Moraes designa audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo para caso IOF

O Ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou hoje (4/07) que a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos, ou Valores Mobiliários) continue suspensa, uma vez que as posições antagônicas entre os Poderes Executivo e Legislativo sobre o tema afrontam o artigo 2º da Constituição Federal, que estabelece a independência e exige harmonia entre os poderes num Estado Democrático de Direito. Moraes determinou, ainda, uma audiência de conciliação para o próximo dia 15/07, em que participarão as presidências da República, Senado Federal, Câmara dos Deputados, a Procuradoria-Geral da República, a Advocacia-Geral da União e as partes.

Embate indesejável

Moraes chamou o embate que envolve o Executivo e o Legislativo sobre o IOF de indesejável, alegando que as sucessivas e reiteradas declarações antagônicas estão afrontando o artigo 2º da Constituição Federal, que determina a separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e também exige a harmonia entre eles, como princípio básico e inafastável de uma Democracia, determinando, portanto, a suspensão dos efeitos de todos os decretos editados sobre o tema: os Decretos Presidenciais 12.466/2025, 12.467/2025 e 12.499/2025 e o Decreto Legislativo 176/2025.

A decisão do STF envolveu três ações que envolvem o IOF: duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade, sendo uma ajuizada pelo PL (Partido Liberal) e outra pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), além de uma Ação Declaratória de Constitucionalidade, ajuizada pelo Presidente da República.

A ação do PL contestou e pediu a suspensão dos Decretos-Presidenciais n.º 12.466/2025 e 12.467/2025, que elevaram as alíquotas do IOF, justificando que o Poder Executivo atentou contra os princípios da boa-fé objetiva e da proteção da confiança, além de atuação inconstitucional, quando majorou as alíquotas do imposto.


Fachada do Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Ton Molina/NurPhoto/Getty Images Embed)


Em contrapartida, tanto o PSOL, como o Presidente da República sustentam, cada qual, em suas ações, ofensa à separação dos poderes, imposta pela Constituição Federal, alegando que o Congresso Nacional ultrapassou os limites de seu poder regulamentar ao editar o Decreto Legislativo 176/2025, usurpando uma competência privativa do Poder Executivo autorizando o aumento do imposto.

Audiência de Conciliação

Antes da realização da audiência de conciliação determinada pelo Ministro Moraes, no próximo dia 15 de julho, na sala de audiências do STF, as partes devem prestar informações ao guardião da Constituição Federal no prazo de 05 dias. Além da participação dos partidos políticos PL e PSOL e da Presidência da República, autores das três ações perante o STF, a audiência terá a presença das presidências do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do representante da Procuradoria-Geral da República e da Advocacia-Geral da União.

Algum ajuste extraoficial pode ocorrer entre as partes nesse ínterim. Ao retornar do encontro da cúpula dos BRICs, que acontecerá no Rio de Janeiro nos dias 06/07 e 07/07, Lula poderá procurar as presidências da Câmara e Senado para uma conversa. Nesse sentido, Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal, se ofereceu para intermediar o conflito.

Bolsonaro admite envio de R$ 2 milhões ao filho e confirma reunião com conselheiro de Trump nos EUA

Durante depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira (5), o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu ter se reunido com Ricardo Pita, um conselheiro do Departamento de Estado dos Estados Unidos, ligado aos assuntos do Hemisfério Ocidental. Apesar de confirmar o encontro, Bolsonaro preferiu não revelar o conteúdo da conversa, dizendo apenas que foi um diálogo reservado.

A oitiva faz parte da investigação que apura possíveis tentativas de atrapalhar o andamento de processos judiciais no Brasil, especialmente com foco na atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, em território norte-americano. A suspeita é de que Eduardo possa ter buscado apoio externo contra decisões de autoridades brasileiras, o que pode configurar obstrução de Justiça ou coação.

Bolsonaro se desvincula das ações do filho

Ao ser questionado sobre o papel do filho, Bolsonaro tentou se afastar de qualquer responsabilidade pelas atitudes de Eduardo. Segundo ele, o deputado age de forma independente e não compartilha detalhes sobre com quem se reúne nos Estados Unidos. Bolsonaro também negou que o filho esteja tentando interferir nas investigações que envolvem a tentativa de golpe de Estado.

