Câmara amplia prazo e julgamento de deputados que ocuparam plenário pode durar 50 dias úteis

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu ampliar significativamente o prazo para a análise do processo envolvendo 14 parlamentares acusados de invadir o plenário na última semana, interrompendo as atividades legislativas. Inicialmente, a Corregedoria teria dois dias para avaliar as denúncias, mas agora o trâmite se estenderá por até 50 dias úteis. A medida altera o rito original, postergando a conclusão do caso.

Perfil dos investigados

Entre os investigados estão deputados filiados ao PL, ao Novo e ao Progressistas. Segundo o regimento, as sanções aplicáveis variam entre advertência formal, suspensão temporária do mandato ou, em situações mais graves, a cassação do cargo. O episódio provocou forte repercussão interna, com lideranças da Casa defendendo uma apuração rigorosa e imparcial.

O processo será conduzido pela Corregedoria da Câmara, responsável por coletar depoimentos, reunir provas e elaborar um parecer técnico sobre o caso. Esse documento será encaminhado posteriormente ao Conselho de Ética, que avaliará a adoção das medidas cabíveis. Com a ampliação do prazo, o andamento da apuração se dará em um ritmo mais prolongado, abrindo espaço para debates políticos e jurídicos.


Câmara discutirá punição a Deputados envolvidos na invasão do plenário (Vídeo: reprodução/Youtube/@cnnbrasil)


Composição da Mesa Diretora

A Mesa Diretora, que reúne sete membros, é responsável por decisões administrativas e regimentais da Casa. O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos), integra o colegiado e participou da deliberação que modificou o prazo. Parlamentares favoráveis à medida alegam que a extensão é necessária para garantir um processo minucioso e assegurar o direito de defesa dos envolvidos.

A decisão, no entanto, não passou sem críticas. Alguns parlamentares argumentam que o prolongamento do prazo pode favorecer a protelação e reduzir a efetividade das punições. Outros defendem que a medida é coerente diante da gravidade das acusações. “O processo precisa ser conduzido com serenidade e responsabilidade”, afirmou um integrante da Mesa.

Após a conclusão do parecer da Corregedoria e a análise do Conselho de Ética, a punição será definida pelo plenário da Câmara, exigindo votação aberta e maioria simples para advertência ou suspensão, e maioria absoluta para cassação. Até lá, a expectativa é de que o caso continue movimentando os bastidores políticos e gerando debates sobre conduta parlamentar e respeito às regras da Casa.

Advogados de Bolsonaro pedem anulação da delação de Mauro Cid

A defesa de Jair Bolsonaro, acusado pela PGR (Procuradoria Geral da República) de participação em trama golpista após as eleições de 2022, requisitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, fosse anulada. Os depoimentos do militar são a principal fonte de acusação de Bolsonaro pois, segundo Cid, o ex-presidente tinha ciência e participação nas conspirações contra o estado democrático de direito.

Assim, os advogados argumentaram que eles não puderam ter acesso aos elementos de prova e que houve um excesso de documentos disponibilizados de maneira desordenada.

A defesa também afirma que Bolsonaro é inocente e que não compactuou com o planejamento do golpe de estado ou qualquer tentativa de ruptura democrática. 


Ex-ajudante de ordens, agora delator de Bolsonaro, Mauro Cid (Reprodução/Mateus Bonomi/ Getty Images Embed)


Defesa aponta “ausência de voluntariedade” de Mauro Cid

Segundo os advogados de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid foi pressionado em sua delação e, assim, teria também dito inverdades nos fatos narrados.

Verificou-se, então, tratar-se de colaboração premiada viciada pela absoluta falta de voluntariedade e de uma colaboração marcada pelas mentiras, omissões e contradições
Celso Villardi

Para mais, o pedido aponta que uma tática chamada “document dump” foi aplicada para dificultar a defesa do ex-presidente. Esta técnica é definida como “um grande volume de documentos desorganizados e sem contexto ou destaque para as informações importantes, que dificultam a análise dos elementos”.

Pedido de transferência do julgamento

No momento, a Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux, foi determinada como responsável pelo julgamento de Bolsonaro pelos crimes pelos quais ele foi indiciado.

No entanto, Celso Villardi, advogado do ex-presidente, pede que Bolsonaro seja julgado pelo plenário do Supremo, e não pela Primeira Turma. O advogado alega que, pelo fato de os crimes imputados a Bolsonaro terem sido supostamente cometidos enquanto ele ainda era presidente, o julgamento caberia ao plenário.

Villardi argumenta que, de acordo com a Constituição, o plenário é responsável por julgar infrações comuns cometidas pelo presidente da república. 

Deputados estendem recesso em mais uma semana

Com o foco voltado para as eleições municipais, os 513 parlamentares deixaram o Plenário, os corredores e as comissões completamente vazios em Brasília. No próximo domingo (11), completará um mês que a Câmara dos Deputados não realiza sessões plenárias, não votando nenhuma pauta.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, vem recebendo inúmeros pedidos dos líderes partidários por mais tempo de recesso para viabilizar situações partidárias nos municípios. E, ao que tudo indica, o esvaziamento da Câmara deve aumentar até as eleições. Cerca de 96 congressistas irão concorrer nas eleições municipais.

