Alexandre de Moraes decreta prisão preventiva de Carla Zambelli

O ministro do Supremo do Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira (04), determinou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli. O pedido feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) na data de ontem foi aceito por Moraes. Além de ser incluída na lista vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), Zambelli teve seus vencimentos parlamentares bloqueados e, também, a solicitação de bloqueio dos seus passaportes.

A deputada federal foi condenada em maio (2025), por unanimidade pela Primeira Turma do STF, a 10 anos de prisão com a perda do mandato parlamentar. A sentença refere-se ao caso relacionado à invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserção de documentos falsos. 

Carla Zambelli nega as acusações e entrou com pedido de recurso contra a sentença, a qual julga ser parcial. Uma vez que, segundo a deputada, não teve direito a ampla defesa e informa que a sentença se baseou na acusação do hacker Walter Delgatti, condenado no mesmo processo a 08 anos de prisão. 

Saída do Brasil 

Na data de ontem, terça-feira (03), Carla Zambelli informou que estava fora do país para a realização de tratamento médico. A deputada declarou estar nos EUA, em Miami. Ao término do tratamento, Zambelli seguiria para a Itália, onde possui cidadania. De acordo com investigações da Polícia Federal (PF), Zambelli deixou o Brasil através da fronteira com a Argentina, pela cidade de Puerto Iguazu, seguindo para a capital argentina, Buenos Aires. De lá, pegou um voo rumo a Miami.

Em entrevista exclusiva dada à CNN, Zambelli declarou que por ser cidadã italiana buscará refúgio no país e que na Itália ela é “intocável”. Ainda, segundo a deputada, a justiça brasileira poderá expedir mandado de prisão encaminhado às autoridades italianas, a qual poderá ou não acatar o pedido de prisão e extradição.


Entrevista exclusiva da deputada federal Carla Zambelli à CNN (Vídeo: reprodução/Youtube/@CNNbrasil)


Em suas falas, Zambelli reafirma ser inocente e vítima de perseguição por parte das autoridades brasileiras e adversários políticos. Reiterou, ainda, que pretende retornar ao Brasil para se defender. Contudo, atrelou sua volta ao país, quando, segundo a parlamentar, “o Brasil for uma democracia novamente”. 

Bloqueio das redes sociais 

Além das ações decretadas contra a Deputada Carla Zambelli, o ministro do STF Alexandre de Moraes solicitou, também, o bloqueio das redes sociais da mãe da deputada, Rita Zambelli, e do filho da parlamentar, João Zambelli. Em sua decisão, Mores enviou comunicado às principais Big Techs e redes sociais, como LinkedIn, Tik Tok, Meta, X, YouTube e Telegram determinando o bloqueio dessas contas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil reais. 


Publicação sobre o mandado de prisão expedido pelo STF, juntamente com a solicitação dos bloqueios das redes sociais utilizadas por Carla Zambelli (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

O jornalista Gustavo Uribe, informou com exclusividade nesta tarde de quarta-feira (04), que a Deputada Carla Zambelli condenou esses bloqueios, informando que a decisão é “monocrática” e “inconstitucional”. Ainda, segundo Zambelli, ela denunciará as ações de Alexandre de Moraes em todos os lugares e essa atitude, será só o começo.

Nas redes sociais a polarização política vivida no país fomenta reações a favor e contrárias à decisão do ministro. Muitos apoiadores da parlamentar utilizaram suas redes para demonstrar apoio à Zambelli, validando o discurso de perseguição política. Agora, fica a cargo da Interpol realizar a prisão da parlamentar que pode ser ou não acatada pelo país onde Zambelli estiver e extraditá-la ao Brasil.

STF: Carla Zambelli é condenada a 10 Anos de prisão e perda de mandato

A primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF), condenou na última quarta-feira (14), a deputada federal Carla Zambelli a dez anos de prisão e perda de mandato. A parlamentar é acusada pelo crime de invasão a dispositivos informáticos e falsidade ideológica. Zambelli, também, foi sentenciada a pagar multa milionária por danos coletivos. 

No mesmo processo, o hacker Walter Delgatti, também foi condenado há pouco mais de oito anos de prisão e pagamento de multa. Delgatti, que é réu confesso, terá que dividir o valor da multa estimada em R$ 2 milhões de reais com a deputada. 

A primeira turma do STF, formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino, aceitou a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República (PGR), contra os réus. 

De acordo com a PRG, Carla Zambelli foi autora intelectual da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserção de informações e documentos falsos, com o intuito de fomentar atos antidemocráticos. 

Defesa contesta

A sentença proferida pela Primeira Turma do STF, que cabe recurso, foi contestada pela defesa da parlamentar. Em nota, os advogados entenderam que a condenação foi injusta e que Zambelli está sofrendo perseguição política. 

Os advogados declararam que houve desprezo pelos argumentos que levariam à nulidade do processo e que a parlamentar foi condenada sem provas evidentes. Discurso respaldado por Carla Zambelli que publicou em suas redes sociais que não “há qualquer prova que sustente a condenação”. 

O julgamento teve início em 09 de maio (2025) de maneira virtual. Na ocasião, a deputada federal também utilizou suas redes sociais para declarar que o processo era “uma tentativa clara” para silenciá-la.


Publicação da deputada federal Carla Zambelli sobre o processo envolvendo a invasão ao sistema do CNJ (Foto: reprodução/Instagram/@carla.zambelli)


Após o resultado da sentença, apoiadores da parlamentar, simpatizantes e políticos saíram em defesa da deputada. Em publicações nas redes sociais, contestaram a decisão proferida pelos ministros.

Próximos passos

Após a publicação do documento oficial referente à sentença proferida pela Primeira Turma do STF contra Zambelli e Delgatti, a defesa dos réus poderá apresentar recurso solicitando esclarecimentos sobre a decisão. Esse trâmite inicial é necessário para que a defesa entenda os pontos julgados confusos e/ou contraditórios. 

Apesar de não ter o poder de anular a condenação, esse recurso pode modificar pontos importantes, como a data inicial para cumprimento da pena ou, até mesmo, a mudança relativa ao tempo da condenação. 

Até que todas as possibilidades de contestação por parte da defesa sejam esgotadas, Zambelli permanecerá em liberdade, exercendo seu mandato de deputada federal. Porém, caso seja condenada criminalmente, de acordo com o artigo 55 da Constituição Federal, Carla Zambelli terá seu mandato cassado. 

De acordo com a assessoria de comunicação da parlamentar, Zambelli fará um pronunciamento nesta tarde de quinta-feira (15), para comentar sobre o assunto.