Veja o vídeo da entrevista:


Bolsonaro diz ter enviado R$ 2 milhões ao filho Eduardo via PIX e afirma que o valor tem origem legal (Vídeo: Reprodução/YouTube/@BrasilUrgente)


Durante o depoimento, o ex-presidente reforçou que nunca procurou representantes americanos para discutir possíveis punições a autoridades brasileiras, como membros do Supremo Tribunal Federal, da Polícia Federal ou da Procuradoria-Geral da República. Ele afirmou, ainda, acreditar que os Estados Unidos não tomariam nenhuma atitude com base em pressões de terceiros.

Ajuda financeira veio de doações

Outro ponto abordado pelos investigadores foi o envio de dinheiro para Eduardo Bolsonaro se manter nos EUA. Bolsonaro explicou que transferiu R$ 2 milhões via PIX, no dia 13 de maio. Esse valor teria vindo de uma arrecadação online organizada em 2023, que somou cerca de R$ 17 milhões, com doações de apoiadores.

Além disso, Bolsonaro relatou que conversou com o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, sobre os gastos que estava tendo com o filho. Após essa conversa, Machado teria iniciado uma nova campanha para levantar mais recursos, sem que Bolsonaro soubesse, arrecadando aproximadamente R$ 1 milhão.

Segundo o ex-presidente, ele mesmo cuida do dinheiro dessas arrecadações e afirmou que tanto ele quanto sua esposa, Michelle Bolsonaro, recebem salário do Partido Liberal (PL), o que complementaria a renda da família.

Bolsonaro disse, ainda, que gostaria que o filho retornasse ao Brasil, mas que Eduardo decidiu permanecer fora do país após parlamentares do PT pedirem que seu passaporte fosse apreendido. A demora na decisão causou insegurança e acabou influenciando a escolha de permanecer no exterior por mais tempo.

Após polêmicas em defesa do PL do aborto, Juliano Cazarré revela que adotou filho mais velho 

Na tarde desta segunda-feira (17), Juliano Cazarré utilizou suas redes sociais para informar aos seus seguidores que Vicente, o mais velho dos seis filhos, foi adotado. A revelação veio à tona após o ator ter sido duramente criticado ao se mostrar a favor do PL do aborto, projeto que propõe mudanças na Constituição Federal.

“Meu filho Vicente, é adotado. Eu adotei o Vicente porque, quando eu reencontrei a Letícia, quando a gente se reencontrou para ficarmos juntos, para namorar e se amar, porque a gente se conhecia como amigos, ela estava grávida”, explicou Cazarré.

Juliano continuou o relato e explicou aos seus seguidores que Vicente foi fruto de uma relação abusiva que a esposa dele vivia, e que o rapaz não queria ser pai. O ator então detalhou que logo que reencontrou Letícia, se apaixonou pela mulher e que se mostrou disposto a assumir o bebê. “Depois que o Vicente nasceu, entrei com todos os processos legais para adotar o Vicente. Hoje, com muito orgulho, ele tem o meu nome, o nome do meu pai e da minha mãe no lugar de avô e avó”, disse. 



Dia agitado 

Ainda na manhã desta segunda, a apresentadora Ana Maria Braga se mostrou indignada com o posicionamento do ator. Durante a edição do “Mais Você”, Ana citou os dizeres de Cazarré e jogou uma indireta ao vivo. “É fácil falar, né? Pra entregar o filho pra adoção, como eu escutei ontem. Queria saber se fosse filha de algum de vocês aí, se fosse alguém da sua família, a sua prima, a sua irmã. E se a sua mulher fosse estuprada? Como é que ia fazer?”, pontuou a apresentadora.

Ainda durante o programa, Ana Maria falou sobre o poder que os homens têm sobre as mulheres e sobre a dor que posicionamentos contrários podem causar.

Posicionamento polêmico 

No último final de semana, Juliano foi alvo de diversas críticas nas redes sociais após mostrar, em seus stories do Instagram, sua posição sobre o aborto legal, em meio à repercussão do projeto de lei (PL) que consiste em mudar as regras já concretizadas pela Constituição Federal, em casos em que o aborto é considerado legal, como quando a gestante corre risco de vida ou a gestação é fruto de casos de estupro.

José de Abreu, ex-colega de trabalho de Cazarré, também não poupou comentários ao rapaz, onde chegou a chama-lo de ”burro”. José e Juliano contracenaram juntos em 2012, na novela Avenida Brasil.

Comissão é criada pela OAB para formar parecer sobre a PL do aborto

O presidente nacional do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, publicou, nesta quinta-feira (13), uma portaria para criar uma comissão a fim de discutir o projeto de lei (PL) que visa punir mulheres que realizarem o aborto legal depois da 22° semana de gestação assim como em crimes de homicídio, inclusive em casos de gravidez gerada por estupro. O Conselho Pleno da Ordem irá apresentar um parecer na sessão da próxima segunda-feira (17) para deliberação. 

Membros da comissão

Liderada pela presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFOAB, Silvia Virginia Silva de Souza, a comissão que vai abordar o Projeto de Lei nº 1904/2024 será composta integralmente por mulheres.

Dentre as conselheiras da OAB que farão parte da comissão está a presidente da Comissão Especial de Direito da Saúde, Cristiane Damasceno; a presidente da Comissão Especial de Direito da Saúde, Ana Cláudia Bandeira; a presidente da Comissão Especial de Direito Processual Penal, Helcinkia dos Santos; a vice-presidente da Comissão Especial de Estudo do Direito Penal, Aurilene Uchôa; a ouvidora-adjunta Katianne Aragão; e a secretária-adjunta da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais, Grace Mendonça, que é ex-advogada-geral da União.

O que propõe o Projeto de Lei nº 1904/2024

O projeto que altera o Código Penal foi votado com urgência na quarta-feira (12), na Câmara dos Deputados. Em uma iniciativa de partes conservadoras do congresso, a proposta pretende aplicar pena de homicídio simples ao realizar o aborto em casos com mais de 22 semanas de gestação.


Presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. (Foto: reprodução/X/@ArthurLira_)

O texto da PL exibe que nos casos em que a gestante “provoque o aborto em si mesma ou consente que outra pessoa lhe provoque” a pena passa de 1 a 3 anos para 6 a 20 anos de prisão. Já na situação em que o aborto seja “provocado por terceiro com ou sem o seu consentimento”, a pena para “quem realizar o procedimento com o consentimento da gestante passa de 1 a 4 anos para 6 a 20 anos, mesma pena para quem realizar o aborto sem consentimentos, hoje fixada de 3 a 10 anos”.

Mesmo em casos de gestantes vítimas de estupro, o aborto após 22 semanas de gestação também será criminalizado. A discussão também segue em torno da preocupação de que gestantes possam ter penas maiores que seus próprios abusadores.

Protestos contra PL que equipara aborto a homicídio aconteceram nesta quinta-feira

Após a Câmera dos Deputados aprovar urgência para votação de projeto de lei que equipara aborto a homicídio nesta quarta-feira (12), mobilizações foram realizadas em várias cidades do país durante todo o dia de ontem, quinta-feira (13). 

Manifestações pela liberdade

Ocorrendo em diferentes regiões do país, várias manifestações contra a PL 1904 aconteceram nesta quinta-feira (13). O dia marcado por atos de protesto de civis não será o único realizado contra o progresso do projeto de lei. 

Os atos acontecidos são devidos à proposta apresentada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), onde o projeto equipara ao crime de homicídio os abortos feitos após a 22° semana de gestação. É previsto pelo documento a consideração de homicídio na realização do aborto acima disso em qualquer situação, inclusive em gravidez resultantes de estupro, salientando uma pena de seis a 20 anos de prisão para mulheres que fizerem o procedimento. Atualmente, é permitido pela legislação o aborto ou interrupção da gravidez em casos decorrente de estupro, naqueles que colocam a vida da pessoa gestante em risco ou em casos de bebês anencefálicos. No cenário que hoje rege a saúde e segurança das mulheres, não é previsto um tempo máximo da gestação para que o procedimento seja realizado. Porém, o aborto ainda é punido com penas que podem variar de um a três, quatro ou dez anos de prisão dependendo da situação. Quando provocado pela gestante, a variação caminha entre um a três anos; em caso de médicos ou pessoas que provoquem o aborto com consenso da gestante, varia de um a quatro anos; a provocação do aborto sem consenso da pessoa gestante pode chegar de três a dez anos.  

As mobilizações foram convocadas pela Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto.  

Esse projeto de lei é totalmente inconstitucional, uma vez que ele coloca em risco milhões de meninas que serão obrigadas a serem mães dos filhos de seus estupradores e mulheres que serão obrigadas a levar uma gestação sendo vítima de violência sexual”, declara Rebeca Mendes, advogada e diretora-executiva do Projeto Vivas – entidade que atua junto a mulheres que necessitam de acesso ao aborto legal, em entrevista à Agência Brasil. 

Muitos pontos ao redor do Brasil foram palco para as vozes de dezenas de pessoas, especialmente mulheres.


Datas divulgadas para protestos através de uma das inúmeras bases de fãs porta-vozes das manifestações contra a PL de forma online (Foto: reprodução/Instagram/@army_htp)

No Rio de Janeiro, a Cinelândia, no Centro da cidade, foi o ponto principal para o encontro manifestante. Os cartazes e faixas explicitavam frases como “Pela luta de todas as mulheres” ou “Não à PL do estupro”, concentrados em especial em frente ao Teatro Municipal. Em São Paulo, o Masp foi tomado por gritos de protesto como “Criança não é mãe, quem estupra não é pai”. Brasília teve seu centro no Museu da República e Florianópolis no Terminal de Ticen. Em Recife, houve confirmação de manifestações no Sítio da Trindade. Em outros lugares, como Manaus, os protestos foram realizados no Largo São Sebastião, em Niterói, no Terminal das Barcas e, em Pelotas, no IFSUL.   


Manifestantes contra a PL do aborto no Masp, São Paulo (Foto: reprodução/Instagram/@planetaella)

Ainda está previsto mais três manifestações até sábado no Rio Grande do Sul, na Paraíba e no Espírito Santo.

No que fere a PL

O intuito do projeto de lei, além de controlar descaradamente o corpo alheio, em especial, o de mulheres, prevê brecha essencial para que crimes de abuso e contra integridade infantil sejam facilmente ignorados ao pôr acima da dignidade física e mental de pessoas em situação de vulnerabilidade uma situação de xeque, onde, o direito da preservação de seu corpo é quebrado perante ao limite imposto e é entregue àqueles agora responsáveis pelo destino de sua vida, a prisão ou hospital.  

A aprovação da proposta afeta principalmente crianças, vítimas dos mais comuns casos de abuso sexual e gestações de identificação demoradas, onde se tem uma busca tardia pelo direito do aborto legal. Segundo o Fórum de Segurança Pública, mais de 70 mil pessoas foram estupradas no Brasil em 2022  e cerca de 61% desse total eram crianças de até 13 anos de idade.  

Entenda o que é o Aborto Legal

Nesta quarta-feira (12), a câmara dos deputados votou na urgência de um projeto de lei que altera o Código Penal e equipara aborto ao homicídio. O texto pede que caso o aborto seja realizado em fetos com mais de 22 semanas, em algumas situações, seja considerada a pena do que seria para um homicídio simples atualmente.

Na proposta, configura-se “homicídio” caso a gestante provoque o aborto em si mesma, deixe que outra pessoa faça por ela ou que tenha o aborto provocado por terceiros, com ou sem seu consentimento. As penas podem chegar até 20 anos de prisão.

Penas atuais e as sugeridas no projeto sugerido na câmara

  • Em caso de aborto provocado em si: a pena atual de 1 a 3 anos de prisão, passaria para 6 a 20 anos;
  • Para quem provocar aborto com o consentimento da genitora: de 1 a 4 anos para 6 a 20 anos;
  • Sem o consentimento da gestante: de 3 a 10 anos para a mesma pena de 6 a 20 anos.

Aborto legal

Na atual legislação, o aborto é considerado legal em casos de estupro, se o feto for anencéfalo (que tem cérebro subdesenvolvido e crânio incompleto) ou se a gravidez oferecer risco de vida para a gestante.

O aborto legal pode ser realizado nessas situações independente do tempo de gestação. Já com a mudança arquitetada no texto em discussão, se for aprovado, mesmo nesses casos, a ação será considerada crime se realizada depois da 22º semana de gravidez.

Métodos legais de aborto

Se ultrapassar 22 semanas, a Organização Mundial da saúde (OMS), sugere que o aborto seja feito através da assistolia fetal, onde são injetados produtos que provocam a parada do coração do feto antes da retirada.


Protestantes exibem nomes de deputados a favor do texto da PL (Foto: reprodução/MAURO PIMENTEL/AFP via Getty Images Embed)


O método muda se estiver no começo da gestação, o procedimento adotado pode ser escolhido entre o aborto farmacológico, onde são ingeridos medicamentos que o provoca. A aspiração manual intrauterina ou dilatação seguida de curetagem. O método pode ser escolhido pela mulher, desde que orientada por um profissional da saúde.