Um mês sem votação

As últimas matérias votadas foram no dia 11 de julho. Na ocasião, foi votada a PEC da Anistia, o quarto autoperdão concedido pelos partidos políticos por dívidas adquiridas por eles mesmos.

O segundo projeto de lei complementar da reforma tributária é o foco do que se espera ser discutido e votado entre terça-feira e quinta-feira da próxima semana. A expectativa é de que haja um esforço concentrado para compensar o tempo perdido.

O presidente da casa articula para tornar a pena de facções criminosas mais duras e controlar as fronteiras, através da apresentação de uma PEC. Lira tem o objetivo de priorizar pautas de turismo e segurança pública nesse semestre.


Arthur Lira, presidente do Congresso Nacional (Foto: reprodução/Instagram/@oficialarthurlira)

Semana do plenário é menor

No período entre fevereiro e abril, a Câmara não trabalhou às quintas-feiras. Em comparação com os últimos cinco anos em que houve eleições municipais, foi realizado o menor número de sessões deliberativas nesse período.

O Senado, previsto para retornar nesta terça-feira, deverá votar um novo prazo para o parcelamento de débitos municipais com a Previdência Social. A PEC que estabelece critérios para o fornecimento do título de capital nacional também está na pauta de votação. A Câmara dos Deputados já votou favoravelmente e a Comissão de Cultura forneceu relatórios positivos.

STF adia julgamento sobre a descriminalização do porte de maconha

Nesta quarta-feira (06), o Supremo Tribunal Federal interrompeu o julgamento sobre a descriminalização do porte da maconha por pedido do ministro Dias Toffoli, que exigiu maior tempo para análise. O placar da descriminalização atualmente está com cinco a favor, três contra, e três votos ainda não decididos.

São a favor da descriminalização os ministros Gilmar Mendes (relator), Edson Fachin, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, e Alexandre de Moraes. São contra a descriminalização os ministros Cristiano Zanin, André Mendonça e Nunes Marques. Ainda restam os votos de Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Tratando-se apenas do porte da droga, várias outras considerações não estão sendo discutidas. Por exemplo, o tráfico continuará sendo crime e punido por prisão independentemente do resultado do atual julgamento, e também está fora de questão a legalização completa da cannabis, que a transformaria em uma substância como o álcool ou o tabaco.

Não se trata de legalização. O consumo de drogas ilícitas continuará a ser ilegal, drogas não estão sendo nem serão liberadas no país por definição do Supremo Tribunal Federal,” esclareceu o ministro Barroso, destacando que se trata na verdade de uma discussão sobre descriminalização. “Legalizar cabe ao Poder Legislativo.


Plenário do Supremo Tribunal Federal(Foto: reprodução/Antonio Augusto/STF)

Consequências penais

A diferença entre legalização e descriminalização pode ser vislumbrada neste caso. Atualmente, o porte de maconha já é despenalizado desde 2006, significando que não leva à prisão, mas sim a outras punições, como a contabilização de horas em palestras e cursos educativos sobre o tema.

Caso ocorra a descriminalização, um passo além da despenalização, o porte não mais vai deixar um registro na Justiça ou sujar a ficha criminal, mas ainda vão permanecer punições alternativas como a imposição de medidas educativas corretivas. Para vários registros, o porte individual então deixaria de ser um crime, embora ainda não sendo legalizado.

Isso faz a maconha, fumar a maconha, o primeiro passo para o precipício,” argumentou o ministro André Mendonça, que votou contra a descriminalização, tratando sobre como poderia abrir uma porta de entrada para o consumo de outras drogas, ainda piores.

Porte vs. tráfico

Outra importante decisão do julgamento deve ser estabelecer uma linha clara entre o porte e tráfico da droga, baseada no número de gramas encontradas com o indivíduo. Seria uma medida mais objetiva e rígida, em comparação com o cenário atual em que a divisão entre os dois crimes, um com prisão e outro não, depende do critério subjetivo do policial responsável por enquadrar cada caso.

Se um garoto branco, rico e da Zona Sul do Rio é pego com 25g de maconha, ele é classificado como usuário e é liberado,” afirmou o ministro Barroso. “No entanto, se a mesma quantidade é encontrada com um garoto preto, pobre e da periferia, ele é classificado como traficante e é preso. Isso que temos que combater e o que será julgado no Supremo.

Em contrapartida, André Mendonça argumentou por um número menor, advertindo que com dez gramas de maconha seria possível fabricar um total de 34 cigarros, número que chegou a ser confirmado pelo portal Metrópoles, mas com o tabaco, que constitui um material de diferente densidade. É esperado que os ministros em favor da descriminalização argumentem por um maior número de gramas, enquanto que os ministros contra argumentem por um número menor na discussão. Ainda não existe data para a continuação do julgamento.