões, dificultando a respiração.
Uso controlado e alternativas
A fim de evitar esses riscos, os analgésicos devem ser usados sob orientação médica e nas doses recomendadas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regula com bastante rigor as vendas de substâncias controladas, como a ketamina e morfina, mas podem ocorrer desvios criminosos e falsificações.
Especialistas da área também recomendam outros métodos alternativos para o alívio da dor, como acupuntura e dieta rica em ômega-3, que podem ajudar no processo de redução da inflamação dos tecidos. Além disso, evitar exercícios físicos excessivos e manter uma prática regular e moderada podem fortalecer o corpo e ajudar na prevenção de lesões.
A automedicação pode levar à tolerância que pode exigir doses cada maiores para trazer alívio da mesma magnitude – e à dependência física ou psicológica em casos como os opioides. Por isso, quando a dor dura mais de dois ou três dias, é sempre fundamental consultar um médico para avaliação e tratamento adequado, caso seja necessário.
Os analgésicos ainda são ferramentas importantes no controle da dor, mas seu consumo precisa ser feito com cuidado e sob a supervisão de um médico. O uso inadequado pode levar a danos graves e permanentes, e a supervisão profissional pode garantir o uso seguro e otimizado desses medicamentos, de modo a preservar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes.